Restauração do Pipiripau sintetiza ‘o que a UFMG tem de melhor’, diz reitor em cerimônia de reinauguração
Cerimônia reuniu dirigentes da UFMG, do Instituto Unimed e da Prefeitura de Belo Horizonte. Foto: Foca Lisboa/ UFMG
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A restauração do Presépio do Pipiripau, entregue à população de Belo Horizonte nesta quarta-feira, dia 26, no Museu de História Natural e Jardim Botânico, representou uma conjunção harmônica entre ensino, pesquisa e extensão, mobilizando a participação de dezenas de bolsistas do curso de graduação em Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis e a investigação de materiais e tecnologias, culminando com o reencontro desse patrimônio com a cidade.

“Esta reinauguração sintetiza o que a UFMG tem de melhor”, afirmou o reitor Jaime Ramírez durante a cerimônia que contou com a presença dirigentes da UFMG e do Instituto Unimed, parceiro da empreitada, e do vice-prefeito, Paulo Lamac. Em seu pronunciamento, o reitor destacou a contribuição da gestão anterior – comandada por Clélio Campolina Diniz e Rocksane Norton, que participou da cerimônia – para o sucesso da empreitada e salientou que a história do Presépio se confunde com a de Belo Horizonte e a da própria UFMG. “Ele tem valor cultural inestimável. É uma honra imensa devolvê-lo para a universidade e para a população da cidade”, afirmou.

Tecnologia do bom senso

O professor da Escola de Belas-Artes da UFMG Fabrício Fernandino [na foto abaixo], que coordenou o projeto de restauração, enfatizou o empenho da equipe em manter a autenticidade do Pipiripau. “Restaurar não é apenas consertar ou trocar. É, principalmente, preservar a identidade e a assinatura do artista. As poucas peças que precisaram ser substituídas o foram por questões de segurança. Introduzimos, por exemplo, materiais que não propagam chamas”, afirmou Fernandino, sobre aquilo que definiu como “a tecnologia do bom senso”.

O professor da Escola de Belas-Artes da UFMG, Fabrício Fernandino, coordenou processo de restauração da obra. Foto: Foca Lisboa/UFMG

O professor da Escola de Belas-Artes da UFMG, Fabrício Fernandino, coordenou processo de restauração da obra. Foto: Foca Lisboa/UFMG

Segundo o professor, a documentação das etapas do diagnóstico e revitalização do presépio resultaram em documento sobre restauração até então inédito no mundo. “Seu Raimundo [Raimundo Machado Azeredo], o criador do Pipiripau, nunca havia elaborado um projeto ou se preocupado com o resultado final de sua obra, que foi feita por acumulação. Hoje, existe um projeto digital da mecânica do Presépio, e ele está preservado para as gerações futuras”, orgulhou-se.

A restauradora Thaís Carvalho, contratada pela UFMG para chefiar os trabalhos de restauração, estimou que a revitalização deve assegurar ao Presépio “mais 100 ou 200 anos em pleno funcionamento. Fico emocionada por ter tido a oportunidade de participar de um projeto tão enorme, complexo e maravilhoso. Foram muitas as dificuldades superadas e por isso todos os envolvidos também estão emocionados. Meu sentimento hoje é de paz, por ter conseguido concluir, de forma digna e bonita, um trabalho com tanto movimento técnico, de pesquisa e também afetivo”.

O Presépio foi fechado para a restauração em 2012. O projeto de restauração e modernização da obra foi aprovado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), com financiamento regulado pela Lei Rouanet. A captação, iniciada em 2005, foi firmada com o Instituto Unimed, em dezembro de 2011, no valor de R$ 565 mil.

Medicina da restauração

Diretor-presidente do Instituto Unimed BH, Samuel Flam. Foto: Foca Lisboa/UFMG

A comparação entre o cuidado dos médicos com seus pacientes e o carinho dos restauradores com as obras de artes foram enfatizados pelo diretor-presidente do Instituto Unimed BH, Samuel Flam. “Tive a oportunidade de acompanhar a restauração e fiquei impressionado com o esmero da equipe. São como médicos cuidando de seus pacientes”, disse. Flam, que definiu o Presépio como “um clássico das artes plásticas”, equiparou “o sonho do Seu Raimundo” a “um sonho de criança de todos nós”. “Como ex-aluno da UFMG, tenho um carinho enorme por essa obra de arte. Trata-se de um investimento para toda a sociedade”, declarou.

Ainda sobre Seu Raimundo, a diretora do Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais (Cecor) da UFMG, Betânia Veloso, o definiu como “um gênio”, ressaltando seu caráter visionário ao utilizar materiais reciclados na consecução da obra, numa época em que sustentabilidade não era um tema socialmente relevante. A vice-diretora do Museu, Flávia Santos Faria, também destacou o compromisso da instituição em preservar a memória do artesão. “Praticamente todos os belo-horizontinos têm uma história para contar sobre o Presépio. A obra faz parte do consciente coletivo da cidade e encanta a todos, por sua simplicidade e engenhosidade”, comentou

Entre os representantes da família de Seu Raimundo, esteve presente à solenidade sua neta Lúcia Fátima Ramos [foto abaixo]. Ela contou que, durante grande parte de sua infância, morou ao lado do avô e “cresceu junto com o Presépio”. Lembro de alguns familiares ajudando a confeccionar as roupinhas. É sempre uma satisfação toda vez que a gente vê o Pipiripau em evidência. A família acompanhou de perto todas as etapas da reforma. Estou felicíssima com esse desfecho”, disse.

Lúcia Fátima Ramos, neta de Seu Raimundo, compareceu à reinauguração. Foto: Foca Lisboa/UFMG

Lúcia Fátima Ramos, neta de Seu Raimundo, compareceu à reinauguração. Foto: Foca Lisboa/UFMG

O Presépio do Pipiripau está aberto à visitação do público às quartas, quintas e sextas, às 11h e às 16h, e aos sábados e domingos, às 11h, 12h, 15h e 17h.

A TV UFMG também acompanhou a cerimônia de reinauguração, que contou ainda com show do instrumentista Maurício Tizumba.

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