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Nº 1671 - Ano 36
12.10.2009

O giz da era digital

Rede promove compartilhamento de novas tecnologias e metodologias de ensino na UFMG

Itamar Rigueira Jr. e Léo Rodrigues

Giz - Rede de Desenvolvimento de Práticas de Ensino Superior - UFMG

A A UFMG tira partido do cenário de expansão de vagas criado pelo Reuni para valorizar o ensino. O trabalho do Núcleo de Tecnologias e Metodologias, criado em maio de 2008 com a finalidade de assessorar cursos e professores, amadureceu e deu origem ao GIZ – Rede de Desenvolvimento de Práticas de Ensino Superior, vinculado à Pró-Reitoria de Graduação.

As atividades do GIZ têm o objetivo de aprimorar as metodologias de ensino superior, utilizando novas tecnologias, sempre adequadas às diferentes situações. Não existe, portanto, um projeto-padrão, mas mecanismos que podem ser utilizados por todos. Um deles é o portfólio digital, no qual os alunos podem arquivar toda a sua produção, permitindo avaliação contínua e cumulativa do seu percurso de formação. A ideia já está sendo aplicada em 12 cursos novos, com cerca de 500 alunos.

O portfólio digital integra a chamada Bacia do Conhecimento, que inclui outras duas tecnologias e tem o objetivo de qualificar as atividades de ensino na Universidade. O software Práticas de Ensino Superior, que se encontra em desenvolvimento, permite ao professor sistematizar suas escolhas didáticas desenvolvidas ao longo do curso e explicitar as intenções de cada uma delas. O docente pode planejar estratégias de ensino, simular o seu trabalho e contextualizar sua prática pedagógica levando em conta perfil dos alunos, área de conhecimento e turno de realização do curso. “A ferramenta garante a possibilidade de manter contínuo processo de reflexão”, afirma a professora Juliane Corrêa, coordenadora do GIZ.

Outro recurso da Bacia de Conhecimento é o Repositório de Objetos de Aprendizagem, parceria do GIZ e do Laboratório de Computação Científica (LCC). Sua função é viabilizar a formação de rede colaborativa entre os professores da UFMG, oferecendo objetos e situações de ensino a serem compartilhados. “Se um professor se interessa em usar o material didático de outro, ele pode pedir autorização e ainda deixar um comentário recomendando-o a outros professores. O instrumento permite, por exemplo, a troca de experiências entre os docentes que ministram Cálculo I no ICEx e no campus de Montes Claros”, explica Juliane Corrêa.

Equipes didáticas

Paralelamente, o GIZ promove a Formação em Docência do Ensino Superior, voltada para alunos de pós-graduação bolsistas pelo Reuni. É uma oportunidade de reflexão e aprimoramento de sua atuação como professores. A bolsa desses estudantes exige, como contrapartida, a dedicação de oito horas semanais em atividades docentes, sob acompanhamento de professor efetivo. “O Reuni criou as chamadas equipes didáticas, grupos formados por professores efetivos, doutorandos e mestrandos, para planejar e desenvolver a atividade docente”, conta Juliane Corrêa. A assessora pedagógica do GIZ, Maria José Batista, acredita que a UFMG deu um passo à frente ao oferecer formação aos pós-graduandos. “É prática comum colocar pós-graduandos para darem aula. Com as equipes didáticas, mestrandos e doutorandos passam a ser acompanhados e estimulados à reflexão sobre a prática docente.”

O curso de formação de professores foi implantado no segundo semestre de 2008 para atender prioritariamente os alunos de pós-graduação bolsistas pelo Reuni. Três turmas (120 alunos, no total) já concluíram o curso e outros 100 estão em processo de formação. O curso passou a incluir não-bolsistas e professores – há uma turma composta exclusivamente por docentes de Terapia Ocupacional.

A psicóloga Fátima Roquete, doutoranda em Enfermagem pela UFMG, recém-aprovada em concurso para professores, participou do curso organizado pelo GIZ. “A UFMG antecipou um problema que outras instituições devem enfrentar durante o processo de expansão”, opina ela, para quem “o trabalho do GIZ permite crescimento planejado segundo estratégia que garante manutenção e até mesmo melhoria da qualidade de ensino”.

O curso tem duração de 60 horas, mesclando momentos presenciais e não- presenciais. Ele utiliza a mediação do ambiente virtual Moodle, disponibilizado em todos os cursos da UFMG. Temas variados são discutidos em fóruns on-line, encontros em sala de aula e atividades lúdicas. Chamou a atenção de Fátima Roquete o enfoque na importância de se respeitarem as especificidades dos alunos. No recém-criado curso de Análise de Sistemas e Serviços de Saúde, da Escola de Enfermagem, por exemplo, há vários estudantes na segunda graduação e outros que estão começando. “Isso sem mencionar a diversidade sociocultural. É essencial que o professor saiba lidar com públicos diferentes”, afirma Fátima.

A futura professora da UFMG coordenou a implantação do portfólio digital. Os alunos realizaram uma pesquisa e, a partir dela, delinearam um plano para o portfólio. A variedade de recursos surpreendeu: alguns propuseram o uso de mapas cognitivos e outros pensaram em utilizar apenas o Word. “Avaliamos principalmente o conteúdo, já que a forma dependia do grau de conhecimento sobre a tecnologia, mas, paralelamente, estimulamos a troca de saberes”, conta Fátima.