O jogo do livro e a formação de leitores

Aparecida Paiva*

ulturas, conhecimentos, linguagens é o tema da sexta edição do Jogo do livro, evento bienal promovido pelo Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale). Órgão complementar da Faculdade de Educação da UFMG, o Ceale foi criado em 1990, com o objetivo de integrar atividades de pesquisa, documentação e ações educativas. Entre essas ações,o grupo de pesquisa do letramento literário, reúne pesquisadores que, entre outros projetos, elaboram, desde 1995, as edições do Jogo do livro, numa trajetória alimentada pela partilha e determinação.

O jogo do livro infantil e juvenil: encontro de trabalho e algazarra foi o começo de tudo. Em 1995, vivendo uma espécie de liberdade atordoada, encaramos “todas” as novidades de uma vez. Escritores, editores, ilustradores, artistas plásticos, gráficos, livreiros, bibliotecários, professores, pedagogos, alunos, constituíram um fórum para discutir instâncias sociais de produção-mediação-recepção da leitura e de circulação do livro infantil e juvenil.

O segundo evento, O jogo do livro infantil e juvenil: a leitura, em 1997, aconteceu em Mariana (MG) com a parceria do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS), da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). O tema central, a leitura, teve suas várias faces – cultural, escolar, política, pedagógica, estética, psicolingüística – abordadas, para, mais uma vez, discutir e, em especial, subsidiar a prática do ensino de português com foco na “escolarização da leitura”.

O terceiro Jogo do livro infantil e juvenil – no fim do século: a diversidade, em 1999, abordou as diferentes práticas de leitura no final do século. A produção de livros para jovens e crianças foi discutida tendo como eixo a reflexão sobre a diversidade, num momento fértil de busca de novos caminhos e perspectivas na formação de leitores. Assim, a leitura foi tomada num ontexto mais amplo inserindo não só o livro, mas a revista, o computador, o jornal, a televisão e outros suportes presentes na escola e na sociedade “letrada”. Neste evento, mais que nos anteriores, estiveram presentes especialistas em Educação, Teoria Literária, Belas-Artes, Comunicação, Psicologia, Sociologia da Leitura e Biblio­teconomia, de várias instituições como Unicamp, PUC-RJ, UFRJ, PUC-MG, UFJF e UFMG.

Em 2001, O jogo do livro IV– letramento literário: ensino, pesquisa e políticas públicas de leitura, ampliou a discussão, antes restrita à leitura das crianças e dos jovens, para a formação do leitor adulto. Isso porque a questão do letramento literário tem sido relegada a segundo plano nas pesquisas sobre a produção e recepção de livros. Esta lacuna foi focalizada para que as políticas públicas de incentivo e distribuição de livros de literatura entendessem o letramento literário numa dimensão além da faixa etária ou do grau de escolaridade, considerando processos diversos na formação de leitores e os usos sociais efetivos de leitura e escrita dos sujeitos – crianças, jovens ou adultos. Com esta perspectiva, foi excluída do título daquela edição a expressão infantil e juvenil. O evento articulou três planos da questão: ensino, pesquisa e políticas, com firme propósito de integrá-los.

Já em 2003, finalizado o projeto integrado de pesquisa Letramento literário no contexto da biblioteca escolar, o grupo propôs, como em outros Jogos, articular pesquisa e extensão, socia­lizando, com A democratização da leitura: o jogo do livro V, as conclusões sobre práticas de leitura realizadas na biblioteca escolar, espaço peculiar de circulação de livros de literatura. Importante destacar que o evento teve alcance muito maior do que uma usual divulgação de resultados de pesquisa. Com conferências, mesas-redondas, oficinas e relatos de experiência, propomos múltiplos canais de discussão sobre os caminhos do livro e da leitura dentro e fora da escola.

Hoje, onze anos depois, o grupo de pesquisa do letramento literário consolida sua trajetória nas principais ações do Centro que o abriga, dedicando-se a pesquisas sobre a formação de leitores literários. Interessam ao grupo as práticas presentes em várias instâncias sociais de circulação de livros, nas quais sujeitos dos mais diversos contextos interagem em situações de comunicação.

Com essa perspectiva, o grupo propôs o evento de 2005 – Culturas, conhecimentos, linguagens: o jogo do livro VI – convidando nossos companheiros para jogar mais uma vez, sem perder de vista a necessidade de tecer algo de novo nesta trama.

*Doutora em Literatura e coordenadora do grupo de pesquisa do letramento literário do Ceale/FaE

Esta página é reservada a manifestações da comunidade universitária, através de artigos ou cartas. Para ser publicado, o texto deverá versar sobre assunto que envolva a Universidade e a comunidade, mas de enfoque não particularizado. Deverá ter de 4.000 a 4.500 caracteres (sem espaços) ou de 57 a 64 linhas de 70 toques e indicar o nome completo do autor, telefone ou correio eletrônico de contato. A publicação de réplicas ou tréplicas ficará a critério da redação. São de responsabilidade exclusiva de seus autores as opiniões expressas nos textos. Na falta destes, o BOLETIM encomenda textos ou reproduz artigos que possam estimular o debate sobre a universidade e a educação brasileira.