Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 1 - nº. 3 - Agosto de 2003 - Edição Vestibular


Editorial

Entrevista
UFMG, espaço de formação crítica e cidadã

Assistência ao Estudante
Conforto de lar

Bibliotecas
Multiplicador do conhecimento

Iniciação Científica
As primeiras interrogações ninguém esquece

Diplomação
Campus aberto

Espaços da UFMG
Sua nova cidade

Ciências Agrárias
Agronomia
Medicina Veterinária

Ciências Biológicas
Ciências Biológicas

Ciências da Saúde
Educação Física
Enfermagem
Farmácia
Fisioterapia
Fonoaudiologia
Medicina
Odontologia
Terapia Ocupacional

Ciências Exatas e da Terra
Ciência da Computação
Ciências Atuariais
Estatística
Física
Geologia
Matemática
Matemática Computacional
Química

Engenharias
Engenharia Civil
Eng. Controle e Automação
Engenharia de Minas
Engenharia de Produção
Engenharia Elétrica
Engenharia Mecânica
Engenharia Metalúrgica
Engenharia Química

Ciências Humanas
Ciências Sociais
Filosofia
História
Pedagogia
Psicologia

Ciências Sociais Aplicadas
Administração
Arquitetura e Urbanismo
Biblioteconomia
Ciências Contábeis
Ciências Econômicas
Comunicação Social
Direito
Geografia
Turismo

Lingüística, Letras e Artes
Artes Cênicas
Belas-Artes
Letras
Música

UFMG Diversa
Expediente

Outras edições

O minério como matéria-prima

Engenharia Metalúrgica

Retirar do minério metais e ligas e acompanhar suas aplicações são as principais atividades do engenheiro metalúrgico

Arquivo CSN - Companhia Siderúrgica Nacional Mineração Casa de Pedra, Congonhas, MG

Todos os anos, durante uma semana do mês de outubro, os alunos do curso de Engenharia Metalúrgica suspendem por completo as aulas. Não é nenhuma folga extra no calendário escolar. Ao contrário. É tempo de muita discussão acadêmica, quando se realiza um dos mais importantes eventos da Escola de Engenharia: o Simpósio Minerometalúrgico, uma tradição que nasceu e sobrevive, há anos, com o esforço dos próprios estudantes. “Essa é uma das atividades que mais envolvem os alunos no curso; é quando todos têm oportunidade de discutir com profissionais muito experientes questões do setor e a nossa futura profissão”, diz Alberto Simões Kis, de 25 anos, aluno do sétimo período.

O Simpósio é realizado em conjunto com os alunos da Engenharia de Minas e é uma das tarefas do Grêmio Minerometalúrgico Louis Engsch, entidade que existe há mais de 50 anos. A semana se torna um período em que a atualização do conhecimento se junta à iniciativa de manutenção do elo entre futuros profissionais e aqueles que já estão no mercado há tempos, pois é quando ex-alunos que completam 25 e 50 anos de formados são homenageados. “Estamos sempre fazendo alguma coisa para enriquecer o curso”, diz Alberto Simões, presidente do Centro de Estudos de Metalurgia e um apaixonado pela Engenharia Metalúrgica da UFMG. “Me sinto um privilegiado por estar aqui”, assegura.

O entusiasmo de Kis encontra respaldo na estrutura do curso, tido como o melhor do País, apesar de não participar do Provão, um dos mecanismos utilizados pelo Ministério da Educação para avaliar o Ensino Superior. “O conjunto dos professores é muito bom e a infra-estrutura é excelente. Temos vários laboratórios e não há nenhuma limitação para trabalhar neles. A Escola não deixa faltar qualquer material”, afirma o estudante. Os 23 professores da Engenharia Metalúrgica possuem Doutorado e esse é um dos cursos que mais têm laboratórios: são 12. Os equipamentos são bastante atualizados e a renovação ocorre principalmente como resultado dos projetos de pesquisas dos professores, em que é marcante a presença de alunos da Graduação. “Pelo menos metade dos nossos alunos fazem, em algum momento do curso, Iniciação Científica”, assegura o professor Paulo Modenesi.

