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Nº 1907 - Ano 41
08.06.2015
Encarte
Henrique Jayme Cunha
Oito horas de 31 de maio. No campus semideserto, que mais tarde seria ocupado por dezenas de famílias no evento Domingo no campus, seis ciclistas saem de uma trilha nas imediações da Escola de Música devidamente paramentados com capacetes e roupas especiais. É possível que o grupo já cultive o hábito de usar o campus para a prática do ciclismo, mas, para outros visitantes, transitar de bike pela Avenida Mendes Pimentel, fechada naquele dia ao tráfego de veículos, representou uma experiência diferente, principalmente em uma cidade ainda hostil ao ciclismo, com seu relevo acidentado e sua malha cicloviária incipiente.
Naquele domingo, Clodualdo Souza, de 46 anos, e a filha, Júlia, de 10, aproveitaram o campus para um passeio de bicicleta. O engenheiro eletricista fez sua pós-graduação na UFMG e, mesmo morando em outra parte da cidade, não deixa de visitar o campus. Assim que ficou sabendo do evento, Clodualdo logo pensou em trazer a família: “O doutorado acaba, mas o vínculo com a universidade permanece”, disse ele.
Os amigos Victor Lang, de 15 anos, Lucas Mota, da mesma idade, e Lucas Rafael, de 14, também aproveitam o campus para pedalar. Os três estudam em um bairro próximo à Universidade e contam que a UFMG é um ótimo lugar para andar de bicicleta. Nenhum deles sabia da programação do evento. Vieram ao campus para pedalar, repetindo um hábito que cumprem praticamente todos os fins de semana: “Tem muita trilha aqui, muita trilha legal”, exaltava Lucas Motta.
Felipe Lima, 33 anos, doutorando em Ciência Política da Fafich, e a esposa Fernanda Cimini, 30, também costumam pedalar juntos. Eles aproveitaram o tráfego interditado para dar várias voltas pelas ruas, e, se depender do desejo deles, o campus voltará a ser aberto em outras oportunidades. “Vamos incentivar, né?”, sugeriu Fernanda.
Nem só de bicicletas se faz um domingo de campus aberto. O aposentado Augusto Eustáquio Oliveira, 65 anos, andava rápido pela avenida, concentrado, carregando um terço e fazendo orações. Sem diminuir o passo, ele contou que mora perto da Universidade, caminha com frequência pelo campus e que a paisagem já faz parte de seu cotidiano.