Peça ‘A Paixão de Tito’ faz apresentação especial na Fafich nas descomemorações do golpe de 64

Solo celebra a memória do frei cearense morto pela Ditadura Militar em um rito de paixão e fé com a participação do público

 

Peça é conduzida por Gabriel Castro Cavalcante, conterrâneo de Tito | foto: Denilson Cardoso

“A Paixão de Tito”, solo de Gabriel Castro Cavalcante, com dramaturgia e encenação de Juarez Guimarães Dias, faz apresentação única e especial nesta segunda, dia 1º de abril, às 11h, na sala 4 (3º andar) da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) – campus Pampulha.

Com entrada franca sujeita à lotação do espaço, a sessão é uma realização do Núcleo de Estudos em Estéticas do Performático e Experiência Comunicacional (Neepec) em parceria com a Universidade dos Direitos Humanos (UDH/Proex), dentro das descomemorações de 60 anos do Golpe de 64.

O espetáculo é um ritual em memória de Frei Tito de Alencar Lima, cearense, militante, dominicano, preso, torturado e banido de seu país na Ditadura Militar, e realizada com a participação do público em cena, articulando performance e ritual. O solo propõe um cruzamento das trajetórias do artista, do frade e de Jesus, compartilhando com o público o vinho, o pão e a palavra desses cristãos que reverberam de maneira iluminada e necessária nos tempos de hoje.

Percurso de fé e luta

A Paixão de Tito parte de biografias e textos escritos por Frei Tito de Alencar Lima, além de canções, cartas, depoimentos em textos e áudios produzidos à época por ele, por seus companheiros de ordem e missão, como Frei Betto, e por familiares com sua irmã Nildes Alencar.

O trabalho cruza elementos de rituais religiosos numa perspectiva ecumênica e antropológica, tendo o teatro e a performance como linguagens condutoras. O público é convidado a participar dessa homenagem, acompanhando os passos da paixão de Tito, do nascimento até a morte em seu exílio na França. Nesse sentido, a proposta da dramaturgia busca recuperar sentidos etimológicos de comunidade e comunicação (fazer algo em comum). em diálogo com pesquisas desenvolvidas sobre autobiografias e biografias pelo Prof. Juarez Guimarães Dias no Neepec. A montagem conta com a colaboração de outros artistas da UFMG, como os figurinos da Profa. Tereza Bruzzi (T.U.) e música original de Luiz Rocha (discente da Graduação em Teatro).

O solo é conduzido por Gabriel Castro Cavalcante, conterrâneo de Tito e com o qual se sente profundamente identificado na fé e na luta, e propõe um réquiem em homenagem à sua “paixão”. Partindo de reconhecimento com o com o percurso de Tito que, migrando do Nordeste para o Sudeste, ambos em busca de seus “sacerdócios”, ainda que de naturezas distintas, o ator vê nesse trabalho a possibilidade real de aprofundar em discussões que perpassam por questões identitárias.

Gabriel Castro Cavalcante

Ator e Pesquisador, é Graduado em Licenciatura em Teatro pela UFMG, atualmente em cena e produzindo “A Paixão de Tito” e a peça-jogo-festa “#Criança”, realizando pesquisas sobre teatro narrativo e documentário, identidade, infância e brincadeiras. Seu percurso artístico começa em Fortaleza, em 1998, no Curso Princípios Básicos de Teatro com a peça “O destino a Deus pertence” (Dramaturgia de Ricardo Bessa e direção de Paulo Ess).

Em Minas Gerais, onde está radicado desde 2001, integrou entre 2006-2010 o elenco de projetos desenvolvidos no Galpão Cine Horto do Grupo Galpão, como o Oficinão com o espetáculo “Quando o peixe salta” (Dir. Rodrigo Campos e Fernando Mencarelli), Pé na rua com “O circo do lixo” (Dir. Eduardo Moreira e Chico Aníbal), Cena-espetáculo com “Av. Pindorama, 171” (Dir. Henrique Limadre), sendo este a origem do coletivo artístico Teatro 171. Colaborou entre 2010-2015 com o Teatro Oficina, Grupo XIX de Teatro, Teatro Kunyn, Laboratório de Práticas Performativas da USP e Cia. de Teatro Documentário, todos em São Paulo.

Juarez Guimarães Dias

Dramaturgo, Encenador, Professor e Pesquisador do Departamento de Comunicação Social, do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Co-coordenador do Núcleo de Estudos em Estéticas do Performático e Experiência Comunicacional (Neepec) na UFMG. É Doutor em Artes Cênicas (Unirio) com estágio-sanduíche na Universidade de Lisboa, Mestre em Literatura (PUC-Minas) e Bacharel em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda (Uni-BH). Tem publicações em revistas acadêmicas especializadas, blogs e é autor dos livros “Narrativas em cena: Aderbal Freire-Filho (Brasil) e João Brites (Portugal)” (Móbile Editorial/ Faperj) e “O fluxo metanarrativo de Hilda Hilst em Fluxo-floema” (Annablume). No teatro, tem trabalhos reconhecidos por público e crítica como “A Obscena Senhora H”, “Freddie Rock Star – The Show Must Go On!”, “EuCaio”, “Marilyn Monroe.doc”, “#tudodenós” e “Atrás dos olhos das meninas sérias”.

Neepec

Coordenado pelos Profs. Carlos Mendonça e Juarez Guimarães Dias, o Núcleo de Estudos em Estéticas do Performático e Experiência Comunicacional (Neepec) tem a performance como inspiração metodológica, investigando formas de comunicação que privilegiam a articulação entre o corpo, os textos visuais, sonoros e verbais. A experiência comunicacional que nos interessa irrompe na relação autopoiética existente entre as estéticas do performático e a vida ordinária; na percepção do corpo como lugar dos afetos, da intuição sensível; e na performance (em suas dimensões social, artística ou linguística) como arquivo, dispositivo de memória e, simultaneamente, como oportunidade de crítica, de inventividade e de transformação. O Núcleo desenvolve projetos de pesquisa, ensino e extensão, é um espaço de acolhimento de discentes LGBTQIAPN+. Pertence ao Departamento de Comunicação Social da FAFICH e está vinculado à Linha de Pesquisa “Textualidades Midiáticas” do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da UFMG.

Serviço

“A Paixão de Tito”
Data: 1º de abril de 2024.
Dia e Horário: Segunda-feira, às 11h
Local: Sala 4, 3º andar da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH) – Campus Pampulha (Av. Antônio Carlos, 6627, Pampulha, Belo Horizonte MG)
Entrada franca sujeita à lotação do espaço.
Duração: 50 minutos.