UFMG participa de rodas de conversa e atendimentos em apoio à população em situação de rua

Universidade marcou presença no mutirão ‘Rua de Direitos’, que ocorreu no sábado  

 

Docentes e alunos vinculados a projetos de extensão da UFMG e de instituições parceiras no evento  Foto Polos de Cidadania

Docentes e alunos vinculados a projetos de extensão da UFMG e de instituições parceiras no evento | Foto: Polos de Cidadania

Atividades de extensão da UFMG participaram do mutirão Rua de Direitos, que ocorreu no sábado, dia 28 de outubro. A Universidade dos Direitos Humanos (UDH), o programa Polos de Cidadania, da Faculdade de Direito, e o projeto Saúde na Rua, da Escola de Enfermagem, marcaram presença no evento organizado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).

A UFMG foi uma das 24 organizações parceiras do mutirão, que ofereceu diversos serviços gratuitos para as pessoas em situação de rua participantes, como emissão de documentos de identificação civil, atendimento previdenciário, orientação jurídica, atendimento médico, atendimento veterinário, corte de cabelo, entre outros.

Essa foi a primeira vez que o mutirão ocorreu no Centro de Referência das Juventudes (CRJ), tendo sido realizado, nas outras edições, em praças e ruas de Belo Horizonte.

Histórias e direitos

Professora Guiomar Frota e entrevistada para a ação Essa Rua tem Estórias / Foto: UDH

A diretora da UDH, professora Guiomar Frota, e Thaís Cristiane, na atividade ‘Essa Rua tem Histórias’ | Foto: UDH/Proex

A UDH promoveu a atividade Essa rua tem histórias. A atividade teve a participação da contadora de histórias Suzene Furtado – formada em Biblioteconomia pela UFMG – e da militante do Movimento Nacional de População de Rua Thaís Cristiane, que foi entrevistada e compartilhou sua vivência e trajetória de vida. A entrevista foi gravada e será divulgada nas redes sociais.

Gravação da contação de história de Suzene Furtado / Foto: Giulia Di Napoli

Contadora de histórias Suzene Furtado: cidadãos e sujeito de direitos | Foto: Giulia Di Napoli/Proex

A contadora de histórias compartilhou: “Vou contar uma história sobre um homem que se tornou um andarilho e contou a história da sua vida para as pessoas para que ele não se esqueça de quem ele é”.

Em seguida, Suzene convidou “cada um ali presente a narrar também sua história, para que a deixe marcada, para que não deixe sua vida passar em branco”.

A contadora aproveitou ainda para chamar a atenção para a diferença entre direitos previstos em lei e direitos alcançados pelas pessoas em situação de rua. “Às vezes, estão (direitos) ali na lei, mas no dia a dia delas não estão. Então, uma ação dessas não só torna visível para essas pessoas quais direitos elas possuem, mas também tira a invisibilidade sobre elas. Mostra que, de fato, elas são cidadãos”.

Encontro do bem

Roda de conversa - TSJ movimento de rua promovida pela PUC direitos humanos e com participação de estudantes da Polos UFMG / Foto: Giulia Di Napoli - PROEX

Roda de conversa TSJ movimento de rua, promovida pela PUC Direitos Humanos com participação do Polos UFMG | Foto: Giulia Di Napoli/Proex

O programa Polos de Cidadania participou de rodas de conversa e ofereceu orientações às pessoas em situação de rua sobre cuidados e atenção em direitos humanos e cidadania.

Coordenador do Polos e também do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua, o professor André Luiz Dias lembrou que a UFMG participa da Rua de Direitos desde 2015. “É um local de encontro de entidades que pensam o bem da população em situação de rua”, disse.

Dias frisou que o mutirão é importante para a Universidade por ser, também, um “espaço formativo do ponto de vista técnico e político”.

Saúde e conhecimentos

O projeto de extensão Saúde na Rua divulgou e compartilhou informações acerca dos atendimentos no serviços públicos de saúde e avaliou a saúde dos participantes.

Estudante integrante do projeto 'Saúde na Rua' em avaliação da saúde no mutirão Foto Giulia Di NapoliProex

Estudante integrante do projeto ‘Saúde na Rua’ em avaliação da saúde no mutirão | Foto: Giulia Di Napoli/Proex

A coordenadora do projeto e docente da Escola de enfermagem da UFMG, Giselle Lima, explicou que há uma dificuldade por parte dessa minoria de conhecer a rede de auxílio e serviços de saúde. A professora destacou que o ação foi importante para dar visibilidade a esse problema.

“A gente precisa olhar para isso; precisamos de estratégias e soluções efetivas de atendimento a essas demandas. Eu percebo que, neste evento, a gente consegue atendimento de demandas específicas para quem participa”, explicou.

Contribuição para a formação

Como integrante do projeto Saúde na Rua, o doutorando em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da UFMG Thiago Gomes Gontijo afirmou que o mutirão “foi uma oportunidade ímpar dentro da grade curricular”.

O estudante acrescentou que, “na graduação, mestrado e doutorado, há ainda um déficit de abordagem em relação a grupos vulnerabilizados e ter essa oportunidade abre muito o leque”.

Aluno do curso de História da UFMG e bolsista da Universidade dos Direitos Humanos (UDH), Rafael Batista de Oliveira destacou, por sua vez, que o evento foi propício para refletir sobre a desigualdade no país. “Eu estou analisando uma perspectiva histórica sobre quais corpos ocupam a rua. Quem está aqui hoje são, majoritariamente, pessoas negras, homens e pessoas trans. Precisamos tomar isso como perspectiva para criarmos políticas públicas”, disse.

Relatos de participantes

Participante do evento Elandio Pereira dos Santos / Foto: Giulia Di Napoli - PROEX

Participante do evento Elandio Pereira dos Santos | Foto: Giulia Di Napoli/Proex

Em situação de rua há 20 anos, Elandio Pereira dos Santos disse que evento foi proveitoso. Ele contou: “Eu queria saber por que que o pessoal não ajuda mais o morador de rua. Tem gente que olha com ‘mau olhado’, tem gente que olha com ‘bem olhado’, tem gente que ajuda, tem gente que não ajuda”.

Mateus Costa Passos elogiou o local tranquilo para descansar e saber mais sobre seus direitos. “O amor de cada um de vocês que está aqui junto ajudando a gente contribui também com essa parceria”, agradeceu.

Projeto Rua de Direitos

O projeto é uma iniciativa do Núcleo de Voluntariado do TJMG e do Comitê POP Rua/Jus.

As iniciativas voltadas para as pessoas em situação de rua atendem às recomendações da Resolução 425/2021, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que instituiu, no âmbito do Poder Judiciário, a Política Nacional Judicial de Atenção a Pessoas em Situação de Rua, visando garantir a eficácia do acesso dessa parcela da população à Justiça e aos seus direitos.

Reportagem: Giulia Di Napoli | Assessoria de Comunicação da Pró-reitoria de Extensão UFMG