O Aleph – Espaço do Conhecimento UFMG
 
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O Aleph

 

Ao chegar ao quinto andar do Espaço do Conhecimento UFMG,  instantaneamente nos deparamos com uma imensa instalação que ocupa parte do hall. A grande escada preta, com seus degraus que se estendem até quase alcançar o teto, desperta vários sentimentos. Crianças e adultos, unidos pelo desejo de explorar e entender aquela obra, sentem-se algumas vezes até tentados a romper a proibição de subir seus degraus. Parece impossível não tentar decifrar essa escada que aparentemente não leva a lugar nenhum. Degraus que mudam de tamanho à medida que ganham altura. Uma passagem por baixo deles, onde encontramos um caleidoscópio com uma sucessão de imagens aparentemente sem sentido, mas que na verdade formam uma unidade.

 

 

O nome dessa instalação é uma referência direta ao conto do escritor argentino Jorge Luis Borges: O Aleph. O conto é o último do livro de mesmo nome, Aleph, que é também a primeira letra do alfabeto hebraico. Dualidades são questões que permeiam a obra do autor.

 

Mas quem foi Borges? Nascido na Argentina, conhecido e aclamado mundialmente, Borges escreveu contos e também romances, poesias, críticas literárias e ensaios. Amava ler, mas ficou cego, assim como outros homens de sua família, de outras gerações. Disse certa vez, em uma entrevista, que um de seus desejos era poder novamente folhear um livro. Assim, mesmo cego, não abandonou a escrita, talvez tenha até se apegado mais a ela. Ditava suas palavras à mãe e, posteriormente, com o falecimento dela, a um assistente, que as escrevia para ele. 

 

 

Em O Aleph, Borges se coloca como narrador personagem do conto, tornando-o, a cada leitura, mais cheio de significado. Na história, ele visita a casa de sua amada  falecida, Beatriz, todos os anos no dia do aniversário dela. Em uma dessas visitas, é informado por um primo de Beatriz que a casa será demolida. O primo é também escritor e lhe revela um segredo que existe no porão da casa. 

 

Assim se dá seu encontro com o “Aleph”. No décimo nono degrau da escada do porão está uma pequena esfera. E dentro dela o mundo todo. Naquele ponto, em um espaço que ocupava apenas alguns centímetros, foi possível ver tudo. Borges viajou por diversos lugares do mundo ao olhar dentro do Aleph. Viu cidades e escrivaninhas, uma infinidade de espelhos e rostos, tudo simultaneamente. 

 

Com essa experiência, acreditou ter alcançado a loucura. Mas, com o tempo, começou a esquecer. Voltou a se surpreender. Mas continuou a se perguntar eternamente se haveria um outro Aleph pelo mundo, à espera de que alguém o olhasse. Você já encontrou algum?

 

Para saber mais:

Entrevista com Jorge Luis Borges

Matéria sobre Jorge Luis Borges

Resenha do livro “O Aleph”

CARVALHO, Marília Nogueira. Jorge Luis Borges e as histórias do sem fim: do espaço e seus desdobramentos. Dissertação (Mestrado em Letras), Universidade Federal de Minas Gerais, 2010, p.39-46. 

 

[Texto de autoria de Tamires Batista Silveira, mediadora do Núcleo de Ações Educativas e Acessibilidade]

 

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