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Nº 1687 - Ano 36
22.3.2010

Solução à vista

Foca Lisboa

Alagamentos na região central do campus serão evitados com construção de reservatório de detenção de cheias nas imediações do Anel Rodoviário

Luiza Andrade

A Prefeitura de Belo Horizonte espera concluir, nos próximos meses, a construção de uma bacia de detenção de cheias no campus Pampulha, encarada como solução para o problema dos alagamentos que ocorrem na avenida Mendes Pimentel. Orçada em R$ 15,8 milhões, a obra é parte do Programa de Recuperação Ambiental do Município de Belo Horizonte (Drenurbs), com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

A bacia, que está sendo aberta em área próxima ao cruzamento entre a avenida Presidente Carlos Luz e o Anel Rodoviário, é, na verdade, um reservatório que acumula água durante as chuvas e impede que ela corra em direção ao córrego Engenho Nogueira, que nasce no bairro Caiçara e corta o campus Pampulha. O reservatório fará um controle da quantidade de água que chega ao córrego e do tempo de vazão do volume acumulado, que pode chegar a 210 mil metros cúbicos (210 milhões de litros). Dessa forma, o fluxo nos canais subterrâneos será sempre compatível com o volume suportado. Quando a chuva cessa, o nível da água acumulada pela bacia diminui lentamente, não sobrecarregando os bueiros.

O projeto foi elaborado pela própria UFMG em 1985, cinco anos após a canalização do córrego. Segundo o engenheiro civil Fausto de Pársia Silva, do Departamento de Manutenção e Obras de Infraestrutura (Demai), a rede pluvial do campus Pampulha não é capaz de controlar a vazão da água das chuvas de verão, cuja intensidade e frequência aumentaram nos últimos anos. “As galerias de canalização ficam cheias, a pressão aumenta e a água acaba por buscar outros caminhos de saída, correndo na direção contrária ao esperado, ou seja, ‘bueiro acima’“, afirma Fausto de Pársia.

A obra já poderia ter sido concluída, o que não ocorreu pela mesma razão que provoca as inundações: a chuva. “A lagoa de detenção é uma intervenção cara. Para que ela funcione, é preciso que o chão esteja seco. Quando chove, perde-se todo o trabalho realizado no dia anterior, sendo necessárias mais algumas semanas para que o chão seque, e as máquinas voltem a trabalhar. Tocar a obra no verão significa refazer, todos os dias, o mesmo trabalho”, argumenta o engenheiro.

Preservação

A construção da bacia de detenção é uma das frentes de trabalho do projeto Drenurbs, que contempla a revitalização do ambiente urbano e a montagem de estruturas de preservação em rios e córregos de Belo Horizonte. Segundo informações da Prefeitura, as obras, no caso do Engenho Nogueira, preveem a construção de sistemas de drenagem e de esgotamento sanitário, estabilização de margens e controle de erosões, complementação de sistema viário e implantação de áreas de uso social e de projeto paisagístico.

“A bacia de detenção também contempla um bloqueio de certas redes de esgoto, para que elas não alcancem os canais subterrâneos”, explica Fausto de Pársia. O engenheiro do Demai reitera que, no passado, essas redes eram construídas para desembocar no córrego, o que é ecologicamente incorreto. Agora, além das novas construções não seguirem essa lógica, as antigas estão sendo reformadas para impedir a poluição dos cursos d´água.

Segundo o engenheiro, a inclusão do Engenho Nogueira no escopo do Drenurbs é fundamental para a infraestrutura do campus. “Não é uma mera obra de canalização; trata-se de uma ação de preservação ambiental”, sentencia.

Se ‘armar’ chuva, não estacione

Carros arrastados e praticamente submersos pelas águas da chuva compõem uma cena comum desde o início da década de 90, quando as inundações na área central do campus se tornaram comuns. Enquanto a obra de detenção de cheias não for concluída, o melhor meio de evitar a fúria das “águas de março” é deixar o carro bem longe da avenida Mendes Pimentel. “A inundação é repentina. Nem sempre dá tempo de correr até o estacionamento e retirar o carro. É preciso estar atento”, alerta o engenheiro Fausto de Pársia Silva.

Levantamento feito pelo Departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia da Escola de Engenharia revela que, na Mendes Pimentel, há 338 vagas em estacionamentos e na própria avenida, número insuficiente para suportar o fluxo de veículos. Por dia, cerca de 370 carros ficam estacionados entre a Praça de Serviços e a Escola de Belas-Artes, o que significa que por volta de 30 motoristas mantêm seus veículos em locais proibidos, como áreas de retorno, faixas de manobra e passagens de pedestres.

Uma alternativa à escassez de vagas é o estacionamento do Mineirão, que está aberto à comunidade da UFMG. São 455 vagas disponíveis no local e, mesmo no horário de pico, nem todas ficam ocupadas.