O jovem no Brasil nunca é levado a sério

UFMG recebe juventude, coletivos e movimentos sociais para debater ‘Que Brasil queremos? O que dizem os/as jovens?’

 

Jovens participam do ato histórico, realizado no dia 22 de junho de 2016 na Reitoria da UFMG

A Rede Juventude UFMG promoveu o debate Que Brasil queremos? O que dizem os/as jovens?, que teve a presença significativa de jovens e coletivos e movimentos sociais, como o Fórum das Juventudes da Grande BH, Tarifa Zero BH, Rede Afro LGBT e Juventude Rural Fetaemg. A atividade também contou com apresentação do DJ Russo e do grupo Nosso Sarau e com intensa participação do público, que se mostrou diverso em todos os sentidos.

O debate foi mediado pelo professor Lucas Jerônimo, integrante do RECAJ-UFMG – Resolução de Conflitos e Acesso à Justiça, da Faculdade de Direito da UFMG. Os jovens interagiram com os convidados e fizeram perguntas por meio da hashtag #Que Brasil queremos?

Confira alguns depoimentos 

“A UFMG recebe com muita alegria, nesse espaço um público de jovens de vários grupos e movimentos, do programa Ação Jovem da Cruz Vermelha, jovens que cumprem medidas sócio-educativas, negros, negras, jovens de trajetórias populares, de periferias, LGBT´s. É muito importante trazer os jovens para esse que é um espaço simbólico, que é o auditório da Reitoria da UFMG para pensarmos de fato esse novo momento, o contexto da Universidade, num debate respeitoso onde a diversidade caiba”. Claudia Mayorga, pró-reitora adjunta de Extensão da UFMG

Áurea Carolina de Freitas Silva, do Fórum das Juventudes da grande BH

“Quando dizem para a juventude negra você não precisa estudar, você não vai ser nada na vida, se ser preto é assim ir pra escola pra quê? Se o meu instinto é ruim e eu não consigo aprender, parafraseando Mano Brown. Esses ensinamentos são violentos mas fazem parte da nossa formação mas temos que olhar nosso entorno e tentar interpretar criticamente o que está acontecendo.

“É histórico esse momento de entrar na Universidade pela porta da frente e ocupar esse espaço para debater ‘quem eu sou? Quem eu quero ser? Que Brasil eu quero? Como construir nosso sonhos a partir da possibilidade concretas? É preciso uma semente revolucionária em cada coração aqui presente para transformar o sistema e as instituições”. Áurea Carolina de Freitas Silva, do Fórum das Juventudes da grande BH

Evandro Nunes de Lima, da Rede AfroLGBT

“O entendimento do meu lugar enquanto negro, pobre, preto e gay nessa sociedade machista me faz perceber que por meio da arte eu me fortaleço. A arte é um instrumento fundamental para que hoje eu possa andar e cabeça erguida. Nesse momento o Brasil que queremos é um lugar possível de viver, onde possamos aprender a conviver, possamos ser, onde a justiça e equidade sejam colocadas em primeiro lugar e a cor da pele não seja fator de exclusão, onde a minha religiosidade possa ser exercida com dignidade e respeito, onde minha orientação sexual não seja vista como anomalia. Eu quero uma Belo Horizonte, uma Minas Gerais um Brasil onde eu possa ser Evandro artista, negro candomblecista, gay e tenha todos os meus direitos respeitados por ser eu: preto, pobre e gay.”  Evandro Nunes de Lima, da Rede AfroLGBT

Marilene Faustino da Juventude Rural – FETAEMG

“Um dos desafios do Brasil que queremos é fazer com que o jovem tenha qualidade de vida no meio rural, com acesso irrestrito às políticas públicas e que a juventude seja reconhecida e valorizada, não apenas pelas atividades produtivas que desenvolve, mas enquanto sujeito que tem um papel fundamental no desenvolvimento do meio rural. Um Brasil com gente no campo, onde tenhamos direito de estar no campo com dignidade, com políticas públicas que garantam que a juventude permaneça no campo.

“Só conseguimos entrar na agenda de pautas do governo federal depois de 2000 e conseguir que nossas reivindicações constassem no Plano Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário, porém agora estamos diante de um cenário em que a Secretaria Nacional da Juventude cortada e não sabemos o que será feito desse Plano que foi pensado por tantos anos com intensa participação dessa juventude rural” . Marilene Faustino da Juventude Rural – FETAEMG.

Annie Oviedo do Tarifa Zero BH

“A gente não quer só comida, a gente quer a ampliação dos direitos básicos e a mobilidade urbana é um direito básico. O Tarifa Zero acredita no transporte como direito social. Nossa participação hoje nesse debate é para desmistificar a ideia de que a pauta do Tarifa Zero é assunto só da juventude, é pauta para todas as idades. Transporte coletivo é direito social, não tem como transitar por cidades como a nossa sem acesso á mobilidade urbana. A mobilidade urbana só será justa, inclusiva se o transporte público for direito para nos movermos e ter acesso a tudo o que a cidade tem para oferecer”.  Annie Oviedo do Tarifa Zero BH

Veja abaixo mais imagens | Créditos: Gabriela Carraro e Zirlene Lemos