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Nº 1824 - Ano 39
10.6.2013

Entrevista / Roberto Nascimento

“Queremos formar massa crítica para assumir a administração da Universidade”

Com a criação, em 2012, do curso de Gestão de Instituições Federais de Educação Superior (Gifes), a UFMG deu importante passo para profissionalizar sua administração, de modo que no futuro ela possa ser exercida por servidores técnicos e administrativos, evitando que os docentes deixem suas pesquisas para ocupar postos burocráticos. “Dessa maneira não se perderia muito em continuidade nas mudanças de gestão”, argumenta o professor Roberto Nascimento, pró-reitor de Recursos Humanos, nesta entrevista ao BOLETIM.

Ana Rita Araújo

No ano passado, a Pró-RH alterou a sistemática de distribuição e alocação de recém-concursados entre as diversas unidades acadêmicas e administrativas. Poderia explicar essa mudança?

Em 2012, fizemos um concurso para assistente e auxiliar administrativos, cargos que podem ser considerados curingas, pois seus ocupantes atuam em diversos setores, e a alocação foi realizada de forma diferente: a partir de matriz que nos ofereceu o dimensionamento das necessidades de cada unidade e o quadro com que efetivamente contavam. Assim, as unidades com demanda reprimida foram atendidas primeiro e com um número maior de servidores. Outra mudança importante foi na destinação desses técnico-administrativos para as unidades. Os setores foram convidados a responder sobre o perfil que desejavam, o que ajudou no processo de indicação, em vez de alocar os servidores aleatoriamente. A partir de entrevista, foi possível saber o nível de formação e de interesse do servidor para determinados assuntos, e casar isso com o perfil que a unidade demandava.

O que mudou na recepção dos docentes?

partir de julho, os docentes que chegarem à UFMG vão passar por um processo de acolhimento nos moldes do que já é feito com os técnico-administrativos em educação. Hoje eles simplesmente vão ao Departamento de Administração de Pessoal (DAP) e assinam um termo de posse. Com a mudança, vão passar por etapas de acolhimento, nas quais receberão uma série de informações – sobre a Universidade, deveres e direitos, e sobre a atuação da Comissão Permanente de Pessoal Docente (CPPD) e da Pró-RH. A CPPD aliou-se ao GIZ para introduzir módulo de informações acadêmico-administrativas no percurso de formação dos docentes.

O número de servidores do quadro é suficiente para as atividades da UFMG?

Com relação ao corpo docente, historicamente a distribuição tem sido mais harmônica e ainda está em curso a contratação de dezenas de professores em função da adesão da UFMG ao Reuni. No caso dos técnico-administrativos todas as vagas de expansão já estão preenchidas, mas há claramente um sério problema, porque o número de servidores não atende à real necessidade da UFMG. Houve uma grande evolução no perfil de demanda, pois várias unidades ou setores cresceram, sem a correspondente expansão do quadro. Assim, há uma demanda reprimida tanto do ponto de vista numérico quanto do ponto de vista da formação, área que tem recebido grande investimento da Pró-RH. Acreditamos que em algum momento toda a administração da Universidade deveria ser profissionalizada, exercida por servidores técnicos e administrativos com formação adequada, e não necessariamente por docentes, que reduzem suas atividades de ensino, pesquisa e orientação para ocupar esses postos. Dessa maneira não se perderia muito em continuidade nas mudanças de gestão.

A qualificação na qual a Pró-RH tem investido nos últimos anos já tem esse horizonte em vista?

As demandas de cursos estão sendo trabalhadas para que haja uma uniformidade na formação das pessoas. Ao mesmo tempo, incentivamos o pessoal a continuar seus estudos, especialmente nas áreas afeitas a recursos humanos, com estímulo à formação continuada. Ainda em 2012 foi criado curso de especialização em gestão de instituições federais de ensino superior. A ideia é formar massa crítica capaz de assumir a administração da Universidade.

Que outros aspectos perpassam a rotina dos servidores e exigem a atenção da Pró-RH?

Estamos preocupados em oferecer atenção continuada. Também queremos que as pessoas desenvolvam suas atividades com maior qualidade de vida. Alguns investimentos são direcionados ao Departamento de Atenção à Saúde do Trabalhador (Dast). A intenção é que ele acolha as pessoas acidentadas ou com algum tipo de problema físico ou mental, preste os primeiros socorros e as encaminhe para outros lugares, a partir de referenciamento mais adequado. Para isso, a Universidade abriu licitação para comprar uma ambulância, e a ideia é treinar, nas unidades, pessoas para prestar primeiros socorros. Vale lembrar que o processo de envelhecimento também está em curso dentro da Universidade, daí a necessidade de pensar políticas de prevenção.

Quais políticas?

Parte fundamental delas decorre da análise do perfil epidemiológico dos servidores da UFMG detectado com base nos resultados dos exames periódicos, cuja fase de teste está prevista para o segundo semestre. Com o resultado desses exames será possível atuar em várias direções. Já fechamos acordo com operadoras de saúde que prestam assistência à saúde dos servidores da UFMG, que vão receber os resultados e, em conjunto com o Dast, fazer uma espécie de busca ativa. Além disso, temos o programa de ginástica no Centro Esportivo Universitário, e uma série de atividades estão sendo pensadas com base no perfil epidemiológico dos servidores. Adicionalmente, o Dast faz um mapa de risco da Universidade, que deve ser específico por unidade, para oferecer condições mais adequadas de trabalho.

Que funcionalidades do Sistema de Informação e Gestão de Recursos Humanos estão sendo elaboradas?

Trata-se de um sistema que permitirá ao servidor, a partir da senha MinhaUFMG, percorrer um caminho mais curto para solicitar e obter serviços e informações, como registro de férias, afastamentos e outras demandas.