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Comida de astronauta

 

Quando crianças, assistíamos a desenhos animados que mostravam comidas de astronautas em tubos, como os de pasta de dente. Havia ainda episódios cômicos em que os alimentos saíam desses tubos com a aparência igual a que estamos acostumados, como uma coxa de frango assada, por exemplo. Enfim, as comidas de astronautas realmente ficam em tubos? O que um astronauta pode levar para comer no espaço?

 

De fato, a comida levada pelo primeiro astronauta a ir para o espaço, Iuri Gagarin (dono da famosa frase “A Terra é azul”), era uma comida em pasta que ficava em um tubo que se assemelhava ao de creme dental. Mas, de lá para cá, muita coisa mudou.

 

As refeições das tripulações tiveram mudanças significativas com o passar do tempo. Atualmente, existem profissionais designados para a função de pesquisar quais alimentos podem ser levados ao espaço e de que forma. Nos Estados Unidos, a responsabilidade é do Departamento de Engenharia de Sistemas de Alimentos do Johnson Space Center da NASA  (National Aeronautics and Space Administration), em Houston, Texas.

 

Os alimentos são escolhidos de forma a garantir a nutrição adequada dos astronautas. Já a forma de transporte deve possibilitar que eles resistam à microgravidade. Por sua vez, o prazo de validade tem que ser suficiente para cobrir a duração da missão. Dentre as técnicas utilizadas para aumentar a durabilidade, estão o resfriamento dos alimentos com o uso da geladeira, como ocorre aqui na Terra, e embalagens que reduzem o seu contato com o oxigênio.

 

Você sabia que o cardápio dos astronautas pode ser bem diverso? Fizemos uma lista de alguns alimentos que podem ser levados, classificando-os de acordo com a sua forma de conservação no espaço: 

 

Alimentos desidratados

Alguns alimentos como leite, purê de batatas, macarrão e coquetel de camarão são desidratados aqui na Terra e hidratados no espaço, com água quente. Os marinheiros de grandes navegações e os militares de guerra também fazem uso dessa técnica, porque além de aumentar a durabilidade, ela reduz o volume e o peso, o que facilita o transporte. A desidratação de alimentos é uma prática antiga que carrega muita história, sendo usada pelos nativos andinos e brasileiros. Um exemplo de alimento desidratado que está presente nas nossas cozinhas é o leite em pó. 

Na cozinha da Estação Espacial Internacional, há inclusive uma estação de reidratação para os alimentos.  (Imagem do site https://pet.agro.ufg.br/n/129525-alimentacao-dos-astronautas)

 

Alimentos termoestabilizados

Carne de porco picada com ovos, carne com legumes, sopa de ervilha e vários outros alimentos são aquecidos a uma temperatura suficiente para matar microrganismos e desnaturalizar enzimas prejudiciais ao nosso organismo para, em seguida, serem embalados em latas ou copos. Esse processo recebe o nome de termoestabilização.

 

Alimentos enlatados após o processo de termoestabilização também fazem parte da dieta dos astronautas. (Imagem do site https://pet.agro.ufg.br/n/129525-alimentacao-dos-astronautas)

 

Alimentos frescos ou em sua forma natural

São alimentos que não são processados e/ou não precisam ser conservados artificialmente. Exemplos: maçã, banana, molhos e biscoitos.

 

(Imagem do site https://pet.agro.ufg.br/n/129525-alimentacao-dos-astronautas)

Alimentos líquidos

Os alimentos  líquidos precisam sempre estar em embalagens específicas, com canudos, para que nenhuma gota escape. Diferentemente do comportamento dos líquidos aqui na Terra, no espaço os líquidos flutuam. Isso pode ser um grave problema, pois se alguma gota molhar os equipamentos, poderá danificá-los.

 

Apesar do cardápio rico em variedades, os astronautas relatam problemas com os sabores. Isso acontece não porque os alimentos são insossos, mas porque a microgravidade influencia na distribuição dos fluidos no corpo, causando uma espécie de congestão nasal. Como o olfato é um elemento complementar ao paladar, sua ausência faz com que o sabor dos alimentos fique comprometido. Por conta desse detalhe, os astronautas valorizam comidas com sabores fortes, comidas apimentadas, ácidas e doces. 

 

Pensando nisso, estudantes do ensino médio do SESI Vila Canaã, em Goiânia, criaram um chiclete de pimenta, ao descobrir que ela contém uma substância que ajuda a devolver o sabor para o alimento. Para usar o chiclete, basta mastigá-lo por 10 minutos antes das refeições. O efeito dura 1 hora, de acordo com os estudantes, que foram premiados pela NASA.

 

Mesmo com as geladeiras e a evolução das técnicas de armazenamento, desidratação e termoestabilização para o aumento da durabilidade dos alimentos, os engenheiros de alimentos têm bastante trabalho pela frente, pois Marte é o próximo destino das missões espaciais da NASA. Para que isso seja possível, serão necessários alimentos que durem pelo menos cinco anos no espaço. Atualmente, os alimentos têm duração média de três anos. Outros avanços são possíveis: recentemente, astronautas da Estação Espacial Internacional (da sigla em inglês ISS) conseguiram plantar alface! Essa já é uma amostra do que os astronautas esperam para o futuro dos alimentos em suas próximas viagens ao espaço.

 

[Texto de autoria de Aline Ribeiro Sampaio, estagiária do Núcleo de Astronomia do Espaço do Conhecimento UFMG e estudante de Física da UFMG].

 

 

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