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Nº 1687 - Ano 36
22.3.2010

Fachada interativa

Quem passa pela Praça da Liberdade talvez não imagine que o discreto prédio retangular ao lado da antiga Secretaria de Estado de Educação abrigue tantas atrações. Mas isso só até 18h, quando começam a ser exibidos vídeos na fachada do edifício, numa tela de 16 por 9 metros – o que corresponde a 361 polegadas.

A expectativa é que as exibições gerem curiosidade nas pessoas que passam por lá. Rodrigo Minelli, coordenador de audiovisual do Espaço, conta que já existe material de aproximadamente uma hora pronto para ser exibido, mas logo novos vídeos serão gravados. “Não é para a pessoa sentar e ficar assistindo durante uma hora. Serão pílulas, para que elas tenham alguma informação. Queremos que funcione como uma vitrine para convidar as pessoas a conhecerem o Espaço”.

A arquiteta Jô Vasconcellos, responsável pela reforma do prédio, afirma que pensou na exibição de vídeos na fachada como forma de interação com a comunidade. Como o prédio deveria ser neutro, para não interferir no ambiente ao redor, a retroprojeção de imagens foi a forma encontrada para destacá-lo em meio aos demais.

“A Praça da Liberdade já tem uma profusão de estilos, e esse prédio não faz interferência estilística com nenhum prédio ao redor”, explica Jô Vasconcellos, para quem a construção é um reflexo da contemporaneidade, capaz de compor uma paisagem harmônica com edificações de vertentes diferentes. “Ela tem uma volumetria pensada para conviver com os outros imóveis”, acrescenta.

A arquiteta diz que conhece vários prédios onde são realizadas projeções nas fachadas, mas em nenhum deles essa projeção é feita de dentro para fora, como no Espaço do Conhecimento. Para transformar parte da frente do prédio em tela, foi preciso utilizar uma película e um vidro especial para projeção, além de 13 projetores e 12 peças interface de vídeo digital para recorte e tratamento da imagem. Para projetar som, foi utilizado um sistema de áudio composto de caixas acústicas ativas e passivas, crossover, compressor, amplificador de potência e mixer.

“Tive que pesquisar muito o tipo de vidro, a espessura ideal. Não poderia ser um vidro refletivo, por exemplo, pois o patrimônio não permite, causaria uma enorme poluição visual”, comenta Jô Vasconcellos.

O Espaço foi instalado no prédio que abrigava a Reitoria da UEMG. Como todos os imóveis da Praça da Liberdade, ele foi tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais em 1977. Jô Vasconcellos diz que foi preciso sensibilidade para realizar a reforma. “Toda vez que se trabalha em conjuntos urbanos tombados o desafio é grande, porque há uma série de regras e normas que precisam ser respeitadas”, lembra.

Espaço TIM UFMG
do Conhecimento
Local: antigo prédio da Reitoria
da Uemg, na Praça da Liberdade
Visitas: terça a domingo, das 11h às 17h (abertura experimental durante cerca de 15 dias).
Preços: entrada franca durante
o período experimental de visitas. A partir daí, haverá cobrança de ingressos

Brincando com o tempo

Todas as áreas do saber terão vez no Espaço TIM UFMG do Conhecimento, mas um dos pontos fortes do local será a divulgação científica. O astrônomo e professor do Departamento de Física do Instituto de Ciências Exatas, Renato Las Casas, acredita que o que diferencia o novo planetário dos outros espaços da UFMG voltados para o estudo da astronomia é a possibilidade de “brincar com o tempo”.

Importado da Alemanha, o planetário possui sistema de projeção digital, com tela 360°, que permite transformar o ambiente em espaço multimídia. “Isso facilita muito para o ensino e o aprendizado de astronomia”, diz.

Segundo o professor, o Espaço TIM UFMG do Conhecimento abrigará o segundo melhor planetário do país no que se refere a equipamentos. Algumas das imagens que serão projetadas foram geradas pela Nasa, outras pela Agência Espacial Europeia e algumas por satélites ou robôs enviados a outros planetas. Com tanta tecnologia, Las Casas espera que o novo espaço aumente o interesse de crianças e jovens pela astronomia.

“Muitos vão lá porque já gostam do assunto. Outros vão por ouvir falar e alguns vão por curiosidade. Mas não tem como sair de um planetário sem gostar de astronomia, sem querer saber mais”, conclui.