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Ciência e brincadeira se completam no Festival Jovem

quarta-feira, 20 de julho de 2016, às 16h30

Legítimo representante da geração que tem no ambiente virtual sua principal fonte de brincadeiras, o garoto Yuki, 8 anos, nunca tinha se divertido com uma piorra, mas garante que gostou muito. “Em casa quero tentar fazer uma sozinho, para que eu possa brincar de novo”, disse. Miguel, da mesma idade, se encantou com o foguete, utilizado como exemplo para explicar o conceito de gravidade na aula de ciências. “A gente entendeu por que os foguetes flutuam no espaço”, afirmou o garoto.

Yuri, Miguel, Gabriel, Taiki e Daniela são alguns dos rostos infantis que movimentam o Festival Jovem, atividade do Festival de Inverno da UFMG que reúne ciência, música, arte e pensamento para crianças de 6 a 8 anos. Realizada no Teatro Universitário, no campus Pampulha, a programação segue até sexta-feira, 22, e representa uma oportunidade para que as crianças deixem os videogames e tablets em casa e se divirtam em atividades recreativas e lúdicas.

O grupo Serelepe, vinculado à Escola de Belas-Artes, levou brincadeiras de música e movimento, com o objetivo de despertar nas crianças o desejo de experimentar o novo. Para Regis Santos, integrante do grupo, é comum, na era dos celulares, ficar preso à tecnologia e se esquecer da experiência com o outro.

“O objetivo é que eles experimentem algo que não conheçam, o que é muito importante para o desenvolvimento da coordenação, da voz e da socialização. Brincar é construir o conhecimento que está no corpo e na experiência”, explica.

Na aula de cerâmica, houve trabalho em equipe, compartilhamento de materiais e construção, pelas próprias crianças, de pequenos objetos (potes e vasilhas) feitos de argila. Para Marlúcia Temponi, uma das coordenadoras da oficina, o convívio e o divertimento que envolve a construção de materiais são os pontos fortes das aulas. “Queremos passar a impressão aos meninos e meninas de que eles podem ver, colocar a mão, construir e transformar o barro”, acrescenta.

Foca Lisboa / UFMG
_MG_9145b.jpg Tocar a argila e aprender a construir foi o que mais divertiu Gabriel, de 7 anos [foto]. “Eu estou adorando, porque aqui a gente aprende brincando”, comentou ele, na atividade realizada na tarde desta terça-feira, 19.

Primeiro contato com a física
A primeira atividade do dia foi a aula Ciência para crianças, na qual o professor Juares Dutra da Silva introduziu conceitos de física, como momento angular e a Terceira Lei de Newton, com base na construção, pelas próprias crianças, de brinquedos que ilustram as explicações.

Nathalia Costa / UFMG

O objetivo das aulas é gerar e partilhar conhecimento científico e, ao mesmo tempo, atrair a atenção dos alunos. Para o professor Juares, trata-se de ótima oportunidade para que as crianças se apaixonem pela ciência e queiram seguir carreira na área.

“As crianças ficam muito em casa e estão acostumadas a brincar com tecnologia. Aqui, elas podem construir e criar o próprio brinquedo, em vez de ir a uma loja e comprá-lo”, explica Dutra.

Na atividade, Juares Dutra busca trabalhar com objetos novos com os quais as crianças ainda não tenham travado contato. Para explicar a conservação do momento angular, foi construída uma piorra de rodelas de papel e lápis de cor.


Nathalia Costa / UFMG
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Miguel, Yuki e André mostram as piorras que coloriram na aula

Conhecer a partir do não saber
Segundo o professor Daniel Gaivota, o objetivo era introduzir a experiência do pensamento, base da filosofia. “A filosofia é diferente dos outros conhecimentos porque tem forte relação com o esvaziamento. Só pensamos quando não sabemos. O meu objetivo era estimular as crianças a vivenciar alguma experiência de pensamento”, explica.

Nathalia Costa / UFMG
IMG_5023b.JPG No segundo dia da oficina que discute filosofia com as crianças, foi dada continuidade a um experimento com uma caixa fechada e o questionamento sobre o seu possível conteúdo. Abrir a caixa despertou sentimentos diversos nas crianças, que não esperavam que dali sairiam estrelas feitas com uma lanterna projetada em tela preta, mas animais reais, como escorpião, cobra ou sapo. “Fiquei decepcionado, porque achei que fosse um bicho de verdade, mas eram só estrelas”, diz Neel, de 7 anos.

Embora já imaginasse que algumas crianças ficariam frustradas, Gaivota garante que a decepção não atrapalhou os resultados da atividade. “A expectativa que criaram era tão grande que mesmo uma barra de ouro não seria o bastante para elas. Algumas ficaram muito frustradas, mas mesmo assim questionaram e participaram da discussão”, analisa.

Nathalia Costa / UFMG
IMG_5032b.JPG Para finalizar, as crianças deveriam desenhar uma constelação em forma de um animal que os representasse. Neel [foto] escolheu ser uma pantera devido à rapidez, força, habilidade e inteligência.

(Nathalia Costa)

Fonte: Agência de Notícias UFMG