O fornecimento de energia elétrica à UFMG é realizado pela CEMIG Distribuição S.A., com a qual a Universidade firmou contrato após licitação por inexigibilidade, dentro do ambiente de contratação regulada – ACR.
Lembrando que a UFMG não se resume ao Campus Pampulha – abrangendo também as unidades Campus Saúde, Campus ICA e Unidades Isoladas – a conta de eletricidade é um dos maiores compromissos da instituição.
No ano de 2017, as despesas com energia elétrica totalizaram aproximadamente R$ 17,5 milhões nos diversos campi, atingindo R$ 19,3 milhões em 2018, a despeito da redução de consumo, e chegando a R$ 21,4 milhões em 2019. Durante a pandemia, os montantes se reduziram, voltando a superar os valores de 2019 a partir de 2023, a despeito da redução de consumo. Isto aponta para a importância em se trabalhar incessantemente na eficientização energética como forma de diminuição de despesas e de uma operação sustentável da UFMG.
Com o início das atividades remotas em março de 2020, devido à pandemia de covid-19, houve uma queda de 26,3% no gasto com energia elétrica, o que gerou uma redução de despesas da ordem de R$16 milhões. Indentificou-se forte influência do teletrabalho e do ensino à distância sobre o consumo entre 2020 e 2022, que provocou uma queda de quase 30% no montante de energia consumida na UFMG.
Com o retorno das atividades presenciais a partir de 2023, o consumo de energia elétrica na UFMG vem aumentado e se estabilizou pouco acima de 30,5 GWh anuais, um patamar inferior ao período pré-pandemia.
Isto aponta para a importância em se trabalhar incessantemente na eficientização energética como forma de diminuição de despesas e de uma operação sustentável da UFMG.


Ao final de 2019 foi firmado o Projeto Oásis de Pesquisa e Desenvolvimento Institucional. O Projeto concentra as iniciativas de aprimoramento de gestão energética do Campus Pampulha. Neste sentido, ele tem como meta a implementação de novas tecnologias conjugadas com produção científica, redução de custos e sustentabilidade energética do Campus.
Em paralelo, foi criada dentro da PRA a Divisão de Eficiência Energética – DEFE. Vinculada ao Departamento de Gestão Ambiental, a DEFE tem como objetivos:
- Elaborar um modelo de consumo de energia elétrica para a UFMG, possibilitando simular o impacto de alterações de configuração energética e padrões de consumo;
- Elaborar e implementar mecanismos de controle de consumo;
- Estudar e propor o emprego de fontes alternativas de energia dentro da UFMG, bem como assessorar a gestão de projetos de pesquisa correlatos;
- Assessorar as unidades em suas ações de eficiência energética;
- Identificar oportunidades de redução de despesas com energia elétrica;
Ademais, a criação da DEFE aponta na adequação da UFMG ao Art. 4º do Decreto nº 8.540/2015, o qual dispõe:
“Art. 4º Em relação aos contratos e às contas de energia elétrica, a administração pública federal direta, autárquica e fundacional deverá:
I – analisar a adequação da demanda contratada e do enquadramento tarifário e proceder às alterações contratuais necessárias para reduzir as despesas com energia;
II – manter controle permanente do consumo, da demanda contratada e da tarifação horo-sazonal, caso aplicável;
III – analisar, nos casos de fornecimento em baixa tensão, a viabilidade de migração para a média tensão;
IV – implementar ações com o objetivo de reduzir o consumo de energia, especialmente no horário de ponta definido pela respectiva distribuidora; e
V – reduzir o consumo de energia reativa para manter o fator de potência igual ou superior a noventa e dois centésimos.”
A escassez hídrica e o risco de desabastecimento elétrico no segundo semestre de 2021 levou à criação da Comissão Interna de Conservação de Energia, para assessorar a Administração na adoção de medidas para redução do consumo de energia elétrica. A campanha para conservação de energia foi lançada ao final do primeiro semestre de 2022 e seus resultados estão sendo monitorados pela Divisão de Eficiência Energética.
Confira a seguir algumas expectativas e realizações de ordem técnica, as quais serão acompanhadas da respectiva produção científica.
Geração Distribuída de Energia
Uma das formas de se buscar a sustentabilidade energética na UFMG é através da geração própria de energia. O modelo tradicional de geração/consumo de energia segue a geração centralizada, no qual grandes fontes geradoras (ex: usinas hidrelétricas) são instaladas em locais distantes dos grandes centros.
O novo paradigma parte de fontes de menor potência instaladas junto às unidades consumidoras. Em geral, a energia provém de fontes renováveis de energia (ex: solar e eólica) ou com alta eficiência energética (ex: microturbinas CHP).
Esta mudança permite maior autonomia dos consumidores, além de reduzir as perdas na transmissão de energia e melhorar a qualidade da energia consumida. Em um nível mais avançado, a geração distribuída permite que o consumidor se desligue da rede da distribuidora de energia e opere de modo independente.
Energia Solar Fotovoltaica
Em franca expansão na última década, a energia solar fotovoltaica tem puxado a expansão da geração distribuída, principalmente junto aos pequenos e médios consumidores. Com aumento de volume, os preços também têm ficado mais acessíveis. Considerando os custos de instalação e da energia consumida, os paybacks dificilmente ultrapassam seis anos, tornando-se um excelente investimento.
Ao final de 2021, haviam duas usinas solares em funcionamento dentro da UFMG: uma na Escola de Engenharia, vinculada ao Laboratório Tesla, e outra na Faculdade de Medicina, alimentando a Biblioteca José Baeta Viana.
