Conclusões

A partir deste sucinto diagnóstico podem ser tiradas algumas conclusões e, com base nelas, elaboradas diretrizes gerais para o encaminhamento de soluções.

A melhoria da acessibilidade ao Campus depende de ações da competência da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, através da Sudecap e da BHTrans. A quantidade de veículos que se dirigem ao Campus é maior nos horários de início das aulas, o que agrava a questão da acessibilidade. O sistema de transporte público para o Campus é deficiente, tornando-se mais um agravante da precária acessibilidade, pois incentiva o uso do transporte particular.

A implantação do sistema BRT (Bus Rapid Transit) nas avenidas Presidente Antônio Carlos e Presidente Carlos Luz, acompanhada das melhorias do serviço de transporte coletivo, previstas pela BHTrans, aponta para a melhoria desse quadro, mas os efeitos só serão observados a médio e longo prazos, uma vez que o empreendimento BRT encontra-se ainda em fase de estudo.

O sistema de mão única circundando o Quarteirão VII, embora discipline a acessibilidade à área central, intensifica o trânsito nas ruas prof. Schereiber e Reitor Pires de Albuquerque, causando retenções que repercutem na portaria da EEFFTO.

Diversas unidades já adotam o controle do uso dos estacionamentos a elas contíguos, credenciando os respectivos usuários. Isso faz com que os usuários não credenciados sobrecarreguem as ruas e os estacionamentos não controlados. Os casos mais críticos dessa situação podem ser vistos na Av. Mendes Pimentel e nos estacionamentos contíguos à Reitoria.

Em relação à cobrança de taxas para utilização dos estacionamentos, qualquer solução nesse sentido deverá levar em consideração que a taxa cobrada não deve ser condição para o aumento do número de vagas, mas sim para redução do número de usuários de automóveis. Assim, três aspectos, complementares, são relevantes: (i) a taxa deve ter um valor alto, dissuasivo, que efetivamente contribua para inibir o uso dos veículos; (ii) a cobrança visando apenas cobrir os custos de manutenção e operação pode vir a induzir, a médio prazo, uma pressão crescente para criação de novas vagas; (iii) a criação de um sistema de fiscalização para coibir o estacionamento em áreas não autorizadas, por usuários não dispostos a arcar com os custos ou contrários à cobrança, torna-se
essencial. Realizar esta fiscalização de forma eficiente não parece ser tarefa trivial.

As vagas existentes e projetadas para estacionamentos a céu aberto já ocupam parte significativa do território do Campus. Ampliar essas vagas demandaria a supressão de jardins e reservas verdes. Por outro lado, implantar edifícios garagens em substituição aos estacionamentos implicaria em elevados custos (aproximadamente R$30.000,00 por vaga criada). Por exemplo, um edifício garagem para atender as 900 vagas exigidas para o complexo da Escola de Engenharia custaria em torno de R$27.000.000,00.

O aumento previsto da população usuária do Campus e o aumento constante da frota de veículos automotores em Belo Horizonte apontam para um cenário de dificuldades ainda maiores nos próximos anos.

Assim, faz-se necessária a adoção de algumas medidas de caráter emergencial, enquanto se equacionam questões mais complexas que não dependem apenas da UFMG (por exemplo, acessos externos e melhorias no transporte público).

