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Nº 1580 - Ano 33
2.9.2007

História para colecionar

Álbum de figurinhas comemora, de maneira lúdica e original, os 80 anos da UFMG

Ricardo Bandeira

Felipe Zig    
Neusa Rodrigues    
Quadro que retrata criação da UMG    
Centro de Memória da Escola de Veterinária    
calouros    
Trote de calouros da Escola de Veterinária,1966    
Miguel Aun / Acervo Museu    
museu ufmg    
Prédio do Palacinho no Museu de História Natural e Jardim Botânico    
Coleção Memória Intelectual da Biblioteca Universitária    
obras    
Prédio da Reitoria em construção    
Jornal Estado de Minas    
escritores mineiros    
Quarteto de escritores: Pedro Nava, Alphonsus de Guimarães Filho, Carlos Drummond de Andrade e Cyro dos Anjos, todos ex-alunos da UFMG    
Jornal Diário da Tarde    
ditadura    
Invasão militar na Escola de Engenharia, 1968    
Acervo do Observatório    
serra da piedade    
Observatório Astronômico Frei Rosário    
Renato Machado Righi    
laguinho da reitoria    
Jacaré encontrado no Lago da Reitoria, década de 70    
Ana Soares    
muro da fae    
Crianças usuárias do sistema de creches,década de 80    
Escola de Música    
escola de musica da ufmg    
Orquestra Sinfônica da Escola de Música    

Cão é brincadeira para uma universidade atravessar oito décadas, duas ditaduras e muitos percalços e, ainda assim, manter-se como sinônimo de excelência. Mas essa história tão séria e importante pode ser contada de maneira original, sem perder a dimensão de sua grandeza. Quem duvida deve conhecer o Álbum Comemorativo dos 80 Anos da UFMG. Nele, a história da universidade é contada por meio de uma coleção de figurinhas. Isto mesmo, figurinhas, paixão que encantou, e ainda encanta, diferentes gerações de adultos e crianças.

“A intenção é marcar, de forma inédita, inusitada e lúdica os 80 anos da UFMG”, afirma uma das criadoras do livro ilustrado, Lígia Beatriz de Paula Germano, coordenadora dos acervos do Projeto República, do Departamento de História da Fafich.

Na publicação, que será vendida em livrarias, a história da UFMG é contada em 230 figurinhas, todas com legendas informativas, distribuídas ao longo de 64 páginas. No lugar da formalidade característica dos livros, quem comprar o álbum terá o prazer de conhecer e saborear, figurinha a figurinha, os momentos marcantes ou inusitados da trajetória da universidade. Os cromos serão vendidos com o álbum, mas num envelope à parte. O colecionador poderá montar a história da UFMG da forma e na ordem que preferir.

Uma das preocupações da equipe que concebeu o projeto foi, exatamente, escapar da linearidade cronológica e do caráter institucional que costuma marcar esse tipo de comemoração. “A idéia é que o álbum permita contar ‘uma’ história da UFMG, que não é a única, nem a oficial”, declara Lígia. Por isto, o livro ilustrado é dividido em nove “constelações de fragmentos”, que relembram momentos da vida universitária nos últimos 80 anos.

O caráter fragmentado é reforçado no texto de apresentação da vice-reitora Heloísa Starling. Ela compara o álbum à “coleção de cacos” imortalizada no poema homônimo de Carlos Drummond de Andrade. “Por ser uma coleção de cacos, este álbum não conta uma história cronológica; tampouco desenvolve uma narrativa preocupada com a estrita recuperação do passado institucional. Ao contrário, forma nove constelações de fragmentos (...) e traça um percurso possível – apenas um entre muitos outros”, escreve a vice-reitora.

O Álbum Comemorativo dos 80 Anos da UFMG é criação conjunta do Centro de Memória e Patrimônio Histórico, Projeto República e Centro de Comunicação (Cedecom).

Jacaré no lago

As nove constelações que compõem o álbum de figurinhas reúnem momentos solenes, heróicos e pitorescos da história da universidade. Lá estão o quadro a óleo que retrata a fundação da UFMG e registros da resistência da universidade às tentativas de intervenção da ditadura militar. Nessa categoria, figura a Semana do Proibido, organizada pelo Diretório Central de Estudantes (DCE), que exibiu, em pleno 1977, produções artísticas censuradas. Mas há espaço, também, para flagrantes curiosos do dia-a-dia da UFMG, como a foto do jacaré que viveu no lago em frente ao prédio da Reitoria, no campus Pampulha, na década de 70.
As imagens foram reunidas ao longo de dois meses de intensa busca em acervos institucionais e privados. Além da equipe encarregada da pesquisa, muitas pessoas, ao saber do projeto, decidiram colaborar com a iniciativa, cedendo fotos e informações. Entre elas, Renato Righi e Maria do Carmo Sartori, servidores da universidade que, na condição de fotógrafos amadores, registram momentos da vida universitária.
Muitos dos acervos pesquisados para a criação do álbum estavam desorganizados e esquecidos. A boa notícia é que, graças ao projeto do livro ilustrado, essas imagens foram resgatadas e serão, agora, catalogadas pelo Centro de Memória e Patrimônio Histórico.

BH que não existe mais

As figurinhas do Álbum Comemorativo dos 80 anos não contam apenas a trajetória da UFMG. Elas são, também, um testemunho de cenas que não existem mais na paisagem de Belo Horizonte. É o caso do palacete da Praça Afonso Arinos, que abrigou a Faculdade de Direito na primeira metade do século XX e já foi derrubado. Outras fotos mostram o ar pacato e o horizonte livre de prédios que caracterizavam bairros como o Funcionários, onde fica a Faculdade de Arquitetura.

As imagens mais antigas do álbum vão além da viagem de 80 anos no tempo, que tem seu marco inicial em 7 de setembro de 1927, data de fundação da UFMG. Há registros anteriores dos prédios das quatro escolas que, reunidas, deram origem à Universidade: Direito, Odontologia, Medicina e Engenharia. Um deles, da década de 1890, mostra a primeira sede da Faculdade de Direito, ainda na antiga capital, Ouro Preto.

Cada uma das quatro escolas fundadoras inspira uma constelação do álbum de figurinhas. As outras cinco constelações são Reitoria, Fafich, Campus Pampulha, Vida Universitária e Letras, Livros, Acordes.