Simulação mostra o antes e depois após uma das intervenções proposta pelo grupo | Imagem: Simulação
O projeto de extensão “Lembra: isto é rio!” lança estudo sobre manejo de águas pluviais em Belo Horizonte.
Pesquisadores da Escola de Arquitetura da UFMG propõem a implementação de infraestruturas verdes e azuis na Sub-Bacia do Córrego do Leitão, na região Centro-Sul de BH, como alternativas para reduzir – ou até acabar com – os alagamentos. A intenção é que o material seja acessado por gestores públicos, políticos e sociedade civil.
O material do estudo está disponibilizado no website do Projeto Manuelzão e na página da iniciativa de extensão no Instagram.
Modelo
Parte da equipe do projeto “Lembra: isto é rio”; ao centro, a pesquisadora Isabela Izidoro | Foto: Divulgação
O material é baseado na dissertação Resposta hidrológica de uma bacia hidrográfica urbana à implantação de técnicas compensatórias de drenagem urbana, defendida em 2017 por Deyvid Wavel Barreto Rosa, na Escola de Engenharia da UFMG. Por meio de modelos computacionais e da análise de dados fornecidos pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), o pesquisador construiu um modelo hidrológico para a Bacia Hidrográfica do Córrego do Leitão, na capital.
A Bacia do Leitão foi a escolhida porque foi definida como bacia-piloto nos estudos hidrológicos da capital e já vinha sendo monitorada pela Prefeitura desde 2011. Além disso, a bacia corta uma área de urbanização consolidada, em que investimentos públicos vêm sendo feitos desde o planejamento da cidade, o que mostra que as inundações frequentes não se devem à falta de recursos, mas ao modelo de urbanismo adotado.
“Fiz uma simulação de como é a Bacia do Córrego do Leitão e propus cenários com usos alternativos do solo. Entre eles, testei a implementação parcial das técnicas que integram o material que estamos lançando agora. O estudo mostrou que, se implementarmos essas técnicas em 50% das áreas disponíveis, isso já reduziria quase por completo as inundações das regiões que integram a bacia. Assim, as técnicas apresentadas foram capazes de armazenar, filtrar e reter um volume muito grande de água das chuvas”, explica Deyvid.
O documento ora lançado explica o que são as infraestruturas verdes e azuis propostas na pesquisa de Deyvid. Ele também apresenta os principais motivos para a aplicação desse tipo de técnica, discorre sobre questões atuais associadas ao manejo das águas de chuva no município e sugere ferramentas para auxiliar na gestão dos recursos hídricos.
“O aumento das enchentes está relacionado à mudança no uso do solo e às mudanças climáticas. Nosso objetivo é promover uma ampla discussão sobre o tema no município, considerando as recorrentes inundações e enchentes nas temporadas de chuva dos últimos anos. O poder público precisa agir, mas algumas das técnicas propostas podem ser aplicadas também pelos moradores da capital”, conta a pesquisadora Isabela Izidoro, também vinculada ao projeto Lembra: isto é rio.