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'Performers' benzem Palácio da Liberdade e desafiam hegemonia do automóvel

sexta-feira, 22 de julho de 2016, às 7h07

Munidos de ramos de manjericão e espada-de-são jorge, plantas que, na visão popular neutralizam energias negativas, os participantes da oficina Quem tem medo da performance rumaram para a entrada do Palácio da Liberdade e benzeram a sede histórica do governo de Minas Gerais.

Crítica explícita ao momento político vivido pelo país, o ato dividiu os curiosos que passavam pelo local na tarde da última quarta-feira, 20. Uns, intrigados, bradavam: “É macumba”. Outros, em apoio, retrucavam: “Tem que benzer mesmo”. As reações extremadas não surpreenderam a artista Christina Fornaciari, doutora em Performance e idealizadora da atividade.

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Alunos usaram ramos para neutralizar as energias negativas que emanam do universo da política

Em outro momento, Christina reuniu os participantes e propôs uma ação de resistência à supremacia dos veículos. Assim que o sinal verde de um dos semáforos na Praça da Liberdade era acionado para os transeuntes, os participantes da prática levavam cadeiras para a faixa de pedestres e lá permaneciam até que o sinal abrisse para os veículos. Logo na primeira execução do ato, um carro que ocupava a faixa foi cercado por cadeiras para o constrangimento da motorista que tentava justificar a irregularidade.

Para todos
“Conseguimos reunir de crianças a pessoas de terceira idade, além de médicos, professores, mochileiros, enfim, todos que passam e se interessam. Essa é a característica fundamental da aula aberta, na qual é possível alcançar grupos de pessoas com interesses mais amplos”, afirmou a artista.

A professora Augusta Oliveira, que nunca havia mantido contato com a prática da performance, destacou a potência política da atividade: “Chamamos a atenção de todos que passaram perto de nós. É muito bacana ver nosso ato despertando reações no outro”, disse. Perguntada sobre a sensação de se sentar na cadeira na frente dos carros, a professora sorriu e comentou: “Foi fantástico. Quando chegar em casa vou pensar mais a respeito. Por enquanto, ainda estou em estado de euforia".

Fornaciari assentiu: “Estamos propondo um tipo de arte que, por natureza, gera reflexão, mas o objetivo principal é trazer alegria, que liberta e funciona como motor da ação”.

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Christina Fornaciari, à esquerda: alegria como motor da ação

(Ferdinando Marcos)

Fonte: Agência de Notícias UFMG