O fornecimento de energia elétrica à UFMG é realizado pela Cemig Distribuição S.A., com a qual a Universidade firmou contrato após licitação por inexigibilidade, dentro do ambiente de contratação regulada – ACR.

Lembrando que a UFMG não se resume ao Campus Pampulha – abrangendo também as unidades Campus Saúde, Campus ICA e Unidades Isoladas – a conta de eletricidade é um dos maiores compromissos da instituição.

No ano de 2017, as despesas com energia elétrica totalizaram aproximadamente R$ 17,5 milhões nos diversos campi, atingindo R$ 19,3 milhões em 2018, a despeito da redução de consumo, e chegando a R$ 21,4 milhões em 2019.

Com o início das atividades remotas em março de 2020, devido à pandemia de covid-19, houve uma queda de 26,3% no gasto com energia elétrica, o que gerou uma economia de R$ 15,88 milhões no ano. Em 2021, mesmo com redução de consumo em relação ao ano anterior, houve aumento das despesas em virtude do alto custo da energia resultante da escassez hídrica que o Brasil sofreu.

Fonte: DEE/DGA/PRA

No gráfico a seguir é apresentado o consumo anual de energia elétrica da UFMG no período compreendido de 2017 a 2021. Percebe-se a forte influência do teletrabalho e do ensino à distância sobre o consumo a partir de 2020, que provocou uma queda de quase 30% no montante de energia consumida na UFMG.

Fonte: DEE/DGA/PRA

Considerando as unidades, os maiores consumidores de energia em 2019 foram, em ordem decrescente: ICEx (19%), ICB (18%), Escola de Engenharia (10%) e Faculdade de Medicina (8%); juntas estas quatro unidades respondem por cerca de 55% do consumo.

A situação pouco se alterou em 2020, as mesmas unidades com maior consumo responderam por 59% da energia consumida. Porém, houve uma alteração no consumo relativo:  ICB (21%), ICEx (20%), Faculdade de Medicina (9%) e Escola de Engenharia (9%).

Fonte: DEE/DGA/PRA, 2020

Isto aponta para a importância em se trabalhar incessantemente na eficientização energética como forma de diminuição de despesas e de uma operação sustentável da UFMG.

Ao final de 2019, foi firmado o Projeto Oásis: um Projeto de Pesquisa e Desenvolvimento Institucional que concentra as iniciativas de aprimoramento de gestão energética do Campus Pampulha. Neste sentido, ele tem como meta a implementação de novas tecnologias conjugadas com produção científica, redução de custos e sustentabilidade energética do Campus.

Em paralelo, foi criada dentro da PRA a Divisão de Eficiência Energética – DEFE. Vinculada ao Departamento de Gestão Ambiental, a DEFE tem como objetivos:

  • Elaborar um modelo de consumo de energia elétrica para a UFMG, possibilitando simular o impacto de alterações de configuração energética e padrões de consumo;
  • Elaborar e implementar mecanismos de controle de consumo;
  • Estudar e propor o emprego de fontes alternativas de energia dentro da UFMG, bem como assessorar a gestão de projetos de pesquisa correlatos;
  • Assessorar as unidades em suas ações de eficiência energética;
  • Identificar oportunidades de redução de despesas com energia elétrica;

Ademais, a criação da DEFE aponta na adequação da UFMG ao Art. 4º do Decreto nº 8.540/2015, o qual dispõe:

“Art. 4º Em relação aos contratos e às contas de energia elétrica, a administração pública federal direta, autárquica e fundacional deverá:

I – analisar a adequação da demanda contratada e do enquadramento tarifário e proceder às alterações contratuais necessárias para reduzir as despesas com energia;

II – manter controle permanente do consumo, da demanda contratada e da tarifação horo-sazonal, caso aplicável;

III – analisar, nos casos de fornecimento em baixa tensão, a viabilidade de migração para a média tensão;

IV – implementar ações com o objetivo de reduzir o consumo de energia, especialmente no horário de ponta definido pela respectiva distribuidora; e

V – reduzir o consumo de energia reativa para manter o fator de potência igual ou superior a noventa e dois centésimos.”

