EDGARD CARVALHO DA SILVA
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Estudante, professor e diretor da Faculdade de Odontologia. Foto: Gabriel Araújo

Aos 93 anos, Edgard Carvalho da Silva preferiu conceder um depoimento oral em comemoração aos 90 anos da UFMG, já que é “de uma área que é menos dada à sociabilidade e às letras”.

Edgard é “dentista, puramente, em termos universitários”. “Só odontologia”, ele brinca. Mas uma breve pesquisa sobre sua história revela um cirurgião reconhecido, “sempre sério na profissão”, como ele enfatiza. Tem nove filhos, quatro dos quais seguiram seus passos na carreira, além de diversos netos.

“Eu nunca saí daqui. Nunca tirei o pé de Belo Horizonte para estudar a especialidade que escolhi”, relata Edgard Carvalho, que elege a UFMG como um dos motivos de ele ter conseguido chegar aonde queria. Ele foi estudante da Escola de Odontologia da então Universidade de Minas Gerais e professor e diretor da Faculdade de Odontologia da UFMG. Assumiu a responsabilidade pelo setor de atendimento odontológico do Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Comerciários (IAPC) e desempenhou as funções de cirurgião-dentista no Hospital Luxemburgo e no antigo Hospital Santa Mônica – onde criou o núcleo odontológico e de atendimento a traumas faciais de lá – e de clínico em consultório particular. Foi também presidente da Associação Brasileira de Odontologia e do Conselho Regional de Odontologia de Minas Gerais.

“Fiz o vestibular aqui, na Escola de Odontologia. O curso funcionava na Praça da Liberdade, com duração de três anos”, afirma Edgard, que formou-se na Licenciatura em Odontologia, em 1946. Permaneceu quatro anos como professor voluntário da unidade, logo após prestar os concursos que considera importantes para a sua profissão de dentista.

Aprovado em primeiro lugar para trabalhar no setor odontológico do IAPC, compartilha sua conquista com seus professores da graduação, que, curiosamente, prestaram o concurso com ele. “E aí foi aquela coisa fantástica, fabulosa, na minha vida profissional”, relembra. Por influência dos seus professores, que trabalharam com ele no setor e que considera “dois colegas que o ajudaram naquilo que ele queria”, Edgard decidiu se tornar docente também. E aos poucos conquistou o título de livre docente, doutor e catedrático, defendendo duas teses na Universidade.

Sobre sua relação futura com a UFMG, ele diz que a possibilidade de retorno é difícil. Mas deixa seu recado para a comemoração dos 90 anos da instituição: “Desejo que a universidade continue, por anos a fio, o que tem sido até agora. Com seriedade no ensino, competência dos docentes e coragem para enfrentar as dificuldades. Vida alegre, com fé! Compartilho da esperança de todos para que a UFMG continue cada vez brilhando mais.”

Suas carteirinhas, que ele guardava no bolso da camisa, de quando trabalhou no Hospital Luxemburgo (em segundo plano) e na UFMG (em primeiro). Foto: Gabriel Araújo