CLELIO CAMPOLINA DINIZ
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Clélio Campolina

As universidades são as instituições âncoras no processo de desenvolvimento econômico, social e humano. Elas são os espaços da produção e transmissão do conhecimento, da convivência, da liberdade, do debate e da crítica. Cada época histórica apresenta seus desafios, desejos e utopias. Vivemos, contemporaneamente, uma crise de paradigmas de organização social e política. Embora a ideologia de uma sociedade mais igualitária esteja viva, o socialismo formal fracassou como projeto e prática. Por sua vez, o capitalismo, agora mais universalizado e globalizado, em sua competição permanente, amplia as desigualdades, aumenta a miséria, promove guerras e conflitos e põe em risco o futuro da humanidade, e o testemunho mais dramático disso são as tragédias das migrações atuais.

Nesse contexto, amplia-se o papel da universidade na busca de ampliação do conhecimento, do avanço da ciência e da tecnologia. Se a educação, a ciência e a tecnologia são os maiores instrumentos para o desenvolvimento e emancipação dos povos, há que se advertir, no entanto, sobre o risco do gnosticismo científico e da corrida tecnológica. Educação, ciência e tecnologia precisam estar a serviço da emancipação humana por meio da busca de novos padrões de organização social e política capazes de combinar crescimento econômico com justiça social, sustentabilidade ambiental, paz e harmonia, e não como instrumentos de dominação e submissão.

Apesar de relativamente jovem, a UFMG atingiu níveis de excelência e destaque no cenário universitário brasileiro e internacional. Essa condição amplia suas responsabilidades diante dos desafios estruturais e conjunturais enfrentados pelo país, especialmente como base para a formação de professores para todos os níveis educacionais, a formação profissional e ética em todas as áreas do conhecimento, da pós-graduação, da pesquisa.

Sinto grande prazer e orgulho de pertencer ao quadro da UFMG há mais de 40 anos. Nela ingressei como professor colaborador e ascendi, por concurso, a todos os níveis da hierarquia, chegando à posição de professor titular em 1991. Exerci a direção do Cedeplar, por dois mandatos alternados, a chefia do Departamento de Ciências Econômicas, a Diretoria da Faculdade de Ciências Econômicas, por dois mandatos, e o Reitorado. Aposentei-me pelo limite legal de idade, mas recebi o título de Professor Emérito, o que me permite dar continuidade às minhas atividades acadêmicas de ensino e pesquisa e desfrutar do rico ambiente de convivência humana, do debate e da crítica.

Clelio Campolina foi reitor da UFMG na gestão 2010 – 2014