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Nº 1449 - Ano 30 - 12.8.2004

 

Veterinária inaugura
laboratórios de Medicina Preventiva

Patrícia Azevedo

Nivaldo da Silva, chefe do departamento, espera crescimento da produtividade científica
Foto: Eber Faioli

urante os últimos oito meses, obras nos laboratórios de Bacteriologia e Virologia Animal movimentaram o departamento de Medicina Preventiva da Escola de Veterinária. Paredes foram derrubadas e cerca de 80 pessoas passaram a trabalhar em espaços improvisados. Todo o "transtorno", no entanto, foi bastante compensador. Em 700 metros quadrados de área, foram construídos nove laboratórios, seis específicos e três de uso coletivo, inaugurados no dia 16 de julho. Neles, estudantes, pesquisadores e professores terão o suporte necessário para realizar pesquisas sobre doenças bacteriológicas e virais e para desenvolver métodos preventivos, como soros e vacinas.

"É um investimento que compensa", justifica o professor Nivaldo da Silva, chefe do departamento. Ele ressalta que os antigos laboratórios, inaugurados em 1974, estavam defasados. Devido ao aumento significativo no número de alunos e professores, a estrutura já não se adequava à realidade da Escola de Veterinária.

Os novos ambientes apresentam concepção moderna. Além disso, os professores, juntamente com os arquitetos, puderam "personalizar" as salas e dispor de bancadas e equipamentos de acordo com suas necessidades de pesquisa. Os laboratórios ganharam sala de reunião, gabinetes para os professores, câmaras frigoríficas, estufa e câmara de exaustão para produtos tóxicos. "Pensamos em maneiras de maximizar a utilização dos equipamentos. A saída encontrada foi a construção de laboratórios coletivos, iniciativa pioneira que poderá servir de exemplo para a Universidade", afirma Nivaldo da Silva.

A preocupação dos pesquisadores não se restringiu à modernização dos espaços. Eles também buscaram deixá-los mais seguros. Nos corredores, há chuveiros, extintores e outros equipamentos de segurança. A construção dos laboratórios do departamento de Medicina Preventiva contou com recursos da própria Escola de Veterinária, do CT Infra e do Fundo Nacional para Ciência e Tecnologia.

Alta produtividade

Os novos espaços já estão sendo utilizados. A expectativa é de que haja aumento na produtividade científica, "que já é muito alta", ressalta Nivaldo da Silva. Além de metodologias de controle (soros e vacinas), técnicas de diagnóstico também são desenvolvidas no departamento. "Somos referência na área de biotecnologia e no desenvolvimento de kits imunobiológicos", afirma o professor. Entre as doenças bacterianas pesquisadas no departamento estão a tuberculose, a brucelose, a campilobacteriose, o botulismo e a eteroxemia.

Outro ponto forte são as pesquisas sobre mastite bovina, realizadas por núcleo de estudos e laboratório específicos. "Por muito tempo, a medicina veterinária esteve voltada para a análise de doenças como a mastite, que afeta os chamados animais de importância econômica, formadores de grandes rebanhos. Com a urbanização, as pesquisas voltaram-se para espécies domésticas, como cães e gatos", explica o professor. Na área de virologia, por exemplo, são estudadas a anemia infecciosa eqüina e caprina, assim como viroses de cães e doenças que afetam a reprodução de animais domésticos.

Prática da prevenção remonta aos anos 50

A importância dada à prevenção remonta à década de 50, quando a Fundação Rockefeller dos Estados Unidos exerceu forte influência sobre a Medicina e a Veterinária. Muitas das suas idéias e diretrizes foram incorporados ao ensino brasileiro, entre elas a concepção de que a cuidados com a prevenção cumprem papel tão essencial quanto as práticas curativas. "Temos que olhar o todo. Em um rebanho, não observamos e tratamos apenas o animal doente. Muitas vezes, precisamos nos preocupar mais com os sadios, para que não adoeçam", explica Nivaldo da Silva.

A medicina veterinária, analisa o professor, busca suprir a necessidade das pessoas, seja para garantir-lhes retorno econômico ou para cuidar dos animais que lhe servem de companhia. Ele ressalta, ainda, que, hoje, não se pode pensar a prática veterinária apenas para o animal. "A veterinária é para o próprio homem. É ele quem deseja e se beneficia do leite, da carne, do bicho de estimação", completa.