
Participação de brigadas diversas marcou o encontro | Foto: Divulgação 1º Encontro de Brigadas Florestais Independentes de Minas Gerais
De 5 a 7 de dezembro de 2025, a região da Serra do Cipó, em Santana do Riacho (MG), foi palco do 1º Encontro de Brigadas Florestais Independentes de Minas Gerais. O evento inédito foi promovido pelo Conselho de Brigadas Florestais Independentes de Minas Gerais e contou, entre seus apoiadores, com a Pró-reitoria de Extensão (Proex) da UFMG.
O objetivo foi fortalecer as brigadas florestais voluntárias, promover a troca de saberes e construir estratégias colaborativas de prevenção e combate aos incêndios florestais. Das 39 brigadas vinculadas ao conselho, 26 estiveram representadas, como a Brigada Kõnãh Hi – Água Viva e a Terra Indígena Maxakali.
O evento teve a participação ativa de docentes, estudantes e projetos de extensão da UFMG que atuam na interface entre educação ambiental, prevenção a incêndios e fortalecimento comunitário na Serra do Cipó e em Minas Gerais.
Programação
A programação foi aberta com o curso de extensão Ecologia do Fogo, ministrado pelo professor do Instituto de Ciências Biológicas (ICB/UFMG), José Eugênio Côrtes Figueira. Em sua 5ª edição, o curso é referência estadual na produção de conhecimento aplicado à conservação do Cerrado.
A abertura oficial contou com a participação de Flor, quilombola e brigadista voluntária da Brigada Cipó, que apresentou a relação de sua comunidade com o fogo e com a proteção do território. A mesa de abertura reuniu o representante do Conselho de Brigadas, Fábio Britto, a deputada estadual Beatriz Cerqueira, a vereadora de Belo Horizonte Luiza Dulci e a professora do Departamento de Psicologia da UFMG e integrante da Brigada Cipó, Claudia Mayorga. O debate abordou desafios relacionados às legislações, políticas e ao financiamento das ações de prevenção e combate aos incêndios florestais diante da crise climática e da redução de investimentos em políticas ambientais.
O segundo dia foi dedicado ao tema Manejo Integrado do Fogo. Conduzidas pelo analista ambiental do ICMBio, Edward Elias Júnior, as discussões reforçaram a necessidade de estratégias integradas de prevenção, monitoramento e resposta aos incêndios, envolvendo comunidades locais, brigadas voluntárias, órgãos ambientais e instituições de pesquisa e extensão.

Oficina de plantio | Foto: Divulgação 1º Encontro de Brigadas Florestais Independentes de Minas Gerais
A programação incluiu ainda a oficina de recuperação ambiental ministrada por Fernando Madeira, do Viveiro Probiomas — concluída com o plantio de 150 mudas nativas no Parque Natural Municipal da Mata da Tapera —, além do lançamento do documentário Mulheres do Fogo, dirigido por Luiza Kot, da Brigada Cipó. O filme destaca a atuação e os desafios das mulheres na prevenção de incêndios florestais e na proteção do Cerrado.
Associação estadual

Membros eleitos da diretoria e conselho fiscal da ABFI/MG | Foto: Divulgação 1º Encontro de Brigadas Florestais Independentes de Minas Gerais
Marco histórico para o movimento brigadista no estado, a Associação de Brigadas Florestais Independentes de Minas Gerais (ABFI/MG) foi criada durante o evento. A assembleia aprovou o estatuto da entidade e elegeu sua primeira diretoria.
Primeira Diretoria da ABFI/MG
Coordenação Colegiada
• Fábio Britto (Brigada Rota MG30 / Nova Lima) – Presidente
• Paulinho (Brigada Chico Taquara / São Thomé das Letras) – Vice-presidente
• Débora (Brigada BRV Baependi / Baependi) – Coordenadora Financeira
• André (Brigada Copaíba / Uberlândia) – Secretário Executivo
• Daniel (Brigada Cipó / Santana do Riacho) – 2º Secretário
Conselho Fiscal
• Samadhi (Brigada Saúva / Soledade de Minas)
• Josélio e João (Brigada Lobo Guará / Carrancas)
• Rogério (Brigada Espinhaço / Santana do Riacho)
• Breno e Cris (Brigada Guardiões da Serra / Santana do Riacho)
• Ana Carolina (Brigada B1 / Belo Horizonte)
Regulamentação e valorização

Deputada Célia Xakriabá fala sobre PL de sua autoria | Foto: Divulgação 1º Encontro de Brigadas Florestais Independentes de Minas Gerais
A deputada federal Célia Xakriabá falou aos participantes sobre o Projeto de Lei (PL) 3.621/2024, de sua autoria, que propõe criar e regulamentar a profissão de brigadista florestal no Brasil, promovendo valorização, proteção e reconhecimento à atividade. A proposta estabelece condições adequadas de trabalho e reconhecimento oficial para quem atua na linha de frente da proteção ambiental. “Sem brigadista, não tem clima”, afirmou a deputada.
Força coletiva
O presidente eleito da ABFI/MG, Fábio Britto, destacou que “o movimento brigadista de Minas é como um rio que chega ao oceano e se torna oceano, com toda sua força e coragem. Essa é a força do coletivo”.
A professora Claudia Mayorga, que é também coordenadora do projeto de extensão Movimento Tapera Viva, ressaltou que o evento “revelou a importância da organização coletiva dos brigadistas para a defesa do meio ambiente e da vida. É fundamental que a UFMG reafirme seu compromisso com a extensão e com a construção de políticas públicas baseadas no diálogo entre saberes”, disse ela.
Mayorga acrescentou que a primeira edição representou também “um marco para a participação social, a governança ambiental e a consolidação de práticas colaborativas de proteção do Cerrado e de outros biomas, fortalecendo o papel das brigadas florestais independentes no enfrentamento dos desafios ambientais contemporâneos”.