24ª Jornada de Extensão apresentou ações que são exemplos de luta, resistência e compromisso com as comunidades indígenas

A 24ª Jornada de Extensão teve seminário com a apresentação de atividades da UFMG desenvolvidas com os povos Tikmũ’ũn (Maxakali), Xakriabá, Yanomami e Ye’kwana. O seminário foi realizado na tarde de quarta-feira, dia 7 de maio de 2025, no Auditório Nobre da Escola de Engenharia (campus Pampulha).
A programação do evento também contou com a mostra de produtos extensionistas e as oficinas sobre extensão para estudantes, coordenadores e vice-coordenadores dos Colegiados de Extensão (Cenex), que foram realizadas na segunda e terça, dias 5 a 6 de maio.
O tema da 24ª edição foi Direitos humanos e meio ambiente: aprendendo com os povos indígenas.
Marco temporal não

“A mãe Terra não se negocia. Marco temporal não. Os direitos humanos não podem ser relativizados”, declarou o estudante de Jornalismo da UFMG João Pedro Salles, mestre de cerimônias do seminário, na abertura.
A mensagem de João Pedro se referiu às incessantes e insistentes violações dos direitos dos povos originários, mesmo após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que, em 2023, derrubou a tese jurídica do marco temporal — mecanismo que limitava a demarcação das terras indígenas àquelas ocupadas por eles até a promulgação da Constituição Federal de 1988.
Patrimônio Maxacali
O líder dos povos Maxakali José Antoninho e o professor da Escola de Música da UFMG, Eduardo Rosse, apresentaram o projeto Documentação e preservação do sistema de conhecimentos ancestrais do povo Tikmũ’ũn-Maxakali. A exposição foi aberta por uma apresentação cultural de integrantes da etnia.
Rosse e Antoninho falaram dos processos e atividades do projeto para preservar a cultura e os costumes desses povos. As ações são fruto de parceria da UFMG com o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha/MG). Elas visam ao reconhecimento dos Maxakali como Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais.

Aprender juntos
Em seguida, a 24ª Jornada de Extensão teve a participação do programa Morar indígena, da Escola de Arquitetura e Design da UFMG, relatado pelos estudantes Lucas Carvalho de Jesus e Jean Gonçalves de Oliveira, membro do povo Xakriabá e discente do curso Formação Intercultural para Educadores Indígenas (Fiei), da Faculdade de Educação (FaE/UFMG).
Lucas e Jean mostraram os trabalhos de reconstrução de escola e casa de medicina que foram destruídas por um incêndio criminoso em 2021, na aldeia Barreiro Preto, em São João das Missões, no Norte de Minas. “As práticas no território contribuem muito para as minhas práticas como arquiteto. Eu aprendo muito com o povo Xakriabá”, afirmou o estudante Lucas, que participa das ações.

Projeto com o povo Yanomami/Ye’kwana
Também foi apresentado o projeto Direitos Humanos, Educação e Saúde nos territórios Yanomami/Ye’kwana. A apresentação foi conduzida pelos estudantes de Antropologia e Arqueologia da UFMG João Piuzzana e Marciane Rocha, esta última integrante do povo Ye’kwana.
A iniciativa desenvolve atividades integradas de educação e saúde nas terras indígenas de Roraima (RR), em região que passou a conviver com forte crise humanitária a partir de 2019.
“O garimpo invadiu e tomou conta do nosso território. Esse projeto tem sido muito importante para a nossa gente”, contou, emocionada, a estudante Marciane, ao relatar as transformações na comunidade a partir da atividade de extensão.

Compromisso e resistência
Após as apresentações, a professora Ana Gomes, da Faculdade de Educação (FaE/UFMG), mediou um debate com os estudantes e o público.
A professora lembrou a presença histórica de estudantes indígenas na UFMG e acrescentou que “as ações da Universidade com foco nessas populações são extensas, longevas e profundas”.
A docente salientou que a jornada evidenciou esse processo e o histórico de luta e resistência desses povos, que, apesar da violência histórica imposta pelos brancos, “nunca deixaram de lutar e resistir. Nós todos temos muito que aprender com eles”, concluiu Ana Gomes.
O seminário contou com a participação da reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida, do pró-reitor de Extensão da UFMG, Glaucinei Rodrigues Corrêa, e da pró-reitora adjunta de Extensão, Carmen Vergara.

Eduardo Maia/Comunicação Proex UFMG