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JPAGE_CURRENT_OF_TOTAL Dentro, mas fora É até difícil acreditar que dentro do campus da Universidade na Pampulha, em meio à fumaça da cidade, haja uma área verde de aproximadamente 114 hectares que abriga cerca de 150 espécies de aves, nove ordens de mamíferos e mais de 500 espécies de vegetais. É a Estação Ecológica da UFMG, unidade de conservação que também articula atividades de ensino, pesquisa e extensão. “A Estação surgiu por volta de 1965 no rastro de discussões em torno da criação de um campus ecológico. Começava na Europa uma reflexão em torno do meio ambiente e a idéia veio para cá”, rememora o diretor da Estação, professor Celso Baeta. A Unidade mantém espécies de transição entre o Cerrado e a Mata Atlântica e, antes de ser transformada em reserva ambiental, abrigou uma fazenda e um lar para meninos abandonados.
O diretor conta que a Estação Ecológica ficou praticamente abandonada durante a década de 80, o que gerou uma série de impactos ambientais devido à entrada indiscriminada de pessoas e ao depósito de entulhos. Alguns professores e alunos do ICB, vendo a crescente degradação a que a Estação estava exposta, voltaram a colocá-la em pauta no ano de 1988.
“Como toda área verde dentro de uma cidade, a Estação sofre com a questão da especulação imobiliária. Ao longo desses anos, teve alguns momentos de dificuldade para manter sua integridade, o que foi possível graças ao tombamento da área em 1992”, afirma o diretor. A Estação funciona hoje como um ativo laboratório verde. Todos os anos mais de 50 novas pesquisas são iniciadas, e 117 alunos da graduação e da pós-graduação desenvolvem estudos atualmente. “Os temas das pesquisas são variados – de infiltração de águas fluviais a controle e manejo da fauna”, exemplifica Celso.
O local é também uma autêntica sala de aula a céu aberto. Só em 2007, cerca de 2.600 estudantes visitaram a Estação em aulas práticas. Grupos de alunos do IGC vão lá estudar climatologia; já os da Escola de Veterinária aprendem, por exemplo, sobre algumas ervas; alunos da Escola de Belas-Artes deslizam pincéis sobre telas recriando as paisagens do local.
Ligado à extensão universitária, o Programa Estação Ecológica recebe por ano a visita de aproximadamente 20 mil alunos de diversas séries. Eles participam de oficinas e das tradicionais caminhadas ecológicas. “Este é um ambiente bastante contextualizado, o que facilita a compreensão dos problemas ambientais”, acredita a professora de Biologia Leandra Márcia Silva, da Escola Estadual Maria Carolina Campos. Em maio, Tarcísio Alves, 15 anos, aluno do 1º ano do Ensino Médio, visitou pela primeira vez a Estação Ecológica: “Aqui a gente mantém um corpo-a-corpo com a natureza”.
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