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Nº 1825 - Ano 39
17.6.2013

opiniao

Pesquisa na UFMG: presente e futuro

Marisa Cotta Mancini*

O que o futuro guarda para a pesquisa na UFMG? Que ações estratégicas podem ser implementadas hoje, para que se possa incrementar e potencializar a excelência científica de nossa instituição? Respostas a essas perguntas não são conhecidas, mas na qualidade de protagonistas da história, cabe-nos refletir sobre o presente e planejar o futuro da pesquisa científica e tecnológica na UFMG.

Uma breve análise de dois desdobramentos da pesquisa – publicação científica e desenvolvimento de produtos, processos e serviços tecnológicos inovadores – poderá servir de ponto de partida para pensarmos o futuro.

A publicação da UFMG vem crescendo gradativamente; somos responsáveis por 5,43% da publicação científica brasileira. Tomando como referência duas importantes bases, Web of Science e Scopus, nos últimos cinco anos, a UFMG teve, respectivamente, 8.853 e 11.776 publicações. Em 2012, nossa instituição publicou 2.265 trabalhos científicos na Web of Science e 2.924 em periódicos da base Scopus. O crescimento quantitativo de 6% observado nas publicações de 2012 na base Web of Science, comparado a 2011, é de pequena magnitude, se comparado à relevância das publicações da UFMG, ilustrada pelo número de citações, que passou de 6.494, em 2011, para 10.888, em 2012 (aumento de 68%).

Se, por um lado, os números demonstram crescimento, por outro, eles não podem nos deixar confortáveis, uma vez que outras instituições de ensino de grande porte do país também têm apresentado aumento numérico de publicações e de citações. A UFMG dispõe ainda de grande potencial para ampliação quantitativa e no número de citações de suas publicações científicas. Para tanto, é necessário melhorar a infraestrutura de pesquisa existente, catalisar parcerias estratégicas entre pesquisadores e grupos de pesquisa, e criar mecanismos para apoiar a preparação de manuscritos em inglês e a publicação em periódicos de grande visibilidade internacional. Diversas ações estratégicas foram implantadas nos últimos anos, e é fundamental perenizá-las e incrementá-las.

A UFMG tem ocupado lugar de liderança nacional no desenvolvimento e proteção de produtos, processos e serviços inovadores, sendo, atualmente, a primeira universidade federal em número de pedidos de patente depositados junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT), na qualidade de gestora institucional da propriedade intelectual gerada na Universidade, oferece estrutura adequada para proteção desses ativos intangíveis, bem como para negociação de contratos de licenciamento e transferência das tecnologias produzidas na UFMG.

Desde sua criação até 2012, foram encaminhados ao INPI 643 pedidos de proteção de ativos de propriedade intelectual, incluindo patentes, registro de software, desenhos industriais e marcas. Nos últimos cinco anos (2008 a 2012), foram depositados 57,5% (370) dos pedidos, ilustrando o intenso trabalho da CTIT na disseminação da cultura de proteção da propriedade intelectual na comunidade acadêmica da UFMG. No que se refere a patentes, somente no biênio 2011-2012 foram depositados 151 pedidos, que representam 27,75% do acumulado (544), média de 75,5 pedidos por ano. Mais importante do que contabilizar a proteção de novos produtos, processos e serviços tecnológicos, é desenvolver inovação que seja de interesse da sociedade.

A UFMG já licenciou 101 ativos de propriedade industrial e tem mantido tendência consistente de crescimento. Com a consolidação do setor de transferência de tecnologia da CTIT, espera-se que esses números aumentem consideravelmente nos próximos anos. Por meio do órgão, a UFMG assinou, até 2012, 39 contratos de transferência de tecnologia, sendo que 20 foram formalizados no período de 2010 a 2012.

O processo de transferência de tecnologias para a sociedade tem também demonstrado ser inovador. A UFMG é pioneira na elaboração de modelos inéditos de licenciamento no país, como a implementação da modalidade de remuneração por meio de usufruto de ações da empresa licenciada, além de realizar repasse sem ônus de tecnologias de interesse da saúde pública, entre outros mecanismos.

O empenho na finalização de negociações para licenciamento de ativos de propriedade intelectual na forma de contratos, tem retroalimentado a pesquisa na Instituição, estabelecendo-se um círculo virtuoso e colocado a UFMG a serviço da sociedade. Nosso futuro, no que tange ao desenvolvimento e proteção de produtos e processos tecnológicos inovadores, dependerá da capacidade de perenização das ações implementadas, bem como da adoção de políticas que possam unificar os diferentes agentes envolvidos – universidade, governo e setor empresarial – em prol do estímulo à inovação.

A presença da UFMG entre as universidades de excelência nos cenários nacional e internacional é resultado de seu elevado padrão de ensino, pesquisa e extensão. No que se refere à pesquisa, o caminho que buscamos trilhar projeta-se em direção ao fortalecimento dos indicadores, que se constitui em um dos principais marcadores de reconhecimento das renomadas universidades mundiais. É sabido que as instituições consideradas top (Harvard, Stanford, Columbia, MIT, Yale, Cambridge, entre outras) são reconhecidas principalmente por seus indicadores de pesquisa e de gestão tecnológica. Apoiar a pesquisa na UFMG e seus produtos torna-se, pois, um importante mecanismo para a consolidação de nossa Instituição.

*Pró-reitora adjunta de Pesquisa