Busca no site da UFMG

Nº 1826 - Ano 39
24.6.2013

Do verão ao inverno

Com propostas diferentes, festivais ampliam conexões com as localidades que os abrigam

Rafael Cerqueira*

Julho de 1967. Naquela data foi realizada a primeira edição do Festival de Inverno da UFMG. De lá para cá são 45 edições do evento que é considerado um dos maiores programas brasileiros de extensão universitária de arte e cultura, promovido por uma instituição de ensino superior.

Inspirado no Festival de Inverno, mas guardando suas próprias especificidades, nasce em fevereiro de 2007 o Festival de Verão, que em apenas sete edições se consolidou nos calendários culturais da Universidade e da cidade.

Os festivais de Verão e de Inverno da UFMG são realizados pela Diretoria de Ação Cultural (DAC), órgão vinculado à Pró-reitoria de Extensão. Enquanto o primeiro acontece na capital mineira nos dias de carnaval, o segundo continua mantendo seu caráter itinerante e já passou por cidades como Ouro Preto, Belo Horizonte, Diamantina, Tiradentes, Cataguases e Brumadinho.

A próxima edição, a 45ª, vai acontecer em Diamantina entre os dias os dias 21 e 28 de julho. “É um espaço diferenciado de experimentação cuja programação está ancorada nas áreas de Letras e Artes, fomentando a vivência da cultura em suas diversas formas de manifestação”, comenta a professora Sônia Queiroz, titular da DAC.

O evento manterá a tônica do Bem comum, adotada desde o ano passado, dividindo sua base de ação em três núcleos com foco nas manifestações culturais e artísticas afrodescendentes, indígenas e nas formas de experiência e vida no espaço urbano, explorando a relação entre o centro e a periferia.

“O Festival se aproximará ainda mais da realidade de Diamantina, com algumas mudanças sutis como a abordagem da questão da cultura indígena pela imagem, com a exibição de filmes dirigidos por cineastas indígenas”, antecipa o coordenador geral do Festival de Inverno, César Guimarães, professor do Departamento de Comunicação Social da Fafich.

Ampliar o acesso da população da cidade aos espetáculos e às diversas atividades promovidas também é preocupação da organização. “Queremos não apenas fazer um Festival efetivamente inclusivo, mas também firmá-lo em práticas de hospitalidade que permitam a interação dos convidados (mestres das culturas afro-brasileiras e indígenas, artistas de vários domínios, pesquisadores, agentes de Pontos de Cultura)”, ressalta a diretora.

Para a professora Sônia Queiroz, a edição de 2012 alterou concepção do evento. “Houve uma substituição do modelo de ‘oficinas’, que reproduziam o ambiente de salas de aula, e foi proposto o conceito de ‘casas’ temáticas que funcionam como espaços de encontro, acolhimento e troca de conhecimentos entre mestres das culturas populares e especialistas acadêmicos”, ressalta.

A Casa da Memória e a Casa dos Cantos e da Escuta possibilitaram a experimentação de diferentes formas de ver o mundo através de danças, cantos e narrativas, sendo conduzidas por mestres de culturas indígenas e afrodescendentes. A Casa da Cidade abordou problemas sociais de Diamantina, como a ausência de espaços de interação na periferia, a poluição do Rio Grande e o transporte público.

Já a Casa do Corpo promoveu grupos de trabalho ligados às danças de matriz africana, enquanto a das Imagens, além de conduzir o registro visual das atividades das outras casas, promoveu exibições de filmes em diferentes lugares da cidade. Por fim, na Casa da Palavra, os jovens tiveram a oportunidade de manifestar suas reivindicações e demandas em atividades de criação produzidas em mídias eletrônicas como blogs, programas de rádio e vídeos.

Outras informações sobre o evento estão no site Festival de Inverno ou nas redes sociais: Facebook e Twitter.

Para além do carnaval

O Festival de Verão, que em anos anteriores vinha sendo realizado na Escola de Arquitetura e no campus Pampulha, transferiu seu QG para o Centro Cultural UFMG, o que permitiu maior integração física com o circuito de carnaval de BH, mais próximo da Praça da Estação. Com o tema Vadiar é preciso, o resto é improviso, as atividades do Festival de Verão em 2013 buscaram sublinhar também o que se entende como “resto”. Foram oferecidas 301 vagas para as oficinas e 11 atividades culturais.

Para a coordenadora do Festival de Verão, Lúcia Castelo Branco, o Festival já é um evento com laços que se estendem para além do período de Carnaval. “Nosso esforço é continuar a avançar e inseri-lo ainda mais no cotidiano da instituição, além de ampliar a integração das diversas áreas do saber da UFMG”, explica a professora da Fale.

Mais informações na página Cultura UFMG.

*Bolsista de Jornalismo da Assessoria de Comunicação da Pró-reitoria de Extensão