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Nº 1878 - Ano 40
29.09.2014



Encarte


A hora e a vez da competitividade

Mauro Borges, ministro e professor da UFMG, falou sobre política industrial em congresso na Escola de Engenharia

Itamar Rigueira Jr.

Depois de construir a democracia e derrotar a hiperinflação, consideradas conquistas irreversíveis, a sociedade deve se unir para transformar o Brasil em um país competitivo, afirmou na última semana, no campus Pampulha, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges Lemos. “E o conhecimento tecnológico é fundamental para o crescimento, já que o Brasil não cresce mais apenas com base nos recursos naturais”, destacou o ministro. Mauro Borges, professor da Faculdade de Ciências Econômicas (Face) da UFMG, ministrou a última conferência do 20º Congresso Brasileiro de Automação, encerrado no dia 24 de setembro na Escola de Engenharia. Ele foi recebido e acompanhado à mesa pelo reitor Jaime Ramírez e pelo professor Ronaldo Tadêu Pena, professor da unidade e reitor na gestão 2006-2010.

O ministro lembrou que estava diante de público privilegiado para uma discussão sobre política industrial, uma vez que “pesquisas como as da área de engenharia de controle e automação viabilizam a modernização tecnológica da indústria com base em nossa própria capacidade”. Segundo Mauro Borges,“uma política industrial intencional tem de estar conectada à pesquisa. Estaríamos em outro patamar se houvesse correspondência entre o desenvolvimento tecnológico na indústria e o ritmo da pesquisa acadêmica no Brasil”.

Diferentemente de países desenvolvidos, que não precisam estabelecer uma política industrial, porque a vivem na prática – um exemplo são os Estados Unidos, cuja indústria é movida em grande parte pelo desenvolvimento do complexo bélico –, o Brasil, de acordo com Mauro Borges, paga preço alto por mais de três décadas sem diretrizes claras no setor.

“A crise de 2008 pegou o Brasil despreparado para a competição. Sofremos grande defasagem tecnológica em relação à China e a países de fronteira”, disse o professor da UFMG, doutor pela Universidade de Londres e presidente do Conselho de Administração do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC).

Vetores

Borges citou o grande potencial do “segmento das energias”, que inclui as renováveis e as não renováveis, ao defender que sociedade e governo devem escolher os setores que funcionarão como vetores do desenvolvimento da indústria. Outros segmentos que devem fazer esse papel, segundo o ministro, são o agronegócio e o que ele chamou de “complexo da saúde”, em razão do “enorme poder de compra pública”. “Aí está uma grande oportunidade de desenvolvimento industrial, que envolve áreas diversas como a dos equipamentos médico-hospitalares, a biotecnologia e a química”, afirmou o ministro.

Mauro Borges Lemos destacou ainda que é preciso combater os baixos níveis de produtividade e os altos custos gerados por equipamentos com idade média de 17 anos – o dobro do que se verifica nos principais países concorrentes. Nesse aspecto, ressaltou que o Brasil conta com conhecimento científico acumulado que proporciona vantagens em relação a países com estágio de desenvolvimento parecido.

“Tanto nas ciências duras quanto em áreas como a economia, o país avançou demais. Há muito tempo, o conteúdo dos nossos cursos na Face acompanha o que se faz na London School (of Economics) e em Harvard. Ou seja, temos de onde começar”, destacou o professor.

Matéria publicada no Portal UFMG em 24/09/2014