Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 1 - nº. 3 - Agosto de 2003 - Edição Vestibular


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Ciências Biológicas

Um dos centros de pesquisa mais bem conceituados do País, o Instituto de Ciências Biológicas oferece ao futuro biólogo vasto campo de atuação

Foca Lisboa
Carlos Rosa (de pé): Minas é pólo forte em Biotecnologia e indústrias procuram por profissionais da área

Em um dos laboratórios da Polícia Federal, em Brasília, o mineiro Rodrigo Melo Mendes, de 24 anos, dá duro como perito criminal. Quando estava para se formar em Ciências Biológicas na UFMG, há dois anos, ele soube do concurso, que, há muitos anos, não incluía em sua lista os biólogos e era muitíssimo mais disputado do que qualquer vestibular. Rodrigo enfrentou 500 candidatos por vaga e um processo de contratação que durou quase um ano, incluindo um curso de formação na Academia Nacional de Polícia.

“Além do excelente salário inicial e de ser um emprego estável, coisa rara no Brasil, o que me atraiu foi a possibilidade de atuar na minha área, com o que eu gosto”, avalia Rodrigo, que aguarda o final das obras do prédio onde se instalará o Laboratório de DNA da Polícia Federal, em que serão realizados, entre outros, testes de identificação de paternidade. Atualmente, Rodrigo trabalha no Laboratório de Química, realizando exames para definir substâncias entorpecentes e controladas e verificando a autenticidade de medicamentos, inseticidas e herbicidas.

Segundo Rodrigo, uma das vantagens de se estudar no ICB, um dos centros de pesquisas mais bem conceituados do País, onde projetos – como o Genoma Humano ou o desenvolvimento da vacina contra leishmaniose – fazem parte da rotina de professores e alunos, é o fato de o curso ter muitas aulas práticas e tarefas escolares no estilo de projetos de pesquisa, estimulando o aluno, desde o início, a raciocinar como pesquisador.

O curso de Ciências Biológicas é oferecido em dois turnos, porém com uma diferença básica: no diurno, o aluno, no quinto período, pode escolher entre a Licenciatura – formação de professor do Ensino Fundamental e Médio – e Bacharelado – voltado para funções em empresas, órgãos públicos, centros de pesquisas e Instituições de Ensino Superior. No noturno, a única modalidade é a Licenciatura. “O currículo está sendo reformulado”, adianta o Coordenador do Colegiado de Graduação, professor Carlos Rosa, lembrando que muitas das adequações atendem às demandas surgidas a partir do mercado de trabalho.

Foca Lisboa
Aulas práticas em laboratórios têm peso enorme no curso

Uma das principais mudanças deverá ser quanto ao número de “ênfases”, ou seja, quanto às especializações possíveis no Bacharelado, atualmente nove: Botânica, Bioquímica/Imunologia, Ecologia, Genética, Fisiologia, Microbiologia, Morfologia, Parasitologia e Zoologia. Não haverá uma diminuição dos temas de estudo, mas as ênfases deverão ser agrupadas, coincidindo com um critério utilizado pelo Conselho Regional de Biologia – Biotecnologia, Saúde, Meio Ambiente ou Biodiversidade. Essa nova divisão, acredita Rosa, simplificará a estrutura atual, que, muitas vezes, dificulta a escolha dos alunos. “É muita coisa mesmo. Eu, pelo menos, não consegui ter um contato profundo com tudo”, diz Marjorie Marine e Souza, aluna do oitavo período.

Desde o primeiro ano no ICB, Marjorie ligou-se aos laboratórios, pois percebeu, muito cedo, que seu interesse maior era pela pesquisa. O que ela descobriu depois foi que poderia atrelar sua função de pesquisadora à indústria. Bolsista do Laboratório de Micologia, Marjorie trabalha num projeto de melhoramento da cachaça mineira, o que lhe permite um contato direto com os fabricantes. “É uma pesquisa aplicada e isso entusiasma”, diz, vislumbrando também atuações próprias em indústrias de alimentos ou de medicamentos.

Marjorie lembra que, quando prestou Vestibular, as pesquisas envolvendo a clonagem da ovelha Dolly estavam no auge e o tema acabou refletindo na disputa. “A gente sempre brinca que as Ciências Biológicas sofreram o efeito Genoma e o efeito Dolly. Aumentou muito o número de candidatos por causa da genética, mas, depois que começam o curso, os alunos acabam sabendo que essa é apenas uma das muitas áreas que podemos seguir”, reforça. Ela pretende fazer Mestrado e Doutorado no próprio ICB. “As oportunidades são inúmeras e o nível das pesquisas é muito alto”, avalia.

Pelo fato de o ICB possuir muitos laboratórios – em torno de cem – e de as aulas práticas no curso terem um peso enorme, a grande maioria dos alunos se envolve com pesquisas, até mesmo como voluntários, pois as bolsas não são suficientes para todos. Essa ligação precoce normalmente estimula a presença desses alunos também na Pós-Graduação. Para o Vice-Presidente do Conselho Regional de Biologia, Sávio Martins Oliveira, a especialização é uma exigência do mercado de trabalho e, por isso, o biólogo tem mesmo que se preocupar com a continuidade dos estudos.

Arquivo pessoal
Rodrigo Mendes: no ICB, aluno raciocina como pesquisador

O próprio Sávio é um exemplo dessa necessidade. Mesmo não estando ligado a um centro de pesquisa, ele voltou à UFMG, depois de sete anos de formado, em busca do Mestrado e, agora, planeja fazer o Doutorado. Consultor especializado em ecologia de ambientes de água doce, ele orienta, por exemplo, projetos de construção de barragens de usinas hidrelétricas. A afinidade com a área foi reconhecida quando estava no primeiro período do curso, fazendo um estágio no Laboratório de Biologia Geral e Botânica. Naquela época, ele trabalhou num projeto que definia a qualidade ambiental da Lagoa da Pampulha. “Me interessei por isso e nunca mais larguei”, lembra.

Até pouco tempo, afirma Carlos Rosa, o mercado de trabalho privilegiado para os biólogos eram os centros de pesquisa, como os mineiros Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec) e a Fundação Ezequiel Dias (Funed) ou a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). “Esses espaços continuam atraindo grande parte dos biólogos, mas as empresas e instituições privadas também abriram as portas, especialmente as indústrias de ponta”, assinala, destacando a formação em Minas Gerais, nos últimos anos, de um pólo forte de Biotecnologia. “Isso comprova o interesse das indústrias por esses profissionais”, atesta. O tempo mínimo de integralização do curso de Ciências Biológicas é de oito semestres e o máximo, de 14 semestres.