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Nº 1854 - Ano 40
10.03.2014

Força na antena

Com transmissor que aumenta em 20 vezes a sua potência, Rádio UFMG Educativa alcança patamar técnico equivalente ao de suas congêneres na capital

Ana Rita Araújo

A programação da rádio UFMG ­Educativa FM 104,5 agora pode ser ouvida em toda a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Há oito anos funcionando com transmissor de 1,5 quilowatts (KW), a emissora acaba de instalar equipamento que amplia sua potência em quase 20 vezes. “Este é um momento histórico”, comemora o jornalista Kiko Ferreira, diretor executivo de Rádio e TV do Centro de Comunicação da UFMG. Ele explica que a nova potência põe a emissora no mesmo patamar técnico das rádios profissionais que atuam na capital.

Para receber o transmissor, que já está em operação, foi necessário reformar instalações físicas, renovar a parte elétrica e instalar nova antena, no bairro Água Branca, em Contagem “É um recomeço, por isso estamos refazendo toda a nossa roupagem de áudio. Inclusive o jingle que identifica a rádio tem nova gravação, com tecnologia de qualidade superior”, explica o jornalista, lembrando que a comunidade está sendo convidada, por meio de campanha pela internet, vídeo na TV UFMG, outboor e busdoor, a “experimentar a emissora” e a ajudar a monitorar o sinal, para que eventuais ajustes sejam feitos.

Segundo o coordenador-geral Elias Santos, embora a UFMG Educativa não seja conhecida de grande parte da população, mantém “bons e fiéis ouvintes”. Para mostrar a diversidade desse público, ele cita contatos feitos com a emissora por um operário da construção civil que mora em Ribeirão das Neves e por um mecânico de Contagem que em 2007, ao final da primeira temporada do programa Logofonia, realizado em parceria com projeto do Departamento de Filosofia, relatou sua empatia com o tema. “Nosso público ouvinte é diverso, assim como a nossa programação”, comenta.

De acordo com o radialista, além da programação básica, ao vivo, de segunda a sexta, das 7h às 22h, a rádio tem em torno de 50 programas, produzidos em colaboração com pesquisadores e estudantes de departamentos e de projetos acadêmicos que abrangem todas as áreas do conhecimento. Elias Santos informa que a grade básica, preparada por profissionais de comunicação, vai se manter, enquanto a série de programas gravados, que contam com parceiros institucionais, passa a seguir modelo de projeto acadêmico, com início, meio e fim. “Assim, um tema trabalhado em número determinado de semanas pode ter uma pausa e depois retornar seguindo, por exemplo, o ritmo dos semestres letivos ou de atividades dos projetos”, comenta, destacando que a emissora está sempre aberta a propostas.

Essa mesma “cultura universitária” ­justifica, na opinião do radialista, o grande número de prêmios recebidos pela emissora em oito anos de funcionamento. “Temos condições de fazer matérias mais aprofundadas e de promover reflexões e avaliações em grupo, antes que o programa vá ao ar”, diz. A formação de alunos é outro objetivo do trabalho. “Sem as regras rígidas das emissoras profissionais, a UFMG Educativa se torna um espaço democrático entre funcionários, profissionais e os entrevistados, que podem ser pesquisadores, empresários ou políticos. Isso amadurece o estudante, que sai praticamente pronto para atuar no mercado”, avalia Kiko Ferreira.

Fora de Minas

É ainda no espírito colaborativo típico do ambiente universitário que a rádio aposta para estar presente até mesmo em outros estados do país. A retomada da interlocução com a Associação das Rádios Públicas do Brasil (Arpub) tem permitido que os profissionais de comunicação e de engenharia que compõem a equipe da UFMG Educativa participem de grupos de trabalho e encontros, além de desenvolverem projetos em conjunto.

Atualmente a rádio participa do projeto Conexão Brasil, da Arpub, no qual, a cada mês, uma emissora pública é responsável pela produção de programa com a linguagem própria do seu estado, sem filtros comerciais, para exibição por ­todas as ­integrantes da rede. Outro projeto que conta com o empenho da equipe é a ­Cobertura ­diferenciada da Copa do Mundo e do ­Futebol, que procura entender como a sociedade funciona, a partir da visão de pesquisadores de áreas como educação física, letras, história e sociologia. Além do futebol, a grade da emissora vai intensificar a presença do rock and roll, estilo que, segundo pesquisa do Ibope, embora seja objeto de grande demanda do público das classes A e B, tem pouca presença nas rádios brasileiras.

Quatro anos, 12 mil programas

A rádio UFMG Educativa é mantida por parceria entre a UFMG e a Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Opera o canal educativo FM 104,5 no município de Contagem, desde 2005, com a missão de dar visibilidade à Universidade, de ­permitir a formação complementar de alunos e professores e de oferecer programação radiofônica alternativa aos ouvintes da RMBH. Parcerias consolidadas com iniciativas acadêmicas resultaram na produção de mais de 12 mil programas educativos exibidos nos últimos quatro anos, bem como em diversos trabalhos de conclusão de curso e projetos de pesquisa com bolsas do CNPq e da Fapemig.