O Ministério da Educação destinou ao final de 2019 às Instituições de Ensino Superior (IFES) verbas para a instalação de energia solar fotovoltaica. O valor destinado à UFMG foi de cerca de R$ 2,5 milhões. Este montante foi utilizado para a construção de três usinas fotovoltaicas nos CADs, permitindo que eles se tornem autossuficientes em energia e, além disso, ajudem a gerar energia para outras unidades da UFMG. Foram 500 kWp de potência instalada em painéis fotovoltaicos, respondendo hoje por cerca de 1,5% da energia consumida pela UFMG.
Microturbinas operando em Cogeração
As microturbinas operando em cogeração são equipamentos que funcionam com base na queima de combustível (ex: biogás, gás natural, biomassa, óleo combustível, etc) e produzem energia elétrica e calor. Ao aproveitar também o calor gerado, a eficiência energética fica próxima de 90%. Assim, para sua utilização plena, faz-se necessária sua instalação em unidades com alta demanda térmica, seja de calor ou frio, tais como chillers ou caldeiras.
Está sendo concluída no segundo semestre de 2025 a instalação no Centro de Treinamento Esportivo – CTE de 130 kW em microturbinas de cogeração a gás natural, em substituição à caldeira a gás existente, o que permitirá a geração de energia elétrica em paralelo com o aquecimento da piscina a partir do calor gerado pela queima do gás. O excedente de energia elétrica não utilizado pelo CTE será direcionado a outras instalações da UFMG.
Armazenadores de Energia
Os armazenadores de energia são peças importantes para a gestão eficiente dos recursos energéticos. Levando em conta a intermitência de algumas fontes (ex: solar), estes equipamentos permitem o funcionamento dos consumidores mesmo em períodos sem geração.
Ademais, os armazenadores também permitem maximizar o retorno dos investimentos em geração, uma vez que permite guardar a energia gerada para sua utilização no período do dia chamado “Horário de Ponta”, no qual o seu custo supera em quatro vezes aquele do restante do dia.
Ao longo dos últimos anos a regulamentação do uso destes equipamentos vem sendo discutida e espera-se que, em breve, seja consolidada. Enquanto isso, encontra-se em instalação 1,5 kVA em sistemas de armazenamento de energia em baterias – SAEB’s. Estes sistemas, com previsão de entrada em 2022 no Campus Pampulha, integram o Projeto de P&D CEMIG/ANEEL/UFMG “D0722-Análise de Arranjo Técnico e Comercial baseado em uma Planta Piloto de Sistema Distribuído de Armazenamento de Energia em Alimentador Crítico da Rede de Distribuição de 13,8 kV”.
Está previsto, para o segundo semestre de 2025, o início da instalação de SAEB no Centro de Atividades Didáticas 3 – CAD 3. Este equipamento, em paralelo com a usina fotovoltaica local, permitirá a operação do CAD 3 ilhado, ou seja, desligado da rede da distribuidora de energia. Este arranjo permitirá um avanço significativo das pesquisas na área de minirredes de energia.
Minirredes de Energia
As minirredes podem ser definidas como a integração de geração distribuída, sistemas de armazenamento de energia e cargas em um sistema capaz de operar conectado à rede de energia e também, caso necessário, isoladamente da concessionária.
Neste sentido, a expectativa é que o sistema de energia da UFMG avance paulatinamente para o conceito de microrrede, à medida que forem implementados os recursos de geração distribuída, armazenamento e gestão da rede interna de energia, o que se espera que seja alcançado no CAD 3 ao longo do ano de 2026.
Migração ao Mercado Livre de Energia
O ambiente de contratação livre de energia – ACL permite que os consumidores contratem o fornecimento de energia elétrica diretamente com os fornecedores em contratos negociados livremente. Os estudos conduzidos pela UFMG apontam para uma economia entre 25% e 35% no custo da energia.
No segundo semestre de 2025 será contratada empresa para a migração de 20% do consumo da UFMG ao mercado livre de energia, o que permitirá uma economia global de 5% nas despesas com energia elétrica da universidade.
Gestão dos Contratos de Demanda de Energia
A UFMG detém contratos de uso do sistema da CEMIG-D, o que garante a disponibilidade de infraestrutura para o seu atendimento, o que não deve ser confundido com o fornecimento de energia elétrica propriamente dito. A DEFE tem realizado estudos e adequado os contratos de demanda buscando a redução constante dos custos operacionais com energia elétrica. Neste sentido, já foram realizados ajustes em mais de uma dezena de contratos, proporcionando uma redução de custos que superaram 1%, sem a necessidade de realização de investimentos, simplesmente com ajustes administrativos. Os estudos iniciais da DEFE apontam que as ações de adequação dos contratos de demanda para um potencial de redução de até 6% nas despesas com energia.
Participação em Chamadas Públicas de Eficiência Energética
As chamadas públicas de eficiência energética são editais promovidos pelas distribuidoras de energia que promovem o financiamento de projetos de eficientização de energia. A UFMG está, neste segundo semestre de 2025, finalizando a contratação de empresa para a instalação de usina fotovoltaica e de modernização da iluminação do Laboratório de Aquacultura, dentro de acordo firmado com a CEMIG, a qual cobrirá a maior parte dos custos da intervenção.A UFMG está participando também do Projeto Minas LED II para a substituição de iluminação pública ainda em vapor de sódio do Campus Pampulha por luminária LED, mais eficientes.
Modernização da Iluminação
A UFMG tem investido na modernização da iluminação pública da UFMG. Desde o início da década, todas as lâmpadas adquiridas são em LED. A troca tem sido realizada à medida que as lâmpadas fluorescentes vão se queimando. A lâmpada LED proporciona uma economia de até 35% frente a uma equivalente fluorescente.
Na iluminação pública, por exemplo, a troca de luminárias realizada até o momento já gerou a redução de 40% no consumo de energia com iluminação de vias do Campus Pampulha.