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De mais e de menos
Enquanto trabalha para fortalecer e integrar os estados, a Agência Nacional de Águas trata também das questões estratégicas – poluição, uso racional, convivência com as secas e controle de inundações. No Rio Doce, as enchentes são recorrentes e, segundo Rodrigo Flecha, o sistema de alerta precisa ser modernizado. Além disso, o programa de despoluição da bacia, que prevê pagamento por remoção de carga de matéria orgânica, necessita de maior injeção de recursos para proporcionar mais capilaridade ao mecanismo.
Como estratégia para a chamada convivência com as secas, a ANA elaborou recentemente um atlas de obras prioritárias para o semi-árido e pretende promover o abastecimento público, ou seja, garantir oferta de água bruta a 1.100 municípios com população acima de cinco mil habitantes. Um atlas de abastecimento das regiões metropolitanas também está sendo providenciado. O superintendente da ANA lembra que Recife sofre déficit grave de água e São Paulo tem índice de escassez hídrica superior ao do semi-árido.
Se as questões centrais são a escassez no Nordeste, a poluição causada pelo esgoto doméstico nas regiões Sul e Sudeste e a expansão das fronteiras agrícolas no Centro-Oeste, na Amazônia é necessária uma abordagem diferente. Segundo Rodrigo Flecha, as políticas de recursos hídricos e outras de caráter setorial (pesca, saneamento, energia elétrica) não podem ser vistas de forma isolada. “Os recursos originados na cobrança pelo uso da água não serão suficientes para recuperar as bacias. Portanto, é importante que todas as políticas setoriais incorporem a política de recursos hídricos”, defende Flecha.
Para o superintendente da ANA, o Brasil tem uma “posição extremamente confortável no que se refere ao abastecimento de água, mas precisa avançar”. E ele recomenda que todos os gestores “se antecipem aos problemas e conflitos, como os que se podem prever com a busca de novas fronteiras agrícolas na região Centro-Oeste”.
A receita do Manuelzão e do professor Francisco Barbosa inclui o investimento em educação ambiental. “Precisamos fascinar as pessoas, principalmente as crianças, pelo assunto”, recomenda Barbosa, que está envolvido na criação do Instituto da Água da UFMG. Vinculado ao gabinete do reitor, o Instituto terá a missão de reunir a expertise da Universidade no assunto e promover – também através de parcerias – ações de ensino, pesquisa e extensão que atinjam desde crianças até alunos de pós-graduação.
O Brasil e o mundo contam com pesquisas, políticas efetivas e divulgação para ainda ver passar água farta – e limpa – por baixo de nossas pontes.
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