Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 1 - nº. 3 - Agosto de 2003 - Edição Vestibular


Editorial

Entrevista
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Redescobrir o mundo

Terapia Ocupacional

Profissional atua com pessoas que têm dificuldades de inclusão social

Eber Faioli
Desenvolvimento infantil é o foco da estudante Cristiane

Inclusão social é uma expressão que, de tão utilizada em situações diferentes, se tornou parte de certo modismo nos últimos anos. Mas isso não vale para os terapeutas ocupacionais. Para eles, a inclusão social é o fio condutor de uma prática que valoriza o cotidiano das pessoas, em especial daquelas que, por um motivo ou por outro, por uma condição ou por outra, têm comprometidos os papéis e funções desempenhados em seu cotidiano.

Quando descobriu que poderia ajudar na construção e na readaptação desses elos junto a crianças, jovens ou idosos, utilizando conhecimentos que lhe permitissem lidar com o biológico, o emocional, o funcional e o social, Cristiane Luísa Renger, de 26 anos, não mais vacilou. Decidiu fazer seu terceiro Vestibular, disputando uma vaga na Terapia Ocupacional, depois de investidas em Medicina e Psicologia. No sétimo período do curso, ela só não se arrepende das tentativas frustradas, porque conquistou absoluta confiança no que quer.

“A gente leva alguma vantagem quando faz escolhas com mais maturidade. Talvez, se não tivesse tido as experiências anteriores, não fosse tão dedicada ao curso como sou agora”, avalia, contando que pretende especializar-se no atendimento ao desenvolvimento infantil. O que ela mais gosta é da ação do terapeuta ocupacional junto a crianças internadas em hospitais e que precisam receber estímulos, brincando, para ter momentos agradáveis, capazes de amenizar seu sofrimento. Além disso, Cristiane planeja atender, em escolas, crianças que demonstrem hiperatividade ou dificuldades de aprendizado.

O terapeuta ocupacional, lembra a professora Adriana Drummond, é um profissional da área da Saúde que atua nos três níveis de atenção à saúde – prevenção, tratamento e reabilitação. O objetivo do profissional está voltado especialmente para a inclusão das pessoas no cotidiano, contribuindo para que se alcancem maior independência e satisfação na esfera do trabalho, das atividades de vida diária, do brincar e do lazer. O curso, que passa, atualmente, por reforma curricular, forma profissionais para atuar nas áreas de Saúde Mental/Psiquiatria, Desenvolvimento Infantil, Saúde Física e Geriatria/Gerontologia.

Eber Faioli
Música dá o tom ao trabalho desenvolvido por Adnaldo

O terapeuta ocupacional está capacitado para lidar com o indivíduo na sua condição básica de sobrevivência no contexto familiar, social e do trabalho. É esse esforço que motiva Maria Dolores dos Santos, formada há cinco anos. Durante muito tempo, ela trabalhou no Hospital Galba Veloso, atuando no tratamento aos portadores de sofrimento mental. “O terapeuta ocupacional tenta criar alternativas para que essas pessoas vençam dificuldades e estabeleçam novas relações em seu cotidiano”, diz ela. Assim, ele contribui para que o paciente possa participar mais ativamente do mundo.

No Galba Veloso, Maria Dolores coordenou a oficina de costura, um pretexto criativo para que os pacientes prestassem atenção ao próprio corpo, vivessem situações de trabalho e pudessem interagir no espaço onde estavam. “Na oficina, eles sabiam que precisavam se cuidar, tomar banho, se arrumar. O cuidado pessoal é sempre um primeiro passo”, explica. Durante a oficina, os pacientes criavam roupas e acessórios para uso próprio, transformando peças doadas. Numa terceira etapa, as pessoas se enfeitavam com as produções e saíam pelo hospital para conhecer as dependências da Instituição. Em outras situações, a terapeuta ocupacional estimulava o contato desses pacientes com o mundo exterior à Instituição. Dessa forma, cria-se um grande movimento para que pessoas, como os pacientes do Galba Veloso, sejam incluídas socialmente.

Maria Dolores atende a clientes particulares e lembra etapas de um tratamento no qual ajudou um jovem de 30 anos a voltar a inserir-se no mundo do trabalho. Em conjunto com uma psicóloga, ela descobriu, com o próprio paciente, a habilidade deste para a construção de maquetes, ofício que ele adotou depois de um longo processo, que incluiu idas às lojas de brinquedos, conversas com os vendedores, compra de materiais, organização do trabalho em casa. Até que esse paciente se sentisse seguro para se decidir a morar em outra cidade e a investir profissionalmente na atividade, foi um longo percurso, no qual a terapeuta ocupacional foi fundamental.

Formado em 2001, Adnaldo Paulo Cardoso ajuda idosos a ter uma melhor qualidade de vida. Seus pacientes são pessoas com comprometimento de memória e de outros aspectos cognitivos, como atenção e orientação. O que Adnaldo faz é recuperar ou manter pulsando atividades e funções que os façam mais participativos e autônomos, ainda que com problemas graves. Ele lança mão de mecanismos aparentemente simples – como jogos com palavras e produções literárias e artesanais que remetam ao histórico dos indivíduos.

Foca Lisboa
Inclusão social das pessoas é o fio condutor da ação do terapeuta ocupacional, afirma Adriana

Músico desde pequeno, Adnaldo associa o ritmo ao seu trabalho e desenvolve programas que mobilizam a emoção, a atenção auditiva, a coordenação motora, a orientação, a memória, enfim, aspectos físicos e cognitivos. Ele ressalta que a atuação é multidisciplinar, exigindo grande troca com diversos profissionais da área da Saúde e Educação.

O curso da UFMG tem como eixo norteador o estudo da ocupação humana, com enfoque nas áreas de autocuidado, trabalho e lazer, buscando compreender o processo de função e disfunção ocupacionais, para promover a saúde e a inclusão social do indíviduo. O tempo mínimo de integralização do curso é de dez semestres e o máximo, de 17 semestres.