Festival 2015

47° Festival de Inverno da UFMG

O 47º Festival de Inverno da UFMG, promovido pela Diretoria de Ação Cultural da Universidade Federal de Minas Gerais, acontece entre os dias 17 e 24 de julho de 2015, na cidade de Belo Horizonte.. A edição tem como tema ‘Apropriação e transformação dos espaços da cidade e da Universidade’ – espaços entendidos não somente em seu sentido concreto, mas também simbólico/subjetivo, que propõe evidenciar as relações de pertencimento mútuo entre a Universidade e a Cidade na qual ela existe.

Uma das principais características que sempre marcaram o Festival de Inverno da UFMG é a de transformar as cidades que o receberam e de se transformar por meio dessa experiência. Em sua 47ª edição, depois de uma trajetória muito bem sucedida por Ouro Preto e Diamantina, além de Poços de Caldas, São João Del Rei, Tiradentes e Cataguases e após duas edições na cidade, em 1989 e 1992, o evento voltou a ser realizado em Belo Horizonte em 2014.

Ao longo de sua história, o Festival de Inverno sempre estabeleceu uma relação muito especial com as cidades por onde passou, apresentando-as, por um lado, como cenários perfeitos para as mais diversas manifestações expressivas e, por outro, revelando muitas das riquezas culturais que as cidades intrinsecamente possuem, mas que geralmente são invisíveis ao nosso olhar cotidiano.

Trata-se, portanto, de um evento que, apropriando-se dos espaços públicos cotidianos – para ressignificá-los como ambientes privilegiados que colocam em primeiro plano a criação e o compartilhamento de bens culturais –, transforma significativamente não apenas os espaços físicos ocupados como também nossos espaços subjetivos e simbólicos, ampliando a nossa percepção – em especial dos lugares sociais, políticos, afetivos e de memória –,instigando-nos à reflexão, oferecendo-nos a possibilidade de rever os caminhos costumeiros com outros olhos e aguçando a nossa capacidade de solucionar com mais criatividade as questões que nos acompanham.

Certamente, cada evento com o qual nos envolvemos, seja artístico ou referente a qualquer outra forma de cultura, contribui no sentido de oferecer oportunidades para que essa transformação aconteça. No entanto, e muitas vezes de maneira inesperada, que vivemos o privilégio de sermos profundamente tocados, seja por uma imagem, por um pensamento, por uma melodia, pela palavra, por uma ideia, pelo movimento, por uma descoberta ou por qualquer outra forma de conhecimento por meio da qual o potencial criativo dos seres humanos nos surpreende, fascina e transforma.

As universidades, referenciais como produtoras de conhecimento, em primeiro lugar devem ser reconhecidas como um espaço público que é parte das cidades que habitam, e não como um universo à parte que ocupa um espaço dessas cidades. E se o fato de a universidade ser um espaço público da cidade implica a possibilidade de ser atravessada pelas questões e dificuldades que acompanham o crescimento urbano, deve implicar também o trânsito e o compartilhamento mútuo de soluções, ideias, descobertas, criações, cuja produção é a razão de existência das instituições culturais.

Na verdade, uma das grandes portas que reafirmam as universidades como espaço público é a Extensão, que garante que os bens culturais produzidos nos ambientes dos campi universitários sejam extensivos à comunidade em geral; como via de mão dupla, os saberes produzidos fora do ambiente acadêmico devem ter livre acesso ao espaço universitário. Entre as grandes questões que sempre confrontamos e que ainda se colocam como foco imprescindível da nossa atenção é o convívio das diversidades entre si, em todas as suas dimensões: de formação acadêmica, de origem social, orientação sexual, identidade étnica, disponibilidade físico-corporal, poder econômico, desenvolvimento intelectual, afinidade estética, entre outras.

Cabe ressaltar que as relações da universidade com os cidadãos, em especial com os moradores da cidade que a compreende, vai muito além da oferta de vagas para graduações e pós-graduações. Para ocupar um espaço na universidade, usufruir de muitos bens que a universidade pode oferecer e viver a oportunidade de uma transformação, o cidadão não precisa necessariamente utilizar a porta dos vestibulares e processos seletivos e se tornar um aluno regular; pode usar a porta da Extensão que, em tese, está sempre aberta a todos.

Como uma via de mão dupla, as universidades não devem exigir que seja exclusivamente dos cidadãos a iniciativa de buscar os bens culturais que elas podem oferecer. Cabe a elas, em certos momentos, tomar a iniciativa de se apropriar dos espaços da cidade e buscar o encontro com seus cidadãos, compartilhando alguns conhecimentos que nela se produzem. Em especial, a universidade deve valorizar não apenas o acúmulo de cultura e a assimilação do conhecimento que já foi produzido, mas também a nossa capacidade criativa e de (re)invenção.

Em todos esses aspectos, o Festival de Inverno da UFMG, como uma de suas mais importantes ações culturais, apresenta-se como um evento privilegiado. Desde a sua criação, muitas e muitas de suas ações tem sido transformadoras e aglutinadoras que propiciam que a universidade que o promove e a cidade que o recebe se confundam com ele, de modo que, da forma mais intensa possível, possamos recriar os ambientes universitário e urbano, transformando-os em espaços culturais de compartilhamento e produção de conhecimento, de apreciação e de reflexão.

Para tanto, propõe-se um Festival que, ao lado das diversas atividades desenvolvidas em espaços fechados, ofereça igualmente, ou até mesmo em maior proporção, atividades em espaços abertos – oficinas, aulas abertas, atividades artísticas e pedagógicas voltadas aos diversos campos do conhecimento, bem como espetáculos, shows, exposições e demais eventos artísticos e culturais –, dentro e fora do campus da UFMG (praças e outros espaços públicos), em grandes tendas e/ou palcos, de forma descentralizada. Havendo continuamente intervenções pelas ruas, praças e demais espaços públicos, em tendas e palcos montados em diversos espaços, ao chegarmos à cidade não será necessário procurar pelo Festival, pois já estaremos nele.