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Nº 1390 - Ano 29 - 03.04.2003


Sem limites para o conhecimento

Faculdade de Letras acaba com estrutura departamental para agilizar rotina administrativa e acadêmica

Maurício Guilherme Silva Júnior

Faculdade de Letras extinguiu a sua estrutura departamental, numa experiência inédita na UFMG e em outras escolas de Letras no Brasil. Desde o mês passado, todas as competências e atribuições da Faculdade são gerenciadas pela Congregação da Unidade, processo que resultou de amplas discussões entre funcionários, professores e alunos e com órgãos deliberativos da Universidade.

"Os departamentos engessavam nossas atividades. Sem eles, derrubamos os limites para o conhecimento", ressalta a professora Eliana Amarante de Mendonça Mendes, diretora da Faculdade.

Com a mudança, os professores não estarão mais ligados aos departamentos de Anglo-Germânicas, Clássicas, Românicas, Lingüística e Semiótica e Teoria Literária. A partir de agora, todo o corpo docente reporta-se diretamente à Faculdade de Letras. Diretoria e Congregação da Unidade gerenciam as atividades acadêmicas e administrativas, através de quatro câmaras: Recursos Humanos, Pesquisa, Ensino e Extensão. Tal novidade traz mais agilidade aos processos acadêmicos e, conseqüentemente, diminui a burocracia interna.

Assim, decisões administrativas e acadêmicas não terão mais de ser comunicadas a departamentos. Todas as deliberações dizem respeito à Unidade como um todo. "Com a centralização, é mais fácil discutir problemas e encontrar soluções coletivas. Além disso, diminui o número de reuniões, e os professores podem se dedicar com mais tranqüilidade ao ensino e à pesquisa", diz Eliana Amarante. Com a extinção dos departamentos, os colegiados de graduação e pós-graduação ganharão maior relevância gerencial.

Flexibilização

Com a nova estrutura, a Fale torna-se mais apta também a ampliar o número de núcleos para estudos temáticos, gerados espontaneamente ao longo da história da Unidade. "A nova estrutura institucionaliza o que já existia", garante a diretora.

Aliada à estrutura sem departamentos, foi implementada na Faculdade a flexibilização curricular. "Entendemos que o contato com outras áreas é muito importante para a formação de nossos alunos. E também para o aprimoramento do conhecimento", completa. A alteração garante aos estudantes maior liberdade para escolha de seu destino acadêmico.

As novas diretrizes da Fale vêm sendo discutidas por professores, alunos e funcionários desde 1999, quando a Reitoria abriu às unidades a possibilidade de rever suas estruturas acadêmicas. À época, quando da aprovação do novo esta tuto da Universidade, a Fale suspendeu as atividades por três dias e realizou assembléias para avaliação do modelo vigente e discussão de novas propostas. A mudança foi aprovada em votação.

Batizado na época de "departamento zero", o projeto foi aceito quase que por unanimidade. "Foram designadas comissões para debater e redigir uma proposta", conta Eliana Amarante. Após ajustes, propostos pelos órgãos deliberativos da UFMG, a versão final da proposta foi enviada à Câmara de Graduação, ao plenário do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão, e ao Conselho Universitário. "Os diálogos foram muito produtivos. A partir de agora, as assembléias estão institucionalizadas, com aprovação do Conselho Universitário", afirma a professora.

Depois da aprovação da proposta, a Fale teve que realizar reformas internas, tanto acadêmicas quanto de estrutura física. Além de nova sala para reuniões da Congregação, os professores ganharam amplo espaço de convivência, no 4o andar da Faculdade, com escaninhos, mesas, cozinha, banheiro e laboratório de computadores. Mas as obras ainda não chegaram ao fim. As antigas instalações dos departamentos serão transformadas em áreas de discussão.

Repercussão

"A antiga estrutura departamental da Fale criava relações administrativas e acadêmicas verticalizadas e, de certa forma, isoladas em guetos. O novo modelo atende às demandas por ágeis interações horizontais, segundo os novos paradigmas que regulam pensamentos e sociedades em rede, além de incrementar as relações interdisciplinares."

Marli Fantini Scarpelli
Professora da Faculdade da Letras


"Com a mudança, as disciplinas e as áreas ficarão mais interligadas, o que enriquece o ensino. A nova estrutura pode melhorar nosso contato com as várias linhas de estudo. Quanto à flexibilização, poderemos entrar em contato com outras unidades. Eu, por exemplo, tenho vontade de cursar disciplinas nas áreas de Música, Belas-Artes e Artes Cênicas."

Camila Nathália de Oliveira Braga
Estudante do 50 período