Ciência ilustrada

Biblioteca Universitária abriga exposição com desenhos da flora brasileira feitos com grafite, nanquim e aquarela

Ana Paula Ferreira

Biblioteca Universitária da UFMG recebe, até 30 de novembro, a primeira exposição de trabalhos dos alunos do curso de Ilustração Botânica do ICB. Compõem a mostra cerca de 100 ilustrações de plantas da flora brasileira, traçadas com grafite, nanquim e aquarela pelos 26 alunos que participaram do curso.

A exposição faz parte do cronograma de atividades do curso de extensão em Ilustração Botânica. Criado em 2005, tem o objetivo de formar mão-de-obra para esse tipo de representação, utilizada em trabalhos acadêmicos, publicações científicas e, principalmente, para descrições iconográficas da flora. De acordo com a coordenadora do curso e curadora da exposição, Rosa Alves, cada espécie de planta estudada é descrita em seus mínimos detalhes e catalogada. “Há espécies extintas que conhecemos graças à existência de desenhos”, conta.

As ilustrações são produzidas a partir de flores, árvores e arbustos escolhidos pelos próprios alunos, com prioridade às espécies nativas e endêmicas de Minas Gerais e às ameaçadas de extinção. Rosa Alves e o outro organizador do curso, Marcus Antônio Ferreira, visitaram locais que ofereciam variedades de espécies, como o Museu de História Natural e Jardim Botânico e a Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte “Nesses lugares, conhecemos a fisionomia dos biomas de Minas Gerais”, conta Rosa.

Cada aluno desenvolve as atividades dentro de seu próprio ritmo e capacidade. Ao final, as ilustrações são reunidas num catálogo digital e expostas ao público. De acordo com Rosa Alves, o evento foi criado para estimular o trabalho dos alunos. “Eles capricham mais nos traços quando sabem que a ilustração será exposta”, diz.

Treinando o olhar
De acordo Marcus Ferreira, o curso não tem pretensão de formar exímios desenhistas. “Apontamos caminhos e ensinamos as normas que classificam um desenho como adequado para publicações científicas”, esclarece. Segundo ele, os participantes treinam o olhar durante as aulas. “As pessoas aprendem a ver, a observar e a admirar as flores, antes mesmo de desenhá-las”, diz.

Para Welton Amaral, aluno do curso e estudante de Belas-Artes, a ilustração botânica traz conhecimentos que vão além daqueles que o desenho eferece. “As duas áreas, Artes e Ciências, andam juntas”, afirma. A estudante de Ciências Biológicas Lívia Andrade diz que o trabalho com ilustração favorece o autoconhecimento. “O desenho é um instrumento de conhecimento, não apenas do objeto, mas do observador”, raciocina.

Para Rosa Alves, as ilustrações manuais, por permitirem focar todos os detalhes do projeto, levam vantagem sobre as imagens produzidas a partir de novos recursos tecnológicos. “No desenho tudo é possível. O ilustrador mostra aquilo que deseja, diferentemente da fotografia, que focaliza apenas partes da planta”, afirma Rosa.

As aulas são ministradas aos sábados, distribuídas em dois módulos que somam 60 horas. As turmas são compostas por 15 alunos, o que possibilita o atendimento individual. Em 2006, serão oferecidos também cursos de ilustração entomológica e de fotografia científica. As inscrições acontecem em fevereiro.

Exposição de Ilustração Botânica Data: até 30 de novembro Horário: 7h30 às 18h Local: mezanino da Biblioteca Central