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Aterros sanitários favorecem efeito estufa e geração de lixiviado, líquido que dificulta tratamento do resíduo e sua reinserção ao meio ambiente

A professora Liséte Celina Lange, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental (Desa), vai falar da gestão de resíduos orgânicos na edição de outubro do Ciclo Aberto de Encontros Aesap, agendada para o dia 19 – data que marca um ano de encontros ininterruptos do projeto –, às 19h, em transmissão pela plataforma Microsoft Teams. Ouvintes que forem participar pela primeira vez do ciclo devem preencher formulário eletrônico para registro e acesso ao link da transmissão.

No encontro, a professora vai abordar os desafios e as principais tendências mundiais de rotas de tratamento do resíduo orgânico. Ela vai contextualizar sobre a fragilidade da gestão de resíduos no Brasil, que causa problemas ambientais, gera riscos para a saúde humana e resulta em dificuldades operacionais e financeiras.

A pesquisa mais recente sobre o assunto, feita pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), aponta que o Brasil produz quase 37 milhões de toneladas de resíduos orgânicos por ano e trata, adequadamente, apenas 1% desse volume. O lixo não tratado que para em aterros sanitários produz lixiviado e excesso de gás metano durante sua decomposição, o que afeta desde o solo até os níveis altos da atmosfera.

Os resíduos orgânicos representam, no país, metade de todo o resíduo sólido gerado em áreas urbanas. Resíduo sólido é tudo que resulta de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Os orgânicos, por sua vez, são restos de alimento, folhas, sementes, cascas, grama cortada e ossos. Esses resíduos sofrem decomposição natural, sumindo da natureza em pouco tempo.

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Liséte Lange vai tratar de rotas de tratamento, como compostagem e biodegradação anaeróbia

Durante a palestra, a professora falará, também, da importância de se avaliar a viabilidade de rotas de tratamento para os resíduos orgânicos de forma que não sejam destinados para os aterros sanitários. Ela vai mostrar os tipos de rotas, que incluem compostagem, biodigestão anaeróbia, segregação na origem, escalas e métodos de reciclagem, entre outros. A mesa será moderada pelo professor Eduardo Coutinho, do Desa, e os comentários serão de Nara Dornela, mestre em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela UFMG.

Trajetória
Liséte Celina Lange obteve mestrado e doutorado em Tecnologia Ambiental na Inglaterra, passando pela Queen Mary University of London, o Westfield College e o Imperial College London. Seus focos de estudo e ação são a caracterização, reciclagem e o tratamento de resíduos industriais, os processos de tratamento de lixiviados de aterros sanitários, a logística reversa aplicada a embalagens, regionalização e regulação aplicada ao manejo de resíduos sólidos urbanos.

A professora é líder do Grupo de Pesquisa em Resíduos Sólidos (Sigers), da UFMG, desde 2001. Ela coordena diversos projetos multidisciplinares financiados por CNPq, Finep e Funasa. Também mantém parceria com periódicos nacionais e internacionais indexados na área de ciências ambientais. Atualmente, é membro suplente do Comitê Avaliador de Ciências Ambientais do CNPq.

Ciclo Aberto Aesap
O Ciclo é um projeto de extensão da UFMG, derivado da disciplina Avaliação de Ecoeficiência e Sustentabilidade Aplicada a Projetos (Aesap), do curso de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Seu propósito é atingir o público externo com séries de encontro gratuitas e de livre participação sobre questões ambientais no contexto atual.