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Nº 1508 - Ano 32
10.11.2005

Na fila da esperança

Hospital Bias Fortes inaugura ambulatório para atender pacientes que esperam por transplante de rins

Luís Oliveira*

ma conquista daqueles que enfrentam a longa espera por um novo rim. Assim pode ser definido o Ambulatório Pré-Transplantes Renais do Hospital das Clínicas da UFMG, em funcionamento desde setembro no Anexo Bias Fortes, e que atende pacientes com doenças nos rins.

Sob a coordenação do professor Abrahão Salomão, chefe do Serviço de Transplante Renal do HC e tendo como médicos responsáveis os urologistas Lúcio Silva e Patrícia Vasconcelos, o Ambulatório atua na atenção aos pacientes que esperam por um transplante. Até então, esse trabalho era realizado pelas equipes que cuidavam dos pacientes nas respectivas unidades de diálise. Segundo o professor Salomão, o ambulatório vai favorecer e encurtar o tempo da realização dos exames necessários para tornar um paciente ativo na fila de espera. “Antes, eles passavam por vários centros”, comenta o professor.

Os momentos difíceis enfrentados pelo paciente que sofre de Insuficiência Renal Crônica (IRC) ou Doença Renal Crônica (DRC) em fase terminal e que necessita de um transplante estão associados à sua incompatibilidade com os rins de familiares candidatos à doação ou à demora para ser submetido ao transplante devido à baixa captação de órgãos de cadáver.

O atendimento no Ambulatório viabilizará diagnósticos para transplantes intervivos, o que contribuirá para otimizar a fila de espera por um órgão no MG-Transplantes, favorecendo pessoas que dependem de um rim de cadáver, por não contarem com doador na família. Serão priorizados os atendimentos a pacientes do SUS tratados no HC e nos centros de diálise do interior de Minas vinculados ao Hospital, como as unidades de Governador Valadares, Teófilo Otoni e São João Del Rey. Mas se o médico de um paciente que espera por um rim de cadáver julgar que ele precisa de avaliação mais criteriosa para permanecer ativo na lista do MG-Transplantes (um diabético com mais de 50 anos, por exemplo), poderá ser encaminhado ao Ambulatório.

A expectativa é de que o Ambulatório, pelo menos nessa fase inicial, realize quatro atendimentos por semana. Um número que pode parecer pequeno, mas que é atribuído pela equipe do Ambulatório à própria complexidade do atendimento, que exige um acompanhamento mais intenso por causa dos vários exames e diagnósticos necessários para a realização do transplante.

O mais antigo
O primeiro transplante de rim do HC foi também o primeiro transplante de órgãos realizado em Minas Gerais, há quase 36 anos. O paciente, que sofria de Doença Renal Crônica (DRC) terminal, recebeu um dos rins de sua irmã e foi operado pela equipe do cirurgião-geral, professor Apparício Silva de Assis.

O Grupo de Transplante Renal do HC, coordenado atualmente pelo professor Abrahão Salomão, remanescente da equipe do professor Apparício, contabiliza mais de 1.500 transplantes. Atualmente, cerca de 500 pós-transplantados fazem seus exames periódicos no ambulatório, como o controle da imunossupressão – o paciente toma um coquetel de medicamentos para evitar a rejeição do órgão pelo organismo. No HC é realizado pelo menos um transplante intervivos por semana – sempre às terças-feiras – e cerca de 50 transplantes por ano (intervivos e com doação de órgão de cadáver).

*Estagiário da Assessoria de Comunicação do Hospital das Clínicas

Taxa de sucesso é superior a 80%

Embora a diálise ainda seja um recurso predominante no tratamento de insuficiências renais, as técnicas de transplante renal vêm ganhando cada vez mais espaço, principalmente pela formação de centros de excelência nesse tipo de cirurgia, como o do Hospital das Clínicas da UFMG.

O índice de sucesso dos transplantes renais no HC é superior a 80%, e os pacientes têm sobrevida de cerca de dez anos. “O Brasil está entre os três primeiros países no mundo em transplantes renais. E possivelmente, o HC é pioneiro no país no atendimento exclusivo a pacientes pré-transplantados”, afirma o nefrologista Lúcio Silva.

A deficiência renal pode ser causada por problemas cardiovasculares (hipertensão) e ser secundária ao diabetes com contribuição do tabagismo (pode acontecer um enrijecimento ou obstrução gradativa dos vasos sangüíneos que, ligados ao rim, prejudicarão seu bom funcionamento). O declínio ou interrupção das funções do órgão por mais de três meses caracteriza a insuficiência renal crônica que, se não for tratada, poderá evoluir para uma doença renal terminal, cujo único tratamento é a diálise ou o transplante. A evolução da doença renal para o seu estágio mais grave pode levar cerca de dez anos.

 

Doenças nos rins - Na impossibilidade de se submeterem a uma terapêutica convencional, como tratamento medica­mentoso ou dieta, pacientes têm como alternativa o transplante renal ou precisam de sessões de hemodiálise, processo em que uma máquina realiza filtragem do sangue para retirar impurezas, função que deveria ser exercida pelo rim.

 

O Ambulatório Pré-Transplantes Renais funciona no 6o andar do anexo Bias Fortes. O atendimento acontece às segundas e quartas-feiras à tarde. A marcação das consultas é agendada mediante encaminhamento médico. Informações pelo telefone (31) 3248-9619