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Nº 1482 - Ano 31 - 5.5.2005


Congresso da Rede Unida inscreve 1.179 trabalhos

Danny Marchesi

VI Congresso Nacional da Rede Unida, que acontece de 2 a 5 de julho, no campus Pampulha, recebeu a inscrição de 1.179 trabalhos científicos. Dos resumos selecionados, 897 serão apresentados na forma de pôsteres expostos e 239 como pôsteres comentados. Entre os trabalhos selecionados para pôster comentado, 35 receberão, durante o evento, menção honrosa por sua qualidade e inovação no tratamento do tema discutido. O Congresso comemora 20 anos de fundação da Rede Unida , entidade que surgiu como desdobramento do chamado movimento sanitarista, responsável por mudanças decisivas na formação de profissionais de saúde e pela formulação das bases do Sistema Único de Saúde (SUS).

Os trabalhos são divididos em temas. Os mais contemplados foram Práticas de atenção à saúde, com 187 trabalhos, Saúde da Família (176), Mudanças na formação dos profissionais (159), Educação para Saúde (75) e Estágios curriculares em serviços de saúde (72). Boa parte é resultado de projetos de pesquisa e extensão desenvolvidos por universidades junto aos serviços de saúde. "O que chamou a atenção dos integrantes da Comissão de Trabalhos é a preocupação demonstrada com o desenvolvimento de metodologias mais participativas", comenta Mara Vasconcelos, coordenadora da Comissão.

Os resumos chegaram de 23 unidades da Federação, o que confirma a abrangência nacional do evento. Minas Gerais, sede do Congresso, é também o estado que mais contribuiu (403 resumos), seguido do Rio de Janeiro (142), São Paulo (128), Paraná (120) e Santa Catarina (66).

Já os dois prêmios oferecidos pelo Congresso receberam 25 monografias: o Sérgio Arouca, com 20 inscritos, contemplará o trabalho que melhor discorrer sobre o tema Retrospectiva dos 20 anos da Rede Unida e do movimento de mudança na educação dos profissionais da saúde. Já os cinco trabalhos que concorrem ao prêmio Mário Chaves tratam dos Vinte anos de mudanças na organização dos serviços, na formação profissional e na participação social na perspectiva da consolidação do SUS.

Discussões atuais

Mas o alcance do evento não se limita aos números. Segundo Cid Velloso, presidente do VI Congresso e ex-reitor da UFMG, o objetivo desta edição é "abordar questões atuais, polêmicas e inovadoras das áreas de saúde e educação". Entre elas, o Programa Saúde da Família, os Pólos de Educação Permanente em Saúde, a Reforma Universitária, as diretrizes curriculares dos cursos de saúde, a inclusão social e a participação popular em saúde.

O VI Congresso Nacional da Rede Unida deverá receber cerca de dois mil participantes de todas as 14 profissões da saúde. A programação do evento conta com 18 conferências _ a de abertura será feita pelo ministro da Educação Tarso Genro _ além de 20 painéis e 55 oficinas. A programação completa está na página oficial (www.ufmg.br/redeunida), onde também podem ser feitas as inscrições.

Seleção de monitores

Até o dia 20 de maio, a Comissão Organizadora do VI Congresso da Rede Unida selecionará 100 monitores para o evento. Os interessados devem estar regularmente matriculados em qualquer curso técnico, de graduação ou pós-graduação da área de saúde em Belo Horizonte. Os selecionados terão direito à inscrição no Congresso, incluindo o material distribuído aos congressistas, e participarão gratuitamente do curso A Rede Unida e o desenvolvimento de recursos humanos em saúde, certificado pela UFMG. Eles também receberão a camisa do evento, alimentação, vale-transporte e uma bolsa de R$ 50. O edital está disponível na página do Congresso.

IEAT recebe antropólogo do Museu Nacional

Cátedra Fundep/IEAT na área das Huma-Humanidades será inaugurada com a vinda do professor Eduardo Viveiros de Castro. Ele permanecerá na UFMG no período de 10 de maio a 8 de junho.

Antropólogo reconhecido internacionalmente, Viveiros de Castro trabalha no Museu Nacional da UFRJ. Seu anfitrião acadêmico na UFMG será o professor Ruben Caixeta, do departamento de Sociologia e Antropologia da Fafich. Em Belo Horizonte, ele participará de seminários com especialistas, de visitas a unidades acadêmicas e a grupos de pesquisa, além de ministrar palestras e uma grande conferência, esta no dia 18 de maio.


Eduardo Viveiros de Castro: tradutor do pensamento indígena
Foto: Divulgação

Pensamento selvagem

A contribuição científica do antropólogo dá nova dimensão à oposição entre "ciência" e "pensamento selvagem" estabelecida por Claude Lévi-Strauss. Viveiros de Castro lida com a questão das filosofias indígenas, vistas como novos saberes que se contrapõem filosoficamente à hegemônica civilização ocidental.

O estudo das sociedades indígenas impregnou o pensamento do professor Viveiros de Castro com uma intensidade que o põe como tradutor e experimentador do "pensamento selvagem". Nessa posição, ele passa a ser agente de convergência de culturas diferentes, propiciando condições para repensar tradicionais termos de relação e oposição, tais como cultura e natureza, corpo e espírito. "A filosofia sempre teve a tradição de convocar selvagens imaginários para suas demonstrações. Está em tempo de usar selvagens reais", defende o professor.