Busca no site da UFMG

Nº 1550 - Ano 32
2.10.2006

Multiplicadores da preservação

Cecor promove curso de educação patrimonial para professores de Itabirito

Manoella Oliveira

urante seis meses, a restauradora Moema Nascimento de Queiroz, do Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis (Cecor), trabalhou na revitalização da capela de São Sebastião, em Macacos, distrito de Nova Lima. A iniciativa foi realizada com a ajuda de vários grupos, entre eles cerca de 100 estudantes do ensino fundamental da escola da região. Além de satisfação, o resultado trouxe uma idéia. “Sozinha, havia instruído todas aquelas crianças, e as atividades foram muito produtivas. Pensei, então, no efeito multiplicador: se eu trabalhasse com 20 professores, por exemplo, eles atingiriam um número de pessoas infinitamente maior”, conta Moema.

Foca Lisboa

Aluno do curso exibe retrato: afeto pessoal projetado para a esfera coletiva

Até então concentrada no restauro e na conservação de obras de arte, na conscientização dos proprietários em relação à preservação desses bens e na oferta de palestras para a comunidade, a atuação do Cecor incorporou nova vertente a partir da experiência de Moema Queiroz: um curso voltado para os educadores.

O município de Itabirito foi o primeiro a firmar parceria com a UFMG, o que resultou em curso para os professores da rede municipal já em 2005. Este ano, o curso Preservação do patrimônio através da educação patrimonial chega a seu segundo módulo, com 45 horas/aula, na Casa de Cultura da cidade. São 20 alunos, e as aulas terminam este mês. O curso traz a metodologia e os conceitos básicos de educação patrimonial, além de exemplos práticos de projetos que o Cecor realizou e práticas pedagógicas.

“Nosso objetivo é despertar nesses professores a consciência de que são parte da mudança de mentalidade. Ao incorporar conceitos de patrimônio cutural em suas disciplinas, eles, inevitavelmente, abordam questões de cidadania, ética e identidade”, argumenta Moema Queiroz, coordenadora do curso.

Patrimônio pessoal
Quem não tem um objeto de estima muito bem guardado ou uma receita de família ensinada de uma geração a outra? Bens nem sempre valiosos ao olhar do mercado recebem atenção especial por parte de seus donos por motivar outro tipo de apego.

Esse sentimento preservacionista é o ponto de partida das práticas pedagógicas experimentadas no curso do Cecor. “Ao levar objetos pessoais à sala de aula, os professores da rede municipal entram em contato com a própria memória e em seguida projetam esse afeto para o âmbito do patrimônio coletivo”, explica a restauradora.

Para Moema Queiroz, um indivíduo só consegue refletir sobre a importância de preservar um bem cultural se fizer o mesmo com objetos do seu universo. E ressalta: “É fundamental que as pessoas estejam imersas no coletivo. Alguém que degrada um monumento mostra que não se vê representado por ele”, diz.

Já no primeiro ano de existência, o curso estimulou a produção de trabalhos que acabaram premiados. Com a coincidência de datas entre o projeto Tesouros do Brasil, da Fiat, e a realização do curso, os professores do Cecor ministraram aulas sobre elaboração de projetos e sugeriram aos educadores que aproveitassem esse material para inscrever trabalhos.

Entre os cerca de 1.300 concorrentes, quatro trabalhos de Itabirito foram pré-selecionados e dois acabaram publicados no livro Tesouros do Brasil 2005. O material será distribuído para todas as escolas que participaram da proposta.

Outro fruto do curso foi a campanha Patrimônio vivo, implantada pela Secretaria do Patrimônio e Turismo de Itabirito. A iniciativa baseia-se na exibição de vídeo sobre a importância do patrimônio antes das sessões gratuitas de cinema que acontecem semanalmente no município.

Curso: Preservação do Patrimônio através da Educação Patrimonial
Professores: Moema Nascimento Queiroz, Mário Sousa Jr e Ana Maria Ruegger.
Apoio: Secretaria do Patrimônio e Turismo
de Itabirito
Financiamento: Prefeitura de Itabirito