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Nº 1907 - Ano 41
08.06.2015

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Encarte

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Diversidade em gavetas

Formada por dois milhões de itens, coleção taxonômica ajuda a validar resultados de pesquisas biológicas

Fred Lamego

A UFMG conta hoje com mais de dois milhões de depósitos – itens catalogados – em sua coleção taxonômica. Esse material se encontra atualmente no prédio do ICB, no Centro de Coleções Taxonômicas (CCT), mas não dispõe de um local de acondicionamento adequado. Essa realidade, contudo, vai mudar com a construção, no campus Pampulha, de prédio para abrigar essas coleções. O Conselho Universitário já aprovou, por meio de resolução, a oficialização do Centro como órgão complementar do ICB (leia abaixo).

“Coleção taxonômica é um depósito de material de espécimes e outros tipos de material biológico, como pelo, carapaça, ossos, tecido, sangue ou células derivadas de bichos, de plantas e de microrganismos”, define o professor Fabrício Rodrigues dos Santos, do Departamento de Biologia Geral e coordenador da coleção.

Segundo Santos, as coleções, de grande importância para a pesquisa biológica, podem ser comparadas a uma biblioteca biológica. Todo estudo científico com organismos nativos do Brasil precisa ser comprovado e, para isso, deve indicar o objeto pesquisado e a possibilidade de acesso para verificação. A coleção é, pois, o ambiente em que outros pesquisadores podem validar os resultados.

Além dos pesquisadores, o trabalho com as coleções envolve profissionais de outras especialidades, destaca Fabrício dos Santos. Uma das áreas afins, exemplifica o professor, é a ilustração científica. “O desenho ainda é muito utilizado. Há coisas que uma foto não demonstra, mas o desenho é capaz de mostrar o detalhe, ressaltar as características”, esclarece.

Marcos Becho
Fabrício dos Santos com um espécime da ave popularmente conhecida como soldadinho: coleção é ambiente para validação de resultados
Fabrício dos Santos com um espécime da ave popularmente conhecida como soldadinho: coleção é ambiente para validação de resultados

Depósitos crescentes

A Universidade conta com coleções vivas (microrganismos), de subamostras (esqueletos, tecidos, células e DNA) e de espécimes (animais taxidermizados – empalhados – e plantas secas). O número de depósitos tem crescido consideravelmente. “Todos os projetos hidrelétricos, como o de Belo Monte, devem inventariar as espécies existentes que sofrerão impacto da construção das barragens e são obrigados a depositar os espécimes e material biológico em coleção reconhecida pelo governo. Alunos da Universidade, por exemplo, estiveram recentemente em Belo Monte e trouxeram mais de 200 amostras de diversas espécies animais”, afirma o professor.

A previsão é de que o prédio do CCT, com cinco andares, seja construído ao lado do CAD 1. Serão quatro mil metros quadrados para guardar adequadamente e disponibilizar os mais de dois milhões de depósitos existentes. Além disso, o projeto já prevê a expansão do Centro em decorrência do natural aumento do número de depósitos. “Esperamos que todos os depósitos e os espaços de processamento de material e de pesquisa das coleções caibam no prédio, com algum espaço extra para abrigar material do acervo por mais cinco ou 10 anos”, explica.

O prédio funcionará como museu científico. “Existe uma grande diferença entre o museu de exibição e o científico. No primeiro, a curadoria fica a cargo de quem monta a exposição, um museólogo. No científico, existe todo um trabalho de pesquisa e de apoio aos visitantes pesquisadores, mas eles também podem ajudar na preparação de exibições junto com os museólogos, tal como já fazemos no Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG”, destaca Fabrício dos Santos.

A obra, que conta com apoio do Fundo de Infraestrutura (CT-Infra), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), ainda não começou. O projeto arquitetônico do Centro de Coleções Taxonômicas está em fase de elaboração pelo Departamento de Planejamento Físico e Projetos (DPFP) da UFMG.