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Microclimas na Estação Ecológica da Universidade Federal de Minas Gerais

Autoria

– Dênis Duarte Do Nascimento Et Al

Resumo

A vegetação é um componente fundamental nos espaços microclimáticos da cidade, uma vez que possui baixa condutividade térmica, sombreia o solo, atua na temperatura do ar por evapotranspiração, como barreiras e filtros para o vento e o material particulado, além de servir como abrigo para habitantes e animais. O objetivo deste artigo foi analisar a relação entre clima e vegetação localizadas em meio urbano, considerando a variação dos atributos geográficos e microclimáticos. A série de dados utilizados incluiu temperatura do ar, temperatura da superfície, ventos (direção e intensidade) e umidade relativa do ar, utilizando como área de estudo a Estação Ecológica da UFMG. A vegetação nativa da estação ecológica apresenta características de transição entre Floresta Estacional Semi-Decidual (Mata Atlântica) e Cerrado, apesar de apresentar espécies exóticas. Os pontos de coleta (sete) foram distribuídos em diferentes biótopos (cerrado, floresta, bambuzal, trilhas, jardim, limite com a avenida), entre 08 h e 16 h dos dias 17/04 e 18/09/2010. Foram traçadas comparações entre os dados, tomando como indicador o valor absoluto instantâneo gerado em cada um dos pontos. A situação sinótica dos dias em campo, averiguadas por meio de de imagens de satélite meteorológico e cartas sinóticas, permitiram caracterizar que Belo Horizonte estava sob influência do Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul, associado a uma massa de ar quente e seco. Em todos os pontos, a temperatura do ar e do solo aumentou durante a manhã, tendo seu pico entre 13 h a 15 h. A pressão atmosférica manteve uma queda constante ao longo do dia, indo de uma média de 27,1 hPa às 10 h até 23 hPa às 16:00h. A UR apresentou declínio em todos os postos de medição, à medida que o ar se aquecia. A umidade relativa média entre os postos foi de 57% às 9 h chegando à média mínima de 30% às 14 h e 30 min. Ao final da tarde o processo se inverteu: a umidade do ar mostrou aumento, devido à perda de energia cinética das moléculas do ar por causa da diminuição de radiação solar (neste caso, associado ao resfriamento do ar e conseqüente perda de sua capacidade em armazenar água). Às 16h, a média dos postos de medição já havia se elevado para 32,3%. A temperatura do ar e do solo do ponto próximo à Av. Carlos Luz foi nitidamente maior do que a temperatura de ar e solo recolhida nas áreas de mata e bambuzal (Postos 2 e 6). A temperatura do ar média no posto 6 foi de 32,13 oC, enquanto a do solo exposto na mesma estação foi de 37,3oC. Em contraposição, a média da temperatura do ar no posto 2 foi de 27,58oC e a do posto 6 foi de 26,10oC. Quanto à temperatura do solo, o posto 2 apresentou média de 20,98oC e o posto 6 apresentou média de 21,3oC. As diferenças de variação de temperatura do ar e de superfície entre áreas abertas e áreas de mata também são análogas às verificadas na campanha de campo de 17 de abril de 2010. A área da Av. Catalão recebe influência do clima urbano adjacente, do qual os materiais superficiais possuem maior absorção do calor (matérias com elevada capacidade de absorção de radiação também são bons emissores). As áreas cobertas de vegetação, apesar de possuírem albedo elevado, transformam o calor sensível em calor latente no processo de evaporação. A superfície no solo dentro da mata foi a que apresentou maior estabilidade, com amplitude térmica de 7,2o C, sendo sua máxima de 28,1oC e sua mínima de 20,9oC. As árvores fazem sombra sobre o solo barrando parte da radiação direta, predominando o componente ligado à radiação difusa, protegendo o ambiente das trocas de calor e, portanto, das variações de temperatura. O solo exposto apresentou maior variação de temperatura, em razão da falta de cobertura de vegetação, com amplitude térmica de 18,8oC, sendo máxima de 43,3oC e mínima de 24,5oC. A calçada da avenida, que também recebeu durante todo dia a incidência direta da radiação solar, apresentou grande amplitude térmica, de aproximadamente 16,1oC, com máxima de 43,3oC e mínima de 27,2oC. Pode-se observar que no início da manhã a temperatura do concreto da calçada era maior que a do solo exposto, entretanto ao longo do dia houve elevação da temperatura do solo. No fim da tarde, a declinação no concreto foi mais lenta, ou seja, este apresentou maior estabilidade ao longo do dia. Isso porque o calor específico do concreto é maior que o do solo no local e, por isso, precisa de mais energia para variar sua temperatura. O vento predominante nas trilhas corria da Estação para a Avenida a uma velocidade de 7 a 12 quilômetros por hora (Escala de Beaufort – nível 2). Nas matas, o vento apresentava-se mais calmo, variando entre 2 a 7 km/h, muito em decorrência da barreira exercida pelas árvores (dossel e sub-dossel). Na Av. Carlos Luz, o vento apresentava-se mais forte do que nas trilhas, chegando ao nível 4 da Escala de Beaufort (19 a 26 km/h) e canalizava o vento proveniente da Estação Ecológica para a direção do Shopping Del Rey. A partir da análise dos dados mensurados foi possível caracterizar quantitativa e qualitativamente e heterogeneidade existente entre os micro-climas da estação ecológica. Mais ainda, foi possível tecer considerações preliminares sobre a relação espacial entre os microclimas inseridos no contexto urbano local e no clima regional. Concluímos que houve amenização e estabilização microclimática pela vegetação na Estação Ecológica na medida em que se atenuou a radiação solar incidente. Constatamos também como a estrutura da cidade, com áreas construídas e ilhas de vegetação, pode interferir nos sistemas de ventos locais.

Palavras-chave: Microclima, estudo climático

Abstract

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Keywords: not available

Referência

Fonte: XVII Encontro Nacional De Geógrafos – Belo Horizonte 22 A 28 de Junho
Ano: 2012

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