Comentários

1. felipe disse:
em 07/07/2010, às 07:57

(i)taxa? sério? bacana... quem não tem dinheiro e sua (suor) pra comprar um carro (por exemplo) não vai mais atrapalhar os professores e outros alunos que não sentirão tão fortemente esse custo no bolso... ótima solução... aliás, pobre já nasceu lascado, que custa a ele vir de ônibus enquanto o campus fica livre para aqueles que tem condições de arcar com os custos; (ii) mesmo argumento anterior, adicionado da pergunta: teremos prestação de contas do destino dado ao montante recolhido nas taxas dos estacionamentos? Seria esse um dinheiro já rubricado com destinação definida apenas para a manutenção das vagas?; (iii) necessita-se de fiscalização, mas não enquanto não houver uma opção decente para o estudante (e outras pessoas). Creio que seja um erro punir sem que a possibilidade de todos respeitarem as regras seja, de fato, dada. Quero dizer com isso que apenas proibindo-se as pessoas de estacionarem em locais não permitidos sem que seja possibilitado vagas propícias ou meios de transporte públicos (ou particulares- bicicletas, entre outros) decentes, a puniçao servirá apenas como arrecadação de recursos (caso opte-se pela multa) e não como medida educativa. Cabe aqui também uma observação final: caso se inicie qualquer tipo de cobrança para se utilizar vagas de estacionamentos, mesmo que seja apenas para a manutenção destes, esse será um caminho sem volta. Não creio que se colocada em prática essa cobrança possa vir um dia a se extinguir, nem mesmo quando o problema para o qual foi solução estiver solucionado. Não se iludam.

2. Iara Faria disse:
em 07/07/2010, às 16:49

Esqueceram também de mencionar qual a consultoria responsável por avaliar os custos para a ampliação das vagas (e que concluiu por esses valores astronômicos)!

3. Rutyele disse:
em 07/07/2010, às 23:34

Acho que a melhor solução para este problema seria construir edifícios garagem e cobrar taxas baixas para quem quiser estacionar nessas vagas até que o custo da obra seja alcançado. Quem não quiser ou puder pagar usa as vagas já existentes. Todas as outras medidas são excludentes! Colocar uma taxa abusiva para diminuir o número de veículos é uma medida que não terá retorno: observe as garagens privadas do centro da cidade - todas ficam lotadas e cobram um valor elevado! Não podemos colocar taxas elevadas em uma cidade onde o transporte público é tão deficiente. Por exemplo, eu, durante o Mestrado, gastava 2 horas para vir para a UFMG de ônibus e metrô, enquanto de carro (eu tinha uma Brasília ano 74) gastava 10 minutos!!! Vamos parar com esse discurso que quem tem carro é rico! Hoje em dia ter carro é uma questão de sobrevivência numa cidade como BH. A vida é muito corrida para perdermos tempo em ônibus lotado e metrô. Outra solução que diminuirá o número de veículos seria ampliar o metrô do centro para a UFMG (Pampulha). Bom é isso aí!

4. Metrô, Ônibus e Sustentabilidade disse:
em 10/07/2010, às 11:41

Sustentabilidade só no discurso é maravilhoso mas não resolve nada!

Tenho carro que fica na garagem praticamente todos os dias, porque vou ao Campus de ônibus ou de carona quando dá!

Os ônibus são uma merda... são! Precisam melhorar em quantidade e qualidade, principalmente nos horários de pico (todo mundo sabe disso mas ninguém se responsabiliza). Aliás, todo mundo sabe que estudante deveria não pagar passagem de ônibus ou pagar meia... e ninguém se responsabiliza, ao contrário, descem o cacete nos pobres estudantes manifestantes que levantam a voz e as bandeiras!

Acabaram com a taxa da FUMP e agora querem inventar uma nova taxa pros alunos idiotas pagarem... claro! Porque professor tem EXCLUSIVIDADE!

Por outro lado, a nata burguesa que continua a invadir as universidades públicas (e às vezes almoçar de graça no Bandejão com carteira da Fump atestando carência).

Edifícios-garagem são paleativos... mas, como adoramos remédios que nos permitam continuar na mesma até a morte, podem ser uma saída emergencial (tipo para uns 30 ou 40 anos)... daí, 30 mil por vaga fica barato... podes crer!

UNIVERSIDADE!!! de mundos paralelos!!!

