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Nº 1580 - Ano 33
2.9.2007

Tesouro à mostra

Saguão da Reitoria abriga exposição do acervo de obras raras da UFMG

Luiz Dumont Jr.

Publicado em 1655, o livro Discorsi e dimonstrationi matematiche reúne estudos sobre o som e a queda dos corpos. Suas proposições impulsionaram a ciência do som, pesquisando as características das cores vibrantes e demonstrando que o volume de um som deriva da freqüência de vibração da sua fonte. Esses estudos foram propostos por ninguém menos que Galileu Galilei, um dos grandes pensadores da humanidade.

Essa obra-prima da ciência compõe a exposição de documentos raros do acervo da UFMG que pode ser visitada nos próximos 15 dias no saguão da Reitoria. Ao lado do livro de Galilei figuram 80 obras de Platão, Descartes e outros grandes nomes da ciência. Elas foram selecionadas em meio a um conjunto com mais de 14 mil documentos, considerados raros e/ou preciosos devido à sua importância histórica, literária, cultural e patrimonial. Foi formado a partir de doações e de coleções existentes na antiga biblioteca da Reitoria e nas bibliotecas setoriais. As obras cobrem do século 16 ao 20, sendo a maioria do século 19.

Carlos Palombini
Obra portuguesa de 1715, de autoria de Manoel Rodrigues Leitão

Entre as 80 selecionadas – número relacionado ao aniversário da UFMG – estão livros, periódicos, decretos-leis e documentos. Foram escolhidas as raridades relativas às áreas do conhecimento ministradas pela Universidade, além de obras com particularidades interessantes, como algumas primeiras edições. Para o professor Paulo da Terra Caldeira, da Escola da Ciência da Informação e curador da exposição, o evento é uma grande oportunidade para professores, membros da comunidade acadêmica e para o público em geral ter contato com obras importantes.

Ambientes especiais

Fora da exposição, o público não tem livre acesso aos exemplares. Eles ficam em ambientes especiais, climatizados e fechados. O pesquisador ou visitante apenas tem acesso a essas obras acompanhados por um profissional. “As pessoas terão a oportunidade de tomar conhecimento, mesmo que apenas visualmente, já que não poderão folhear a obra. Mas é uma chance para ver de perto. É uma oportunidade única ter contato com uma obra de mais de 400 anos.”

Para ser identificada como tal, uma obra rara deve estar descrita em catálogos nacionais ou internacionais de obras raras ou estar de acordo com normas internacionais que apresentam os elementos que as tornam especiais. Baseada em pesquisa nesses bancos de dados, a UFMG identificou suas raridades. Entre os catálogos brasileiros destacam-se o da Biblioteca de Manguinhos, no Rio de Janeiro, e o da Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo.

O professor Paulo Caldeira faz uma distinção entre obra rara e preciosa, embora um mesmo documento possa apresentar as duas características. A obra é considerada rara quando existem poucos exemplares, cerca de 20. Por outro lado, é tida como preciosa quando há mais exemplares disponíveis, mas carrega um diferencial que a torna especial. “Isso ocorre, por exemplo, quando uma instituição possui uma primeira edição ou volume autografado pelo autor”, exemplifica o professor.

A realização da exposição conta com o apoio da Diretoria de Cooperação Institucional, coordenada pela diretora Cecília Nogueira.

Algumas raridades

Aristóteles
logica, ab erudtissimis hominibu conversas. 1575

Platão
Omnia D. Platonis Opera. 1581

Descartes
Renati Descartes, principia philosophiae. 1644
Obra que demonstra o pensamento filosófico do autor

Exposição de Obras Raras do Acervo da UFMG

Curador: Paulo da Terra Caldeira, da Escola da Ciência da Informação
Local: Mezanino do saguão da Reitoria
Início: 2 de setembro
Duração: previsão de 15 dias
Número de obras: 80