Minas Gerais é o terceiro estado da região Sudeste que mais acolhe refugiados e migrantes e o segundo que mais recebe brasileiros que retornam ao Brasil após longos períodos. Além disso, é o sétimo principal destino de pessoas vindas da Venezuela que participam da Estratégia de Interiorização do governo federal. O Brasil abriga cerca de 1,5 milhão de migrantes e refugiados e entre 25 mil e 45 mil pessoas retornadas. Com base nesses dados sobre a mobilidade humana, diversos órgãos e instituições, entre as quais a UFMG, se mobilizam para a elaboração do 1º Plano estadual para migrantes, refugiados, apátridas e retornados de Minas Gerais.
O processo é conduzido pelo Comitê de Atenção ao Migrante, Refugiado e Apátrida, Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Erradicação do Trabalho Escravo de Minas Gerais (Comitrate), criado em 2015 por meio de decreto do governo e coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social (Sedese).
A UFMG atua nos grupos técnicos do Comitrate há alguns anos. Conforme explica a professora Carolina Moulin Aguiar, coordenadora da Cátedra Sérgio Vieira de Mello (CSVM) na Universidade, “com o aumento dos fluxos migratórios para o estado, inclusive de brasileiros retornados, fortalece-se a mobilização para um marco normativo mais robusto e políticas públicas que deem conta da realidade migratória no estado”.
A Cátedra tem pleiteado participação mais ativa no processo de construção de políticas públicas relativas à temática, segundo Carolina Moulin. Iniciativa nesse sentido foi a realização das Conferências Livres da CSVM, que contaram com a participação de migrantes – uma delas foi realizada no dia 20 de novembro, na UFMG, de forma remota.
Legislação e políticas para Minas
Carolina Moulin comenta que alguns municípios e estados, como São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul, já têm legislação e políticas estabelecidas e estão mais avançados no acolhimento a essa população. Em Minas, as discussões da sociedade, como as realizadas pelas Conferências Livres da Cátedra, resultaram em propostas que serão consolidadas e transformadas em um plano para ser discutido na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e, eventualmente, se tornar lei.