5. Leonardo Mantovani disse:
em 10/07/2010, às 21:02

Concordo com os problemas apontados, mas as soluções não podem ficar circunscritas à cobrança de estacionamento no campus. É um absurdo completo a proposta como foi colocada. Eu não aceito esta proposta, sob qualquer condição. Ademais, a oferta de transporte público para o campus é o grande problema. É insuficiente, e, ainda sim, as empresas - ou a BHTRANS - trataram de reduzir horários de atendimento das linhas ao campus. Recentemente foram cancelados alguns dos horários noturnos da linha 9502 e justamente ao final do turno da noite. A consequência disto foi, e é, um grande aumento do número de usuários para o horário próximo ao término das aulas. O ônibus do horário das 22hs15 virou o alvo dos usuários. Sai do campus completamente lotado. Além disso, é este horário que atende aos alunos do UNI-BH, faculdade que fica no intinerário da linha e cujo horário de saída acerta em cheio o horário das 22hs15 da linha 9502. Não preciso nem descrever o acontece no ponto em frente à faculdade, não é! Aí eu pergunto: o que fazer? Esperar que o aumento do número de alunos torne ainda mais insuportável a viagem nesta linha? Sair mais cedo, ou mais tarde, da aula na esperança de que possamos pegar um horário mais vazio? Pois isto significa perder conteúdo das aulas ou "mofar no ponto à espera de um ônibus". E quanto aos transtornos causados pela insufuciência de horários? Pelo visto pretende-se que continuem como estão, posto que a proposta mais importante do projeto, a meu ver, é a cobrança de estacionamento no campus. Absurdo total! E eu reitero: NÃO VOU ACEITAR ISTO! Será que o sujeito proponente dessa idiotice tem ideia dos transtornos que um usuário de transporte público em BH sofre nos horários de pico dentro de um ônibus? Será que alguém com a importante tarefa de propor algo de alcance público, um dia, pelo menos por uma vez, terá a coragem de pensar naqueles que não tem condição de bancar certos custos? Pelo jeito acho difícil. Mas eu não vou desistir. Sem luta e muita discussão essa proposta não irá a termo. Falta alguém na sociedade que lute por todos nós, sem se preocupar apenas com certas minorias. Faltam autoridades respeitáveis. Autoridades que se preocupem com o sidadão, sem distinção. Será que nossas autoridades, um dia, um que seja, terão a ousadia de implemetar uma boa reforma no nosso transporte público? Algo que encerre de vez o domínio do cartel das famílias que controlam o transporte público em Belo Horizonte. Aqui em BH é uma vergonha. Um dos maiores problemas estruturais da cidade é a insuficiência do atendimento ao usuário de transporte público e, ainda sim, as propostas se quer cogitam a possibilidade de mudar isto. Temos o maior preço de tarifa em relação ao percuso médio dos ônibus do país e ninguém se preocupa com isto. Mas para propor ideias que não atacam os problemas verdadeiros temos um enorme contingente à disposição. Boa parte dos usuários utilizam o carro porque o transporte público é mais caro, insuficiente, não atende à demanda da sociedade e, ainda, não oferece conforto. E o sujeito tem a ousadia de propor cobrança de estacionamento, "com uma tarifa bem cara, para que as pessoas se sintam dissuadidas a vir de carro". É brincadeira!! É um cretino, ou cretina! A solução para tais problemas não pode passar pelo cerceamento do direito de ir vir das pessoas, pois é isto que acontecerá se a tarifação for implementada. Mas pela tentativa de resolver os problemas que tanto nos afligem. As propostas devem icar circunsdrita aos problemas como transporte público da nossa cidade. Temos que pensar em todos. Pensar naqueles que, sobretudo, não terão condição de vir de ônibus (porque certamente poderá aumentar o custo e o tempo de viagem) e pagar pelo estacionamento no campus. Pois o fato do sujeito utilizar um carro não implica que seja o dono, tenha condição de arcar com os custos do estacionamento e, tampouco, que seu trajeto possa ser feito somente em um ônibus. Temos que reformar o transporte público de BH. Assim veremos nossos problemas de transporte resolvidos.

6. Lucas Abreu Duarte Sapore disse:
em 01/08/2010, às 15:29

ABSURDOS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

1) É um absurdo pensar em cobrar estacionamento na federal...


2) Outro absurdo que ocorre a algum tempo é a PROIBIÇÃO por parte de professores e funcionários o acesso a vários estacionamentos... O estacionamento interno da federal é um bem público e nenhuma classe pode impedir o acesso de outros... isto é ILEGAL....

