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Nº 1859 - Ano 40
14.04.2014

Encarte

Festa para todas as culturas

Centro Cultural UFMG celebra 25 anos com a preocupação de se abrir ainda mais à comunidade e à experimentação nas artes

Itamar Rigueira Jr.

Na semana que vem, logo depois dos feriados, e até o dia 30 de abril, o Centro Cultural UFMG estará em festa. Uma celebração feita de exposições, espetáculos, oficinas, intervenções na rua – e para a qual estão convidados todos os públicos. As comemorações dos 25 anos da instituição pretendem refletir o seu esforço em se consolidar como espaço de convivência e de experimentação artística.

A programação de aniversário vai reafirmar o sentido do projeto Muitas Culturas no Centro, desenvolvido recentemente e que convocou a comunidade, sobretudo a do entorno (o espaço está localizado na área da Praça da Estação, hipercentro de Belo Horizonte), a se apropriar do ambiente e se expressar em contato com a arte contemporânea e as novas tecnologias.

“Temos trabalhado muito para construir um espaço de bem-estar no ‘centrão’ de BH, aberto a estudantes, professores, comerciantes, trabalhadores e transeuntes”, afirma a professora Maria Inês de Almeida, que dirige o Centro Cultural há cerca de três anos. “A ideia é que todos os grupos apresentem propostas, a partir da sua própria maneira de fazer e usufruir a arte.”

Parte da programação de aniversário terá como tema o próprio Centro Cultural e sua região. Um exemplo é a mostra de filmes O espírito das plantas com obras de ficção e documentários que abordam o tráfico e o uso de drogas. “Esse é um tema que marca a nossa região, e o evento é ótima oportunidade de falar sobre substâncias psicoativas, em discussão sem moralismo. Essa abordagem é feita muito mais pela mídia, e malfeita”, comenta Maria Inês, acrescentando que os filmes serão acompanhados de debates. Ela anuncia também o lançamento da feira anual de artes Divercidades, promovida em parceria com cidades e circuitos turísticos de Minas Gerais.

Todos os dias, no pátio, haverá encontros de música de rua, cultura hip hop e poesia (com lançamentos de edições independentes). Na rua, grupos que fazem residência artística vão se apresentar na forma de intervenções curtas. A “festa” de aniversário inclui também shows de Titane e da banda do professor Eduardo Mortimer, da Faculdade de Educação da UFMG, e exposição da memória do Festival de Inverno, com mais de 40 anos de existência. Outra exposição de arte, escolhida por meio do Edital Galerias, é feita de instalações em gesso e fotos da artista Marina RB. (Veja quadro com parte da programação na página ao lado.)

Integração

Localizado em região estratégica, porque é acessível a grande parte da população da capital e até de municípios vizinhos, o Centro Cultural tem trabalhado para consolidar seu papel na cidade. Para o professor Cid Velloso, reitor da UFMG na gestão 1986-1990, quando o órgão foi criado, a presença no hipercentro inspira o desenvolvimento de ações voltadas também para uma população de menor poder aquisitivo e com menor acesso à informação cultural.

“A Universidade mantém historicamente uma postura elitista, e grande parte da população encontra dificuldades de se relacionar com a instituição”, diz Velloso, que integra o Conselho Diretor, ao lado de nomes como Jacyntho Brandão, Marcos Hill e João Gabriel Marques Fonseca. Ele recorda que a proposta era criar um contato mais fluente da Universidade com as pessoas, mas admite que ainda há muito a se fazer nesse sentido. “Os próprios alunos da UFMG conhecem pouco o Centro Cultural. É preciso trazer mais estudantes para esse espaço, em integração com a sala de aula.”

Maria Inês de Almeida ressalta o grande potencial do Centro Cultural, que se destaca entre ambientes de mesma natureza em outras universidades brasileiras e latino-americanas. “É um dos melhores espaços expositivos. A galeria principal tem tamanho adequado e iluminação profissional. Falta apenas um sistema de climatização que permita abrigar obras que exigem tratamento especial”, diz Maria Inês. “O Centro Cultural está pronto para mudar de patamar e dar um passo à frente como parte importante da cultura da UFMG e do circuito da cidade e do estado.”

Recém-empossada diretora de Ação Cultural, a professora Leda Martins diz considerar o Centro Cultural um dos espaços mais significativos da UFMG tendo em vista o papel da instituição na construção da memória cultural e artística. “É uma de nossas principais referências, e precisamos aproveitar cada vez mais sua vocação para ações que estimulem propostas de renovação estética”, afirma Leda. “Um dos objetivos é que, em integração com ambientes em Belo Horizonte, Tiradentes e Montes Claros, o Centro continue atuando pela valorização e disseminação de nosso patrimônio cultural.”