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Nº 1852 - Ano 40
17.02.2014


Encarte
17.02.2014

Reforçando as interseções

Jornada marca lançamento do Centro de Estudos Indianos na UFMG

Ana Rita Araújo

Países emergentes e com níveis similares de desenvolvimento, Brasil e Índia têm diversos “pontos de contato”, capazes de proporcionar vastos campos de trabalho conjunto, acredita o professor Roberto Monte-Mór, coordenador do Centro de Estudos Indianos (CEI) da UFMG, que será lançado oficialmente esta semana, no campus Pampulha, com a realização de sua primeira jornada internacional.

Três grandes linhas – Cultura e filosofia; Ciência e tecnologia; e Desenvolvimento e sustentabilidade – norteiam a programação do evento, distribuída em mesas com convidados brasileiros e indianos. Segundo Monte-Mór, a intenção é articular o assunto de cada mesa com o tema geral do encontro – ­Cooperação acadêmica Brasil-Índia no século XXI – que também será abordado na palestra de abertura pelo economista Vinod Vyasulu, professor sênior do International Institute for Information Technology in Bangalore.

O evento, que acontece de 19 a 21 de fevereiro no auditório 1 da Faculdade de Ciências Econômicas (Face), contará com a presença do reitor Clélio Campolina, do embaixador da Índia no Brasil Ashok Tomar e convidados. Também estarão presentes pesquisadores da UFMG e de outras instituições que em outubro passado apresentaram ao CEI 26 projetos que incluem parcerias consolidadas, convênios em fase inicial e possíveis interações acadêmicas. As palestras serão proferidas em inglês, sem tradução simultânea.

“Existe um consenso de que a colaboração Brasil-Índia é importante, desejável e tem um potencial imenso, mas precisa ser ampliada”, resume Monte-Mór, que vislumbra o crescimento das parcerias a partir do estímulo institucional na UFMG, materializado na criação do Centro de Estudos Indianos. O CEI substitui, na Universidade, o Centro de Estudos da Índia, criado em 2010 como resposta a uma demanda da Fundação Alexandre Gusmão, ligada ao Itamaraty.

A nova estrutura amplia as áreas de atuação, “até porque não se trata necessariamente de estudos sobre a Índia, mas de parceria entre várias áreas do conhecimento”, explica Monte-Mór, citando como exemplos o intercâmbio já realizado na UFMG por pesquisadores das áreas de ciências exatas e convênios em andamento nas áreas de Farmácia e de Veterinária, este relacionado à criação de búfalos, envolvendo o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) em Informação Genético-Sanitária da Pecuária Brasileira, sediado na UFMG.

O coordenador acredita que, ao surgirem novas demandas, o governo brasileiro terá grande interesse em abrir editais para linhas de pesquisa ­conjuntas. “É também possível pensar em envolver eventualmente o governo estadual, em áreas como tecnologia e biologia, a exemplo de projetos já existentes com regiões da França”, sugere. Segundo ele, cabe ao CEI estabelecer programação para 2014 e 2015 e atuar na construção desse processo, que envolve academia e governos dos dois países.

Paralelismo

Ao analisar as três linhas que o CEI elegeu para guiar seu trabalho, Roberto Monte-Mór comenta que em Cultura e filosofia há “muito mais brasileiros estudando a Índia e suas tradições do que uma troca horizontal”. Já em Ciência e tecnologia, existem campos nos quais ocorrem pesquisas conjuntas, com mobilidade de professores e de alunos brasileiros e indianos. “São relações bastante complementares, pois existe certo paralelismo no estágio de desenvolvimento entre a UFMG e as instituições parceiras daquele país”, avalia o coordenador.

Em Desenvolvimento e sustentabilidade, Roberto Monte-Mór comenta que a Índia tem muito a ensinar, “mas, por outro lado, o Brasil registra muitos avanços, por exemplo, na linha de processos de desenvolvimento”. As possíveis trocas abrangem a tradição de sustentabilidade e o equilíbrio homem/natureza, fortes na Índia, e a experiência de acelerada urbanização já vivida pelo Brasil, que apenas se inicia naquele país. “Não é o caso de transplantar experiências, até porque algumas já vividas por nós foram caóticas e indesejáveis, mas sem dúvida há muitas interseções”, reitera o professor do Departamento de Ciências Econômicas.

Confira a programação do evento

Dia 19

16h – Solenidade de abertura
Conferência de abertura - Vinod Vyasulu (International Institute for Information ­Technology in Bangalore)

Dia 20

9h – Mesa Cultura e Filosofia
Maria Lucia Abaurre (UFPB)
Evandro Vieira Ouriques (UFRJ)
Shyama Prasad Ganguly (Jawaharlal Nehru University)
Carlos Gohn (UFMG – debatedor)

14h – Mesa Ciência e Tecnologia
Roberto Marcondes César Júnior (USP)
Amit Bhaya (UFRJ)
Sangram K. Sahoo (UFMG)
Alberto Laender (UFMG – debatedor)

Dia 21

9h – Mesa Desenvolvimento e ­Sustentabilidade
Suhasini Ayer (Auroville Design Consultancy)
Joss Brooks (Pitchandikulam Forest Consultants Auroville)
José Maurício Domingues (Uerj)
Maurício Andrés Ribeiro (Agência Nacional de Águas – debatedor)

14h – Workshop Cooperação Acadêmica Brasil-Índia no século XXI
Palestra de abertura: Edgard Leite Ferreira Neto (UERJ)