5ª Jornada de Direitos Humanos lança luz sobre a barbárie da ditadura militar brasileira

Evento mobilizou estudantes da educação básica e teve conferência de Nilmário Miranda e apresentação de projetos de extensão

 

Lucas Samuel Freitas: conhecer os direitos e lutar por eles | Foto: Eduardo Maia/Proex UFMG

Lucas Samuel: conhecer direitos e lutar por eles | Foto: Eduardo Maia/Proex

“Nós temos muitos direitos e outros que nem conhecemos. Esse evento nos conscientiza sobre a importância de conhecermos nossos direitos para poder depois reivindicá-los”, disse o estudante Lucas Samuel Freitas, um dos alunos do ensino médio que participou ativamente na sexta-feira, dia 6 de dezembro, da 5ª Jornada de Direitos Humanos.

Lucas veio à UFMG com sua turma da Escola Estadual Desembargador Rodrigues Campus, do Barreiro, Belo Horizonte.

Em 2024, a Jornada de Direitos Humanos teve como tema Educação Transversal em Direitos Humanos e foi promovida no Auditório 102 do Centro de Atividades Didáticas 2 (CAD 2), campus Pampulha, pela Rede de Direitos Humanos e Universidade dos Direitos Humanos (UDH), da Pró-reitoria de Extensão (Proex) da UFMG, numa parceria inédita com o Movimento Nacional de Direitos Humanos em Minas Gerais (MNDH/MG), cujos membros compuseram a programação.

Educação em direitos humanos e mobilização social

As atividades foram abertas pela reitora da UFMG, Sandra Goulart Almeida, que ressaltou a importância da iniciativa para a Universidade e para o país. “Esse evento reúne atores da academia, da política e da sociedade para pensar caminhos para que diversos grupos sociais permaneçam protagonistas da própria vida, o que necessariamente passa por educação, políticas públicas e mobilização social. Fico extremamente satisfeita que a nossa UFMG abrigue essa iniciativa fundamental”, declarou Sandra.

A jornada contou também com a participação do pró-reitor de Extensão da UFMG, professor Glaucinei Rodrigues Corrêa, da diretora da UDH, professora Maria Guiomar Frota, da desembargadora do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) Sandra Fonseca e do articulador do MNDH/MG Lucas Teles.

Quinta edição chamou a atenção para a importância da transversalidade dos direitos humanos | Foto: Eduardo Maia/Proex UFMG

Quinta edição chamou a atenção para a importância da transversalidade dos direitos humanos | Foto: Eduardo Maia/Proex

Não esquecer para não acontecer

No ano em que se rememorou 60 anos do golpe militar no Brasil, o assessor especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), Nilmário Miranda proferiu no evento a conferência Memória, verdade e justiça: desafios atuais para a defesa da democracia. 

Nilmário Miranda: direito à verdade contra a barbárie | Foto: Eduardo Maia/Proex UFMG

Nilmário Miranda: direito à verdade contra a barbárie | Foto: Eduardo Maia/Proex

Preso político nos anos 1970, o ex-ministro dos Direitos Humanos abordou sua trajetória de luta e as graves violações cometidas pela ditadura civil-militar brasileira de 1964 a 1985, como em relação às pessoas mortas pelo regime e aos desaparecidos políticos.

Segundo o conferencista, muitos dos atuais problemas enfrentados pelo país têm precedentes históricos. “Quando não resolvemos um problema grave, como a barbárie da ditadura e a escravidão, eles acabam voltando uma hora a nos preocupar”, destacou. Nilmário mencionou inquérito da Polícia Federal que recentemente indiciou dezenas de pessoas por tentativa de golpe de estado em 2022 e abolição do estado democrático de direito.

O assessor especial do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania ainda aproveitou o auditório repleto de jovens para conclamá-los a buscar a verdade dos fatos. “O primeiro passo é saber a verdade, não se contentando com relatos oficiais. Estudantes, professores, escolas e a sociedade em geral têm o direito e o dever de conhecer o que de fato ocorreu em nosso país para não nos esquecermos da barbárie e isso não voltar a acontecer”, disse.

Extensão e Direitos Humanos

À tarde, a 5ª Jornada de Direitos Humanos contou com o Painel de Diálogos: Extensão em Direito Humanos na UFMG, que reuniu ativistas e especialistas para debater e apresentar projetos de extensão na área.

O dourando do Programa de Pós-graduação em Psicologia da UFMG Ismael Leonardi e o advogado William Santos debateram os projetos Ocupação Psicanalítica e Já É!, vinculados ao Núcleo Psilacs do Departamento de Psicologia.

A professora da Escola de Enfermagem da UFMG Erica Dumont Pena relatou as atividades do projeto de extensão Direitos Humanos, Educação e Saúde Yanomami/Ye’kwana, em debate com a mediação de Isa – Pethara Txúri, da etnia indígena Puri. Em seguida, o professor da Faculdade de Direito da UFMG Fernando Gonzaga Jayme destacou as ações de justiça restaurativa do Programa Ciranda, sob mediação da articuladora do MNDH/MG Luciana Barros.

O painel se encerrou com a exposição das discentes e extensionistas Giovana Paula Ramos e Maria Carolina Rodrigues, que apresentaram as experiências do Programa Recaj UFMG. O debate foi mediado pelo advogado Wagner Dias Ferreira.

Todos os inscritos no evento receberão certificado de participação.

Mais informações da 5ª Jornada de Direitos Humanos estão no site do evento.