A Iniciação Científica é um dos programas da Universidade para aproximar o aluno do processo de pesquisa acadêmica. Os alunos são orientados em pesquisas próprias ou em projetos desenvolvidos pelos professores. Modenesi ressalta que uma das maiores vantagens da Engenharia Metalúrgica é o fato de ser um curso que oferece completa condição de preparação do aluno nas salas de aula e nos laboratórios, mas também entende que, como forma profissionais para a indústria, é preciso ter fortes parcerias com o setor produtivo. A interação com as indústrias mantém-se tanto pelo incentivo – e obrigatoriedade curricular – à participação em estágios quanto pelos projetos de pesquisa e de extensão na Graduação e nos programas de Mestrado e Doutorado.

Eber Faioli
Alberto Simões: é um privilégio estar na Engenharia Metalúrgica da UFMG

“A presença dos estudantes nos laboratórios é básica, mas a prática do profissional da Metalurgia acontece mesmo é na indústria; por isso, temos que trabalhar muito junto às empresas”, esclarece o Professor. A necessidade é lógica. Os engenheiros metalúrgicos estão diretamente ligados aos processos químicos e físicos para a extração dos metais e ligas a partir do minério e à transformação desses materiais em matéria-prima utilizada em diferentes tipos de indústria – como a automobilística, a de eletrodomésticos, a aeronáutica, a eletroeletrônica, a aeroespacial, a naval e outras. Como essas indústrias combinam em seus processos diferentes tipos de materiais, cabe ao profissional, também, conhecê-los. “É uma profissão que tem interfaces com várias outras engenharias”, explica Modenesi, o que só faz aumentar o campo de atuação do profissional. “Nós trabalhamos desde a feitura do aço até à fabricação do automóvel, ou no gerenciamento das condições ambientais da fábrica”, exemplifica.

O futuro engenheiro metalúrgico tem de estar preparado para absorção constante de novas tecnologias. Para ser competitivo em relação ao resto do mundo, o setor, no Brasil, sofreu grandes transformações, principalmente na última década, quando mineradoras e siderúrgicas foram privatizadas e reagrupadas em negociações influenciadas pelo capital internacional. Toda a movimentação se refletiu, obviamente, no mercado de trabalho. Segundo Modenesi, apesar de as oportunidades estarem intimamente ligadas ao desempenho da economia, o engenheiro metalúrgico não tem tido, nos últimos anos, problemas de colocação, sobretudo em Minas Gerais.

“Existe até um déficit de profissionais no mercado”, diz ele, afirmando que os alunos normalmente não têm problema para estagiar. “As empresas estão sempre convidando e alguns estudantes costumam obter emprego mesmo antes de formados”, afirma. O presidente do Centro de Estudos de Metalurgia confirma. “As vagas para estágios estão sempre abertas. Temos vários pedidos das empresas e, vira e mexe, falta aluno para ocupar os lugares”, fala Alberto Simões. Ele próprio é estagiário na White Martins, produtora de gases. Kis trabalha na área comercial e nela pretende ficar depois de formado. “Eu ajudo os clientes a melhorar a eficiência das empresas, sugiro mudanças de equipamentos, de insumos, faço análise de mercado, de negócios”, conta.

Eber Faioli
Paulo Modenesi: curso mantém fortes parcerias com o setor produtivo

A experiência mostrou a Alberto Simões que o estudante de Engenharia Metalúrgica tem que se preocupar, desde muito cedo, não só com os conhecimentos técnicos da Metalurgia mas também com o uso da computação e da língua estrangeira. “Nossa área é muito dinâmica. É preciso estar sempre atento e o domínio de outras habilidades é imprescindível. Não basta conhecer apenas de Metalurgia”, assinala. O curso de Engenharia Metalúrgica tem tempo mínimo de integralização de dez semestres e máximo de 16. Como uma das vertentes mais exploradas no currículo é o ramo de materiais, o curso deverá se transformar em Engenharia Metalúrgica e de Materiais, seguindo uma tendência verificada nas últimas décadas e que fez crescer muito a chamada Engenharia de Materiais, que se dedica ao estudo, além de metais, de cerâmicas, polímeros, optoeletrônicos e materiais conjugados.