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27 de julho de 2007

Tempo de despedida

Foca Lisboa
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Intervenções artísticas na cidade marcaram o Festival

Por Larissa Nunes

A hora de se despedir do Festival de Inverno da UFMG em Diamantina é momento para avaliar os resultados e já pensar no próximo evento. "Desde 2000, trabalhamos para aproximar o Festival da população da cidade. Acreditamos que, este ano, conseguimos romper a distância" avalia o curador geral, Fabrício Fernandino. De todas as atividades, as Aulas Abertas foram as que mais contribuíram para essa aproximação, pois permitiram que a população conhecesse de perto e até mesmo participasse das atividades desenvolvidas dentro das oficinas. A população local e participantes de outras cidades transformaram as ladeiras de Diamantina em palco e cenário para a arte. “Essas aulas foram o pontapé inicial. O objetivo é que, no futuro, possamos realizar oficinas abertas em tempo integral. Queremos que quem passe por Diamantina durante o Festival perceba que a cidade transformada”, afirma o curador adjunto, Ernani Maletta.

Quem assistiu às outras edições do evento também notou as diferenças. Sem querer revelar a idade, a artesã e moradora de Diamantina, Rita de Alcântara, conta com orgulho que participou de todos Festivais da UFMG, desde 1967. “Este ano, o Festival estava com a cara de Diamantina. Os eventos, de uma forma geral, estavam bem mais acessíveis à população”, analisou, enquanto pintava tecidos na aula aberta O desenho de superfície - técnicas de estamparia têxtil.

Além das atividades da Semana da Saúde, que mobilizaram a população de Diamantina, outro destaque foi o incremento do turismo. Segundo dados da Secretaria Municipal de Cultura, 80% dos leitos dos hotéis e pousadas foram ocupados durante as duas semanas de evento. Nas ruas, os comerciantes comemoraram o aumento do consumo. “Durante todo o ano, nosso consumidor é o estudante universitário. Mas, neste período de férias, a cidade fica vazia. O Festival chega num momento certo, para aquecer as vendas”, explica o dono de um restaurante e lanchonete da cidade, José Andrade. Para o próximo ano, fica uma aposta: “Acho que o Festival pode crescer cada vez mais. A tendência então é que as coisas também melhorem para o nosso lado”, brinca o comerciante.


Lembranças de um passado saudoso

Felipe Zig
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O passadiço é um dos símbolos de Diamantina

“Vim de Gouvêa para Diamantina, ainda menina, na década de 40, com mais nove irmãs. Viemos para o internato que funcionava na Casa da Glória, na época, Colégio Nossa Senhora das Dores. Era um lugar rigoroso e o passadiço marca essa lembrança. Até pra conversar com parente era preciso autorização da superiora. Pé na rua, então, sem chance. A gente não podia nem olhar pra fora direito. Os vidros das janelas eram todos coloridos e as meninas tinham que raspar pra olhar os garotos do ginásio que existia mais pra cima, bem pertinho da gente, no entanto tão longe... Era uma época boa também. As irmãs eram muito carinhosas e a cidade, então, linda. E isso permanece. Não voltava aqui desde 1957 e a saudade bateu forte. Voltar pra Belo Horizonte, agora, fica até um pouco complicado...” Efigênia Chaves Prazeres, 70 anos, antiga moradora de Diamantina