A comunidade UFMG é composta por professores, funcionarios e ALUNOS. E toda medida deve ser igualmente aplicada a todos estes sem distinção...


Imagine todas classes começarem a isolar vagas públicas proximas ao seu trabalho para uso próprio? Seria o fim do estacionamento público em BH..

COMO PODE UMA CLASSE QUE TEM A FUNÇÃO DE EDUCAR NÃO RESPEITAR OS DIREITOS PÚBLICOS... ACHO EXTREMAMENTE VERGONHOSO O QUE OCORRE...

7. Carla Soares disse:
em 02/08/2010, às 09:51

a. Uma vez constatado no estudo que as vagas reservadas ficam muitas vezes ociosas, por que não há nenhuma proposta sendo feita para se repensar essa reserva?

b. Baseado em estudos do comportamento humano, podemos perceber que punições são muito menos eficazes do que reforços. Em geral, o comportamento punido reaparece na ausencia do estímulo punitivo, enquanto com o reforço, mesmo que o reforço seja extinto, ele tende a continuar. Dessa forma, a sugestão dada me parece contradizer completamente o que os estudos de analise do comportamento já tem solidamente mapeados. Reforçar o comportamento seria, por exemplo, oferecer algum tipo de vantagem para aqueles que utilizam o transporte coletivo. Por exemplo, descontos substanciosos para comprar livros? Não sei, seria necessário estudar. Sugiro que procurem entender mais de comportamento humano, procurem o departamento de psicologia para auxilia-los na elaboracao da proposta. é importante que a própria universidade utilize esse tipo de conhecimento produzido para solucionar seus problemas.

8. Janaína B. Volker disse:
em 02/08/2010, às 19:10

Não acredito que taxar as vagas seja a melhor solução. Isso seria obrigar muitos estudantes a passar pelas péssimas situações que vivemos para se deslocar ao campus: muito tempo de espera, ônibus lotados, passagens caras e muito desconforto. Durante o semestre, muitos estudantes que utilizam a linha 5102 não conseguem embarcar no ônibus por super-lotação e têm de esperar, muitas vezes, por mais 3 ônibus para conseguirem embarcar.
A BHtrans ano a ano vem diminuindo os horários das linhas e a superlotação (quando não há como um passageiro entrar)se tornou um fato diário para muitos que utilizam a linha. Apesar disso, o horário se mantém no horário de pico da manhã com linhas de 10 em 10 minutos.
Realmente, a primeira solução é entrar em um acordo com a BHtrans quanto aos horários das linhas que atendem o campus.
Só espero que a solução para esse problema não venha a ser imposto ao estudante como mais uma taxa para garantir algum conforto.

9. DIego disse:
em 03/08/2010, às 11:08

Somos obrigados a pagar para pagar na rua, sem nenhuma segurança, e caro.
Acho certo sim ter que pagar paa estacionar, acho q nao deve ser um valor alto, mas so de ter que pagar ja aumenta o numero de pessoas que passam a ir juntas ( caronas). E o valor nao deve ser alto. Mas a verdade é que os que tem carro ( eu por exemplo) dao mais custos a UFMG, tanto pelo custo oportunidade do espaço, quantos os seguranças dos estacionamentos e os custos de ampliação. Isto nao esta certo!! eu acho que eu deveria ser obrigado a pagar alguma coisa sim, é justo. estamos obrigando toda a população a pagar pelo conforto de parar o carro...

10. Graciane Ramos disse:
em 16/08/2010, às 08:53

Acredito que a cobrança de taxas seja mais uma forma de exclusão dos alunos menos favorecidos ao acesso à universidade. As pessoas que possuem melhor condição socioeconômica continuarão a frequentar a universidade em seus carros mesmo com a cobrança, principalmente porque se propõe um valor elevado, enquanto aqueles de condição inferior serão mais uma vez excluídos da vida do campus. Diante de tudo que tem sido feito para que haja inclusão de todas as classes sociais na universidade pública, considero a cobrança de taxas para estacionar no campus absurda.