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Nº 1778 - Ano 38
4.6.2012

Coletar, separar, destinar

Resíduos químicos perigosos gerados na UFMG exigem processo diferenciado de tratamento

Bruno Lemos
Coleta de resíduos é feita por empresa especializada
Coleta de resíduos é feita por empresa especializada

Atividades clínicas e laboratoriais de ensino e pesquisa da UFMG geram em torno de 15 toneladas de resíduos químicos por ano. Nocivo às pessoas e ao meio ambiente, esse tipo de material é composto por substâncias reativas, tóxicas, corrosivas e explosivas que demandam cuidados especiais de coleta, transporte e destinação. Entre as 13 unidades do campus Pampulha cujas atividades resultam em resíduos perigosos, cinco respondem por quase 90% dessa produção: Faculdade de Farmácia, Escola de Veterinária, Instituto de Ciências Biológicas, Escola de Engenharia e o Departamento de Química do Icex.

Até 2007, esse tipo de material era depositado no antigo Galpão do Fósforo – onde atualmente está localizado o Centro de Microscopia da UFMG. No entanto, seu caráter contínuo de produção e a especificidade dos resíduos levaram ao estabelecimento de gestão mais adequada que envolvesse a contratação de empresas especializadas em coleta, transporte, tratamento e disposição. Em 2011, a frequência de coletas na UFMG foi ampliada, tornando-se quadrimestral. Todos os resíduos gerados são encaminhados para tratamento externo por processos de incineração e/ou encaminhados para aterro industrial classe I, próprio para tal finalidade.

“Estamos promovendo treinamentos com professores, técnicos administrativos e alunos envolvidos no processo de geração de resíduos perigosos”, ressalta o químico do Departamento de Gestão Ambiental Bruno Lemos. Segundo ele, é importante alertar as pessoas em relação a procedimentos como rotulagem, segregação, armazenamento e transporte, a fim de otimizar a gestão. “Hoje encaminhamos tudo para a destinação final, mas, com o aprimoramento da coleta, será possível identificar e separar os materiais gerados para dar fins alternativos a eles”, salienta Lemos, que cursa doutorado em Química Inorgânica na UFMG. A segregação permitiria, por exemplo, que um resíduo ácido gerado em uma unidade pudesse ser neutralizado com mistura básica produzida em outro setor, e descartado normalmente.

Lâmpadas e baterias

Consideradas resíduos perigosos em função do mercúrio presente em seu interior, as lâmpadas fluorescentes também exigem coleta especial. Nos campi Pampulha e Saúde são descartadas mais de 40 mil unidades por ano. O material é recolhido e encaminhado para descontaminação e destinação final de seus componentes por uma empresa especializada. Já as pilhas e baterias consumidas por usuários do campus Pampulha podem ser descartadas em um “papa-pilhas” localizado no Banco Santander, na Praça de Serviços. A partir daí, elas são submetidas a processo de descontaminação.

Filtro no ralo

Até o ano que vem, 16 unidades acadêmicas e administrativas da UFMG deverão estar ajustadas às condições e critérios para o lançamento de esgotos não domésticos na rede pública da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). Essa é a meta que a Universidade pretende alcançar com o processo de adesão ao Programa de Recebimento e Controle de Esgotos Não Domésticos (Precend), instituído pela empresa.

Ao celebrar convênio com a Copasa para a concessão do sistema de esgotos do campus Pampulha, a Universidade optou pelo lançamento de seus efluentes na rede pública coletora de ­esgotos, de onde são encaminhados para estações de tratamento. Em contrapartida, a Universidade se comprometeu a “entregar” um efluente dentro dos padrões fixados para 30 indicadores físico-químicos, como pH, temperatura, gorduras, óleos e graxas, substâncias explosivas e tóxicas e metais pesados.

Ao ingressar no Precend, cada prédio precisa elaborar um projeto para gestão de esgotos não domésticos. Esse projeto é submetido à apreciação da Copasa e, se aprovado, um contrato é assinado entre as duas partes. A partir daí, a Unidade passa a realizar trabalho permanente de monitoramento da qualidade dos esgotos e de controle de processos, produtos e procedimentos responsáveis pela geração de efluentes fora dos padrões estabelecidos, se for o caso.

“O trabalho também deve envolver a implantação de medidas corretivas e de controle do gerenciamento de resíduos”, explica a engenheira civil sanitarista Leila Möller, do Departamento de Gestão Ambiental (DGA). Ela lembra que a qualidade dos efluentes lançados na rede coletora depende fundamentalmente do adequado manejo dos resíduos, gerados, por exemplo, em laboratórios de ensino e pesquisa. “Um produto químico descartado em uma pia pode alterar certos parâmetros dos esgotos. Assim, deve-se considerar como princípio que é proibido lançar produtos químicos e seus traços na rede, exceto aqueles cujas características não comprometam os resultados das análises exigidas pela Copasa a partir de avaliação do gestor de resíduos da Unidade”, adverte. Do contrário, acrescenta a engenheira, a Universidade sofrerá prejuízos de ordem financeira, uma vez que o Precend prevê a cobrança de multa de 30% sobre a tarifa de esgotos, em caso de efluentes lançados fora dos limites estabelecidos.

Seu colega de DGA, o também engenheiro civil sanitarista Fausto Pársia, acredita que a principal vantagem para a UFMG, ao ingressar no Precend, reside na transferência para a Copasa da responsabilidade pela coleta, controle, tratamento e destinação ambientalmente correta de seus esgotos. Os prédios da Faculdade de Odontologia e do Hospital das Clínicas (edifício principal) foram os primeiros a aderir à iniciativa. As outras 14 unidades serão incorporadas ainda este ano e em 2013.

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