A escassez hídrica e o risco de desabastecimento elétrico no segundo semestre de 2021 levou à criação da Comissão Interna de Conservação de Energia, para assessorar a Administração na adoção de medidas para redução do consumo de energia elétrica. A campanha para conservação de energia foi lançada ao final do primeiro semestre de 2022 e seus resultados estão sendo monitorados pela Divisão de Eficiência Energética.

Confira algumas expectativas de ordem técnica, as quais serão acompanhadas da respectiva produção científica:

Uma das formas de se buscar a sustentabilidade energética na UFMG é através da geração própria de energia. O modelo tradicional de geração/consumo de energia segue a geração centralizada, no qual grandes fontes geradoras (ex: usinas hidrelétricas) são instaladas em locais distantes dos grandes centros.

O novo paradigma parte de fontes de menor potência instaladas junto às unidades consumidoras. Em geral, a energia provém de fontes renováveis de energia (ex: solar e eólica) ou com alta eficiência energética (ex: microturbinas CHP).

Esta mudança permite maior autonomia dos consumidores, além de reduzir as perdas na transmissão de energia e melhorar a qualidade da energia consumida. Em um nível mais avançado, a geração distribuída permite que o consumidor se desligue da rede da distribuidora de energia e opere de modo independente.

Em franca expansão na última década, a energia solar fotovoltaica tem puxado a expansão da geração distribuída, principalmente junto aos pequenos e médios consumidores. Com aumento de volume, os preços também têm ficado mais acessíveis. Considerando os custos de instalação e da energia consumida, os paybacks dificilmente ultrapassam seis anos, tornando-se um excelente investimento.

Ao final de 2021, haviam duas usinas solares em funcionamento dentro da UFMG: uma na Escola de Engenharia, vinculada ao Laboratório Tesla, e outra na Faculdade de Medicina, alimentando a Biblioteca José Baeta Viana.

O Ministério da Educação destinou ao final de 2019 às Instituições de Ensino Superior (Ifes) verbas para a instalação de energia solar fotovoltaica. O valor destinado à UFMG foi de cerca de R$ 2,5 milhões. Este recurso é utilizado na construção de três usinas fotovoltaicas nos Centro de Atividades Didáticas (CAD) no campus Pampulha com 500 kWp de potência instalada no total. Com isso, os CADs tornarão autossuficientes em energia, o excedente energético será aproveitado em outras unidades da universidade. A previsão é que estas usinas solares sejam inauguradas ao longo de 2022.

As microturbinas operando em cogeração são equipamentos que funcionam com base na queima de combustível (ex: biogás, gás natural, biomassa, óleo combustível, etc) e produzem energia elétrica e calor. Ao aproveitar também o calor gerado, a eficiência energética fica próxima de 90%. Assim, para sua utilização plena, faz-se necessária sua instalação em unidades com alta demanda térmica, seja de calor ou frio, tais como chillers ou caldeiras.

Os armazenadores de energia são peças importantes para a gestão eficiente dos recursos energéticos. Levando em conta a intermitência de algumas fontes (ex: solar), estes equipamentos permitem o funcionamento dos consumidores mesmo em períodos sem geração.

Ademais, os armazenadores também permitem maximizar o retorno dos investimentos em geração, uma vez que permite guardar a energia gerada para sua utilização no período do dia chamado “Horário de Ponta”, no qual o seu custo supera em quatro vezes aquele do restante do dia.

Ao longo dos últimos anos a regulamentação do uso destes equipamentos é discutida e espera-se que, em breve, seja concluída. Enquanto isso, encontra-se em instalação 1,5 kVA em sistemas de armazenamento de energia em baterias - SAEB’s. Estes sistemas, com previsão de entrada em 2022 no Campus Pampulha, integram o Projeto de P&D CEMIG/ANEEL/UFMG “D0722-Análise de Arranjo Técnico e Comercial baseado em uma Planta Piloto de Sistema Distribuído de Armazenamento de Energia em Alimentador Crítico da Rede de Distribuição de 13,8 kV”.

As microrredes podem ser definidas como a integração de geração distribuída, sistemas de armazenamento de energia e cargas em um sistema capaz de operar conectado à rede de energia e também, caso necessário, operar isoladamente da concessionária.

Neste sentido, a expectativa é que o sistema de energia da UFMG avance paulatinamente para o conceito de microrrede, à medida que forem implementados os recursos de geração distribuída, armazenamento e gestão da rede interna de energia.