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Nº 1449 - Ano 30 - 12.8.2004


Ouro Preto ainda mais clássica

Organizado por professores da UFMG, congresso internacional discute cultura da antigüidade e reúne pesquisadores de 29 países

Maurício Guilherme Silva Jr.


Jacyntho Brandão: Brasil entrou para o mapa dos estudos clássicos
Foto: Foca Lisboa


uro Preto será a primeira cidade do Hemisfério Sul a sediar um dos principais encontros internacionais para discussão da antigüidade clássica. De 23 a 28 de agosto, as vielas barrocas do município mineiro receberão os participantes do 12º Congresso da Federação Internacional das Associações de Estudos Clássicos, realizado a cada cinco anos. Promovido pela Faculdade de Letras, em parceria com outras 60 instituições nacionais e estrangeiras, o evento trará a Minas Gerais cerca de 110 especialistas de 29 países e contará com exposição de livros e programação cultural inovadora.

"Por ser um congresso internacional, as discussões não podem ficar restritas aos interesses de um país ou de um continente. Os estudos clássicos têm abrangência mais ampla", ressalta o professor Jacyntho Lins Brandão, um dos coordenadores do evento pela UFMG. Para ele, é preciso analisar a influência da tradição clássica na cultura latino-americana. "Além disso, ao realizar o evento em Ouro Preto, buscamos incluir o Brasil no panorama mundial dos estudos clássicos", completa.

Segundo a professora Tereza Virgínia Barbosa, outra coordenadora do evento pela UFMG, o Congresso é uma oportunidade única para professores, estudantes e interessados em antigüidade clássica: "Os participantes poderão trocar experiências com os principais estudiosos da área". Entre as personalidades que estarão no evento, destaque para os professores João Adolfo Hansen, da Universidade de São Paulo (USP); Oliver Paplin e Martin West, ambos de Oxford; Bernd Seidensticker, da Universidade Livre de Berlim; e Suzanne Saïd, da Columbia University.

Programação

A abertura oficial do evento, no Centro de Convenções da Ufop, será feita pelo presidente da Federação, André Daviault, no dia 23, às 17h30. Em seguida, às 18h30, o professor Oswaldo Porchat, da USP, profere a conferência Autocrítica da razão no mundo antigo . Durante os seis dias de Congresso, mesas-redondas discutirão temas como O ser e a linguagem no pensamento grego , As realezas gregas da Idade do Bronze à época helenística , O teatro antigo entre poder e espetáculo, O conceito de cidade e os direitos do estrangeiro, A intertextualidade na poesia romana e A retórica e suas relações com a filosofia na época imperial.

Quanto à programação cultural, destaque para a mostra de poemas neoclássicos, que revela a influência da cultura antiga na obra de escritores como Tomás Antônio Gonzaga. Pouco estudado no Brasil, o panorama da música na antigüidade também será "reconstruído" durante o evento. No último dia de Congresso , às 10 horas, a pesquisadora francesa Annie Bélis dirige um concerto especial, realizado com réplicas de instrumentos gregos e romanos.

Haverá, ainda, apresentação do coral Madrigale , composto por 22 vozes e regido pelo professor Oillian Lana, da UFMG. Eles cantarão peça composta por Ostílio Soares, ex-professor da Escola de Música da Universidade, que celebra a antiga encenação religiosa Sete palavras de Cristo Crucificado.

Mais informações sobre o Congresso da Fiec no endereço eletrônico www.fiec2004.ufmg.br.

Federação integra conselho da Unesco

Fundada em 1947, a Federação Internacional das Associações de Estudos Clássicos (Fiec) é considerada a maior organização mundial destinada ao estudo da antigüidade clássica. A Fiec é, ainda, uma das 12 entidades integrantes do Conselho Internacional de Filosofia e Ciências Humanas (Cipsh), órgão pertencente à Unesco. No total, 68 associações nacionais e 15 internacionais estão filiadas à Federação.

Desde sua primeira edição, na França, em 1950, o Congresso da Fiec é realizado de cinco em cinco anos. Ao longo das décadas, apenas países do Hemisfério Norte sediaram o evento. O último encontro aconteceu em Cavala, na Grécia, onde ficou decidido que Ouro Preto seria a próxima cidade a receber os pesquisadores da área.