Conceito ao pé da letra

Por Luisa Brasil

Territórios híbridos, linguagens contemporâneas. A máxima que ecoou em Diamantina durante os 15 dias de Festival materializou-se nas oficinas das áreas de Artes Híbridas e Artes Transdisciplinares, em que diversas áreas do conhecimento dialogaram entre si. À primeira vista, os dois nomes podem sugerir a mesma coisa, mas o curador-geral Fabrício Fernandino explica a diferença. “As oficinas Transdisciplinares procuram estabelecer uma relação mais próxima da comunidade, extrapolando as áreas clássicas do Festival. Elas permitem trabalhar a arte com outras disciplinas, como o turismo, a fotografia, o resgate do patrimônio e cultural”, ressalta. O grande trunfo é a capacitação de gestores culturais, que aplicam o que foi aprendido em sala de aula de forma perene, mesmo quando o Festival vai embora. Este ano, um dos exemplos mais fortes é o da oficina Alegorias – o profano e o sagrado. O resultado das aulas foi a formação de um grupo que propõe intervenções artísticas na cidade. Já as oficinas de Artes Híbridas estão ligadas às novas formas de arte e às tendências contemporâneas de se explorar um fazer artístico diferenciado. Estão intimamente ligadas à vanguarda artística e às novas tecnologias. “É uma mistura para um produto diferenciado, que configura um avanço na produção artística”, afirma Fabrício.

Tributo às raízes africanas

Por Tereza Rodrigues

Considerado um dos mais belos trabalhos de música instrumental realizado em Minas Gerais, o projeto Suíte para os Orixás é atração na noite de hoje, no 39º Festival de Inverno da UFMG. O show acontece às 21 horas, no Teatro do Instituto Casa da Glória, e os convites podem ser comprados por R$ 3, na bilheteria da Casa da Glória.

Suíte para os Orixás é resultado de um trabalho de pesquisa, composição e orquestração, que durou cerca de três anos e transformou-se numa música para orquestra de cordas e um grupo com flauta, percussão, bateria, vibrafone e contrabaixo. Compõem o grupo: Neném (bateria e percussão), Mauro Rodrigues (flauta), Sergio Aluotto (vibrafone e percussão), Guda (percussão), Ivan Corrêa (contrabaixo) e Ricardo Cheib (percussão).

A peça estreou em 1992 e foi criada a partir de temas e ritmos afro-brasileiros da tradição dos iorubás, originária das nações de Keto e Angola. Em 2006, a Suíte para os Orixás foi gravada em CD e, com esse trabalho, os idealizadores e compositores Esdras “Neném” Ferreira e Mauro Rodrigues o Prêmio BDMG Instrumental, edição 2006 e 2007.

O show desta noite, assim como o workshop que foi oferecido de 11h30 às 12h30 aos participantes do Festival, é patrocinado pelo projeto Natura Musical, que tem por missão estimular e difundir a “música raiz-antena” – que tem raízes na nossa terra e que ao mesmo tempo olha para o mundo.

Fernando Fiúza
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Os músicos Esdras "Neném" e Mauro Rodrigues

40 invernos conta história do Festival

Por Luisa Brasil

Em 1967, acontecia o primeiro Festival de Inverno da UFMG. A idéia surgiu de um grupo de professores da Escola de Belas Artes e da Fundação de Educação Artística de Música, e Ouro Preto foi a primeira cidade a sediar o evento. Passados 40 anos, o Festival mudou a cara do inverno mineiro, e tornou-se uma das "meninas dos olhos" da Universidade. Parte dessa história poderá ser vista hoje, no lançamento do documentário 40 Invernos, a partir de 20 horas, no auditório da UFVJM. O filme foi produzido por um grupo de professores da Escola de Belas Artes, dirigido por Evandro Lemos e Sérgio Vilaça. No evento, os espectadores vão conferir o primeiro bloco do vídeo, que conta a historia do festival na década de 60.

Segundo a produtora executiva de 40 Invernos, Jussara Vitória, os idealizadores do vídeo tentaram se afastar de uma produção institucional. "Queríamos dar uma outra cara, uma visão voltada para o resgate da memória do Festival". A idéia de produzir o documentário surgiu no próprio Festival de Inverno, em 2005. A partir daí, começou uma busca incessante no acervo da UFMG. Complicada, segundo Jussara Vitória, foi a seleção das imagens. "Foi muito difícil escolher o que usar, porque 40 anos de história formaram um acervo muito rico".

O filme terá sua pré-estréia oficial em Belo Horizonte, no dia 6 de agosto, às 19 horas, no teatro Francisco Nunes.