Encontro evidencia papel da universidade e juventude na democratização da sociedade

Fórum da Cátedra de Direitos Humanos da AUGM também debateu integração e cooperação entre os países latino-americanos 

 

Encontro foi aberto pela reitora Sandra Goulart Almeida (no púlpito, à direita), que atualmente preside a AUGM | Foto: Universidade do Chile

A UFMG foi uma das instituições presentes no 2° Fórum de Direitos Humanos da Associação de Universidades do Grupo de Montevidéu (AUGM). O encontro foi organizado pela Cátedra de Direitos Humanos da Associação nos dias 6 e 7 de dezembro.

O evento reuniu em Santiago, na Universidade do Chile, uma rede de universidades latino-americanas, comunidade estudantil, organizações de direitos humanos, militantes e lideranças para refletir e discutir a cooperação entre os povos a fim de fortalecer os direitos humanos, a democracia, a paz e a função social da universidade pública.

O fórum foi o primeiro encontro presencial da cátedra, que é coordenada, desde dezembro de 2020, pela pró-reitora de Extensão da UFMG, Claudia Mayorga, que participou do evento com a reitora da UFMG, Sandra Goulart Almeida, atual presidente da AUGM.

Universidades, futuro e integração

O fórum foi aberto pela reitora da UFMG. Primeira mulher a presidir a AUGM em 30 anos de história, Sandra convidou os presentes a “pensar como nós, universidades e países, podemos colaborar para construir juntos países que sejam melhores, mais justos, mais colaborativos e mais solidários”.

“As universidades são as instâncias que vão criar o futuro de nossos países. Não se pode criar um futuro sem as universidades. Este espaço tem um papel muito importante, porque não apenas formamos pessoas, como também estamos a serviço da sociedade e dos nossos povos. Juntos, podemos fazer muito mais”, defendeu.

No mesmo dia, o presidente do Uruguai de 2010 a 2015, Pepe Mujica, proferiu a conferência inaugural Direitos Humanos e Democracias Contemporâneas.

Considerado uma das lideranças mais proeminentes do continente, Mujica afirmou que “não há nada mais importante do que a vida das universidades”, mas alertou que “[a universidade] não pode ser uma flor de estufa, um requinte intelectual de um mundo exótico. Ela é um compromisso com as angústias, com as dores e com as alegrias de sua sociedade, é o lúmen pensante”.

Pepe Mujica foi homenageado no evento | Foto: Universidade do Chile

Mujica lembrou que “a civilização é filha da cooperação”. Ele disse ainda: “Nós é que temos que cultivar a democracia. A esquerda, a direita, o centro. Mas, para isso, devemos respeitar valores comuns. Façam tudo que for possível para não cultivar o ódio”, conclamou.

Aos 87 anos, o ex-presidente destacou que sua militância teve início bem cedo, aos 14 anos, e compartilhou uma percepção sobre a região: “Não há massa de população mundial como nós, que vivemos do Rio Grande para baixo e que, se falarmos devagar, conseguimos nos entender”.

Protagonismo juvenil

Em reunião com estudantes, o ex-presidente do Uruguai também afirmou: “a grande questão é o que você vai fazer com sua vida: você é determinado pelos outros, pelo mercado, ou você tem algo a ver com o curso de sua existência?”, interpelou o líder social, que foi homenageado, no fórum, com a Medalha Reitoral da Casa de Bello, distinção máxima conferida pela Universidade do Chile.

No evento, Mujica e a pró-reitora Claudia Mayorga, coordenadora da Cátedra de Direitos Humanos da AUGM | Foto: AUGM

O papel da juventude na democratização da sociedade foi destacado pela pró-reitora Claudia Mayorga. “Costuma-se dizer que os jovens não estão interessados na política, nas transformações da sociedade, nem nas mudanças e lutas (…) Uma perspectiva ligeiramente centrada no adulto é sempre usada, que olha para a juventude como algo que ela ainda não pode constituir. No entanto, quando olhamos para a história da América Latina, a participação de jovens e estudantes tem sido fundamental na democratização da nossa sociedade”, disse.

O 2° Fórum de Direitos Humanos contou também com a realização do primeiro encontro regional da Rede de Articulação com o Meio Ambiente do Consórcio de Universidades do Estado do Chile (CUECH).

As conferências, bem como as demais as atividades do evento, estão disponíveis no YouTube da Universidade do Chile. Outras informações do Fórum podem ser obtidas também no site da AUGM.

Escola de Verão 

A próxima atividade da Cátedra de Direitos Humanos da AUGM será a Escola de Verão – Educação em Direitos Humanos. O curso de extensão será realizado, de forma presencial, na UFMG, de 13 a 17 de fevereiro de 2023.

A formação será gratuita aberta a todos os interessados. As inscrições serão abertas em breve (informações serão divulgadas no site e redes sociais da Proex).

Será a terceira edição da escola. A primeira foi realizada no campus Pampulha da UFMG em fevereiro de 2020. A segunda edição foi realizada, de forma remota, de maio a junho de 2021.

O curso reúne estudantes, profissionais, servidores docentes e técnico-administrativos da UFMG, gestores, representantes de movimentos sociais e de políticas públicas, muitos deles oriundos de países latino-americanos. As aulas são ministradas por docentes vinculados às universidades públicas associadas à AUGM.

Veja, abaixo, mais imagens do 2° Fórum de Direitos Humanos da AUGM.| Fotos: Universidade do Chile e AUGM.